Quando escolhemos amar(Concluído)

Sangue nos lábios.

Era uma noite de sábado. Uma música romântica tocava no rádio enquanto Luísa penteava os loiros cabelos na frente do espelho.

" Se eu não me importo com você
Por quê não te esqueço?
Se você não significa nada para mim
Por quê, todas as vezes que fecho os olhos, eu te vejo?"

Ela cantava para si.

E enquanto isso a mente dele vagava até Augusto...

Pelas contas dela, faltavam apenas três dias para que ele retornasse. Mas o boato na escola era de que ele não voltaria. Afinal, quem serviria o quartel apenas por duas semanas?

No entanto, Clara já a havia assegurado que Marcos e os amigos, caso Augusto não voltasse no dia acordado, o tirariam de lá.

Sim! Iriam atrás dele e o trariam para casa.

Os pensamentos dela foram interrompidos pelas batidas na porta. Era Mama.

- oh, está linda!- exclamou com lágrimas nos olhos.

A menina sorriu.

***

Ambas desceram para a festa de Margarida. Naquele ano, por causa dos acontecimentos na fábrica do Sr. Pedro, a festa estava bem mais simples e seletiva.

Mas mesmo assim, o luxo da decoração anunciava que a festa era de uma das esposas mais ricas da região.

No entanto, para Margarida, aquilo era só uma forma de demonstrar para a sociedade que ela estava bem. Embora não estivesse se sentindo assim a muito tempo.

O marido, com um terno sofisticado e um sorriso satisfeito no rosto, viu a belíssima esposa descer as majestosas escadas, rumo ao salão da festa.

Ele reparou que o sorriso que ela exibia no rosto não era verdadeiro. E ele se odiou por isso. A esposa devia ainda estar ressentida com a discussão dos dois.

Entretanto, na mente dele, ele se justificava alegando que só a deixava fora dos negócios dele para evitar aborrecimento à ela. Tendo em vista que ela já tinha muitos.

- você está linda- ele disse em alto e bom tom, para que todos os convidados pudessem ouvir, enquanto a segurava a mão.

Ela apenas acenou com a cabeça e o sorriso forçado ficou mais forte.

- parabéns.- Margarida ouviu Luísa dizer. Sem nenhum entusiasmo, Margarida agradeceu.

Depois o casal se posicionou no meio do salão e começou a dançar a valsa.

Frustada por perceber que a madrasta a apenas "suportava" ela agradeceu quando viu Mariana e Clara chegarem na festa.

Não demorou muito para que as meninas fugissem dali.

***

Quando ela o viu, se desvencilhou das amigas e correu até ele. Ele a segurou pela cintura e a abraçou amavelmente.

Mariana, ao lado da amiga Luísa, balançou a cabeça e sorriu para ela.

- quem diria que esses dois ficariam juntos, não é mesmo?

Luísa sorriu, complacente.

- é mesmo...

Elas se aproximaram do casal, que abraçados, as esperavam. Com um sorriso de ponta a ponta Marcos as comprimentou.

Assim, eles seguiram para a roda de amigos, que estavam em volta da fogueira, em frente da casa do rapaz. A mãe dele estava completando mais um ano de vida.

Mariana e Luísa analisaram o ambiente. Estava claro que as pessoas ali não usufruíram de riquezas, mas as conversas animadas, o som da gaita, do acordeon e do violino velho que os homens tocavam enquanto lançavam olhares gentios para as crianças, as fez perceber que todos estavam felizes.