Mabele.

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Os cabelos negros dela voavam ao vento. Os pés do cavalo se movimentavam agilmente. Um verdadeiro alazão. O preferido dela. Parecia que de nada ambos tinham medo. De nada. Quando a cigana viu seu amado se aproximando,ela apeou as rédeas de seu cavalo e desceu dele. Edgar mal podia acreditar que sua cigana estava novamente ali, andando em sua direção,no meio do campo verdejante,indo encontrá-lo. Sua cigana, sua cigana de olhos verdes,sua Mabele. Ele estava quase perto dela,suas mãos estavam a um instante de tocá-la... Mas um som muito alto ecoou do céu. E assim os amantes não puderam se aproximar.
- fuja Mabele,fuja!- gritou o soldado, desesperado.
Mas a cigana  não obdeceu. Ao invés disso o incarou com olhos tristes e murmurou o nome dele.
- Edgar...
Ele queria que ela fugisse, queria que ela corresse. Não. Ela não podia ficar com ele. Não podia si quer  ficar perto dele. Isso iria arruiná-la. E consequentemente, destruí-lo. Mais um estrondo. Os pássaros voaram, ameaçados. Edgar moveu os pés  na direção de dela. Iria protegê-la. Custasse o que custar. Mas mais um estrondo explodiu. E quando Edgar olhou para a direção onde Mabele estava, ela já não estava lá. O coração dele se comprimiu de dor. Aflito, ele gritou por ela. Se aproximando do penhasco onde aquele campo terminava.
- Mabeeeeele!!!-
O céu se escureceu,os estrondos na verdade anunciavam tempestade. Mais um trovão explodiu no céu e logo depois a chuva desceu. Então Edgar não estava mais no campo verdejante mas sim em um campo de lama. Atolado nela.
- ele a matou, Edgar. Ele a a matou.-disse uma voz feminina,chorosa.
Edgar teve um súbito de raiva e loucura.
- quem? Quem a matou?!-bradou para o nada.
- ele...
Ao ouvir o nome do suposto assassino Edgar teve um lapso de ódio. A mente dele foi tomada pela sede de vingança.
- maldiiiitooooo!!- berrou ele,atolado na lama, enquanto a chuva escorria pelo seu rosto e enxarcava a sua farda.
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Ele acordou subitamente,suado e com o coração acelerado. Quando se deu conta de que tudo era um sonho, suspirou,tendo um pouco de raiva de si por ter caído na angústia daquele pesadelo. Já não fazia anos que ela tinha partido? Ele já não devia ter  parado de ter aqueles pesadelos?
Levantou da cama e chegou perto da janela. Abriu as cortinas e deixou a luz  entrar. O sol já estava nascendo.
A hora de encontrar o diretor de Augusto estava se aproximando. Ele detestou a irresponsabilidade do rapaz. Mas o perdoou quando olhou a aflição nos olhos dele. Augusto era jovem, era normal que cometesse erros.  Por isso, ele tinha relevado. Falaria com o diretor. Tudo ficaria bem. Só não podia deixar que o rapaz fosse expulso pois estava prestes a fazer uma grande entrega de bebidas. Entrega que renderia muito dinheiro e com aquele dinheiro se libertaria da dependência do irmão mais velho.
Deu mais um suspiro quando a imagem de Mabele veio a sua mente.
- Mabele...- se permitiu ele murmurar.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora