Deveria ter um limite diário para vergonha

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Eu não posso ter uma oportunidade de ver vergonha que eu já quero, aquela né....
Resumo do dia: Vergonha alheia.
Começou com o livro que Guilherme e eu estávamos lendo o primeiro tempo todinho. No livro a autora contava a história de como foi  ter sido diagnosticada com vírus HIV, todo o drama de uma vida com AIDS aos de 16 anos. Até a página em que li gostei muito da história. Mas passei uma vergonha legal. Parecia fanfic. O que foi mais estranho era eu tá lendo uma cena hot com meu melhor amigo que não é "quei". Aliás, essa foi a segunda vergonha do dia. Do ano até. Geralmente sou eu quem passo vergonha alheia, hoje foram meus amigos. Eles que lutem.
Depois da prova em dupla de matemática que fiz com Leandra saímos e fomos andar pela escola. Chegamos na metade no corredor e voltamos, andamos pelo pátio, na metade do pátio encontramos Guilherme, então seguimos para o corredor de novo. Tinha algumas pessoas tirando foto, não queria atrapar, mas Leandra e Guilherme continuaram, como estava sem meus dois rabos supremos, os segui. No meio das pessoas que estavam tirando fotos, estava o Alessandro. Como não tive que fazer, chamei Guilherme para apresentar pra ele. Guilherme vive reclamando que não conhece ele e os caralho todo. Aí eu apresentei e saiu, mais ou menos, essa bosta:
- Gui, esse é o Alessandro, e, Alessandro esse é o Guilherme, meu melhor amigo que não é gay.
É o que? Mano eu sou muito retardada. De onde eu tirei isso?
Guilherme, Alessandro e Leandra começaram a rir. Merda.

De tanto ficar andando pela escola, resolvemos ficar na porta do auditório. Onde, de acordo com Havana Leandra, eu reformulei o conceito de bipolaridade.
- Sei , tia. Tipo eu queria muito gostar dele, e agora que eu gosto eu não quero mais, entende?
- Não - Ela responde
- Eu quero, mas não quero. Não quero e quero ao mesmo tempo. Tambem não entendi nada.
- Mano.
- Bora pra sala - eu sugiro
- ain não, quero ficar aqui - Diz Guilherme
- eu também - Apoia Leandra - Mas, bora na biblioteca.
- Se tiver aberta, tia.
- Eu peço da diretora.
Caminhamos até a biblioteca, que estava fechada. Fomos tecnicamente obrigados à voltar para entrada do auditório. Na volta Nayme nos chama, paramos para esperá-la. Contamos o ocorrido sobre "meu melhor amigo que não é gay". Ela óbvio, começou a rir da minha idotice e falta de criatividade também. O.k. o que importa são as histórias que eu tere para contar às outras pessoas, daqui alguns anos. Nayme contou sobre o final de semana, conversamos sobre Letícia, leitiça. E então o sino para 3° tempo tocou.

No fim da aula de português, era o intervalo. Por incrível que pareça, eu quis sair. No caso eu tive que insistir para saírem comigo, normalmente é o contrário.
-Bora encher a Scott? -Pergunto a João
- Encher a Scott? -Diz Leandra - Conta outra, vai
- É sério man
- Até parece, Jubiscreusa -Completa Guilherme, também pegando sua garrafa, e com um sorrisinho diz: - admite logo que tu quer ver o morcego.
- Cadê o respeito, Guilherme? -Me defendo já saindo da sala - Morcego não gosta da claridade. Nem eu, sendo a vampira que sou não deveria esta aqui.
Saímos nós três, porém do nada Leandra some. Guilherme e eu continuamos.
- Tem muita gente aqui fora, por isso que eu não gosto daqui
- Mas é intervalo, por isso tem muito gente aqui, Jubisceusa.
- Mas não era -olho para meu lado esquerdo e então noto que Leandra ainda não tinha voltado - Ei, cadê a Leandra?
- Lembra daquele menino? -Pergunta Guilherme ignorando minha pergunta sobre Leandra. -Aquele ali
O tal menino passou pela gente, mas não consegui identificar o garoto.
- , mas o que tem ele? -Pergunto
- Nada. -Responde Guilherme - Cadê a Havana?
- Eu acabei de pergunta isso, Guilherme. -Digo olhando ao redor para ver se a encontro. -Gente.
- Que foi? -Ele pergunta olhando na mesma direção que eu. Nada, João Guilherme.
- O Alessandro -Respondo rindo
- Que? -Ele pergunta pois além de tapado é lerdo e olhou para a janela errada. - Onde?
- O Alessandro ta ali, na janela...
- Ah, pronto. -Ele disse me puxando para o bebedouro -Agora vai dizer que o menino tava ali na janela pra ti ver.
- Garoto, não me ideia. -Digo rindo.
- Para de rir, sua retardada. -Ele diz enchendo a Scott - Saudades de quando tu não tava gostando de ninguém.
- Eu também
- Também o que?
- tenho saudades de quando não gostava de ninguém
- Oie gente. -Diz Leandra quando chega.
- Onde tu tava? - Pergunto ainda rindo -Leandra, o Alessandro tava ali na janelaaaaa
- Ele tava pra ver ela. -Diz Guilherme
- É ele que ta dizendo. -Digo rindo, e ela olha pro chão rindo também.
- . Mas esse Alessandro, como ele é?
- Tu viu ele, tia. -Respondo olhando para janela, ele já não estava mais lá. Caso Guilherme não tivesse visto, diria que era coisa da minha cabeça.
- não é bonito. -Responde Guilherme.
- ah, João. -Entrego Scott a ele enquanto vamos até o corredor -Nenhum menino que eu goste é bonito pra ti. Mas ele é muito gente boa, e eu não gosto dele por beleza, é porque ele é, aaaah nem eu sei. -Concluo derrotada.
- Quais são as médias de nota dele? -Pergunta Leandra, ele é virginiano, e se mostra ser bem estudioso, então acredito que seja boas.
- Não sei. Nunca perguntei, mas ele parece ser bem esforçado. -Respondo
- aceite se for de nove pra cima.

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