Boneca de pano.

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Naquele dia eles praticaram football. Augusto e seus amigos eram os melhores. Ganharam a disputa em um piscar de olhos. Depois do jogo, foram para o vestuário,tomar banho e se arrumar para a aula seguinte. Augusto ainda estava no chuveiro quando ouviu Antônio chamá-lo.

Ele apenas assobiou,dando a entender que estava ouvindo.

- sabe aquela loirinha?

Augusto tirou rapidamente a cabeça do box do banheiro,ainda com shampoo escorrendo pelo rosto.

- quem, Luísa?

- pois é.- respondeu Antônio.

Augusto voltou a tomar chuveirada, dessa vez mais atento às palavras do amigo.

- o que tem ela?- perguntou ele, tentando disfarçar o profundo interesse.

Antônio sorriu de satisfação ao perceber a ansiedade que tinha causado no amigo. Ele então pigarreou,pronto para dá um banho de água fria naquela ansiedade.

- bom... a amiga dela, Clara, quer falar com você.

Théo, que estava ao lado de Antônio acompanhando toda a história, não se conteve na risada.

- fala sério,cara. Que maldade.

Antônio também caiu na gargalhada, divertido.

-Que isso, ele já sabe que a loirinha é intocável. Agora... Que a Clara quer falar com ele, isso é certo.

Augusto nada falou,apenas permaneceu dentro do box, até terminar de banhar e sair de lá com a cintura enrolada em uma toalha.

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Em frente aos armários da escola,ela esperava por ele. Com tranças nos cabelos e com fitas vermelhas amarradas a elas, ela perecia mais uma boneca de pano. Ao se aproximar, Augusto percebeu que ela tinha um envelope em mãos.

Ao olhar para ele,Clara intimamente se perguntou o porquê de tê-lo ignorado quando ele apareceu em sua casa. Ela estava chateado,sim. Mas aquilo também não era motivo para tê-lo despachado.

A atitude dela poderia tê-lo afastado para sempre. E todo o esforço que ela tinha feito para se aproximar dele teria sido em vão.

Mas... Talvez... Com aquilo que ela estava prestes a dizer a ele tudo seria diferente...sim! Talvez ela pudesse costurar a fina amizade que estava nascendo entre ele mas que ela, descuidadosamente rompeu.

- oi.- ela falou. Aqueles olhos pretos a encararam.

Dos cabelos pretos dele ainda escorriam gotículas de água.
E o cheiro suave de shampoo emanava dele. Como Clara queria sentir aquele cheiro constantemente.


-oi.- disse ele,deixando transparecer um pequeno sorriso terno.

Ela o estendeu o envelope.

- é um convite. Eu acho que algo está por trás da sua não expulsão.

- o quê?

Ele sentiu um frio na espinha.

- o que está dizendo?

Clara decidiu falar tudo rápido para que não corresse o risco de perder a coragem.

- não achou estranho não levar nem mesmo uma suspensão?

Se ele havia achado estranho? Claro que havia! Achou estranho desde o dia em que o tio o disse: "claro que não, garoto".

O tio raramente o chamava de garoto.  Só de bambino.

- sim, é claro...mas como você pode saber de algo?- perguntou ele,passando as mãos pelos cabelos. Algo que ele costumava fazer quando estava nervoso.

- nós estamos tentando descobrir. Vá a festa na minha casa e lá contaremos o descobrimos.

- nós? Quem é "nós"?- indagou ele,agitado com todas aquelas informações.

- eu,Mariana e Luísa.

Luísa?

Talvez ele não tenha escutado os nomes das demais pois somente o nome de Luísa ficou marcado na mente dele. Ela estava tentando ajudá-lo? Logo ele que havia invadido a casa dela e feito o que fez?

- por que ela vai me ajudar?

Clara absorveu a pergunta dele. Aquela era a hora para costurar a amizade. Com um sorriso nos lábios e as bochechas coradas,ela ousou dizer:

- porque eu pedi à ela...Sabe por quê ?
Porque eu me importo com você. Apesar daquele dia eu...

- Augusto!-

Era verdade que Augusto ficou meio entorpecido com as palavras dela. Mas ele deu graças quando ouviu Marcos o chamar.

- Paula disse que aceita o seu convite e que vai ficar te esperando.- Marcos terminou a frase com um sorrisinho no rosto. Mas depois se auto reprimiu quando viu a cara de Clara.

- ops!

Augusto suspirou cansado.

- olha, eu vou a sua festa sim. Obrigado. Mas espero que isso não mude nada...- disse ele se referindo a recente revelação de que ele estava com outra garota.

Clara tentou se manter firme.

- não,imagine. Faço isso por nossa amizade. Vá a festa e tentaremos te ajudar.

Dito isto,Clara partiu. Dando passos pesados e rápidos. Fazendo de tudo para esconder as lágrimas que insistiam em cair.

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Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora