Depois do adeus

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Ela colocou o primeiro pé para fora do carro. Os empregados logo vieram receber os patrões. Mama a esperava na entrada, com lágrimas nos cantos dos olhos.

- Oh, minha puella!*

 A menina logo correu para os braços de sua Mama.

Ainda com a menina enroscada em seu pescoço, Mama anunciou ao seu patrão:

- senhor, os novos empregados já estão aqui. A que horas devo apresentá-los?

Margarida, que ainda descia do carro, interveio:

- novos empregados? por quais motivos?

Antes que Mama respondesse, o sr. Pedro estendeu a mão para ela.

- venha, vou te explicar.

Margarida olhou para o esposo como quem diz" por que eu não sei de nada disso?" mas ao invés de falar algo, estendeu a mão e o seguiu.

***

- cortes? querem fazer cortes nas despesas e por isso contratam mais empregados?- questionou Luísa.

Mama, pacientemente, sentou-se ao lado de sua menina e começou a pentear-lhe os cabelos.

" Ele demitiu os empregados mais caros e contratou outros que cobravam mais barato pelos serviços" foi a explicação.

Mediante ao fato, Luísa sentiu um aperto no coração. Olhou para as unhas, depois para o próprio colo.

- isso quer dizer que estamos ficando pobres?

Ela ouviu o som da pequena risada de Mama.

- claro que não, menina. Mas deves saber que o incêndio ao caminhão do seu pai causou prejuízo e estes são os resultados: cortes ou diminuição de alguns custos.

 Luísa não pôde evitar  o remorso . Aquilo tinha acontecido por causa dos atos de Augusto. E a culpa de ter estado com ele, de gostar dele apesar disso, a estava martirizando.

- entendi, Mama- disse a menina por fim, logo após se aproximar da janela e contemplar a paisagem exterior.

A velha senhora notou a expressão de tristeza da menina, mas preferiu não interrogá-la. Mas cedo ou mais tarde saberia o que estava acontecendo com a criança. Assim, sendo, Mama beijou o topo da cabeça de Luísa e saiu do quarto.

Ainda vendo a paisagem Luísa nem se deu conta de que lágrimas estavam caiando. Ela então percebeu que na verdade o que estava fazendo ao olhar pela janela era deixar sua mente flutuar à noite em que Augusto apareceu ali. Aquela hora, ele devia estar a caminho de sua missão, enfiado em uma das viaturas com outros soldados. Mas que ódio ela sentia por se importar. Se ela pudesse apagar da memória os acontecimentos do verão, ela o faria.

As mãos dela chegaram ao pescoço, tateando o cordão pendurado nele. O cordão que Augusto lhe dera. Ela então o tirou do pescoço e o guardou em uma gaveta, onde também estava a jaqueta dele. Antes de fechar a gaveta, seu olhar pousou por alguns instantes sobre eles, mas então, tomada por uma súbita raiva, engavetou aqueles pertences.

***

O banho tomado pareceu lavar os últimos acontecimentos e aborrecimentos da pele de Luísa. Augusto devia estar longe, bem longe naquele momento. Ela poderia esquecê-lo sem nenhuma dúvida. Ela escolheu um vestido leve, de cor azul. Peteou os cabelos e colocou um laço azul. Assim, desceu as escadas e na intenção de ir à casa de Clara. Seus passos não encontraram com os novos empregados, seu pai logo estaria apresentando a casa a eles. Ela procuraria conhecê-los em outro momento. Mas se por acaso o fizesse naquele momento, teria uma surpresa.

Quando escolhemos amar(Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora