Feeling Bad By Being Fat

Fuga

"Metaforicamente, eu me sentia da mesma forma, como se todo o meu ser tivesse sido consumido por uma pequena chama, agradavelmente morna, suava e linda.

Nesses momentos que me sinto mais feliz por ninguém conseguir ler meus pensamentos. Isso consegue ser ainda mais constrangedor que todo o resto.

Me estiquei para pegar meu celular, que estava jogado na grama alguns centimentros pra cima de minha cabeça, e coferi a hora.
Sentei em um pulo, surpreso de mais para me arrepender no momento, mas vou me arrepender depois."

[Keith]

E agora eu me arrependo, deitado nessa cama grande e fofa, dentro deste quarto sem graça. O que eu não daria por ficar só mais cinco minutos deitado com ele, conversando sobre qualquer coisa ....

Eu não to sentindo o propósito das coisas que faço. Estou claramente voando perto de mais do sol, distante de tudo e perto dele, sem pensar muito no momento em que vou cair.
E eu vou cair de tão alto.

Como as pessoas vivem dessa forma? No que será que ele está pensando? Droga! Eu me sinto tão inutil. Deitado, atoa, sem descansar, sem me entreter, sem dormir, simplesmente não fazendo nada além de pensar e pensar. Parece que to sempre passando por um mesmo ciclo, e eu fico revivendo isso de novo e de novo, e a culpa é exclusivamente minha.

Me viro e reviro em minha cama procurando algum conforto que me leve ao sono. Mas isso só me serve de passa-tempo, ao que, ainda sem ter alcançado o meu objetivo, testemunho os primeiros raios de sol entrando pela janela.

-Merda...-murmuro me levantado

Mesmo o que não é minha culpa ainda é uma merda. Mesmo quando o dia longo e horrível atende as minhas preses e acaba, me vejo preso em uma noite curta e horrível que só me leva de novo a outro dia. E tudo repete.
Existe um fim? A morte é se quer verdade?

Tomo banho tentando enxaguar o mal humor de mim como faço com o shampoo em meu cabelo. Outra tentativa falha.

"Não termine com o Lance!" minha consciência murmura - e soa exatamente como a Pidge, por algum motivo que desconheço- mas eu nem estava pensando nisso ainda, ou estava?

Ele é a primeira coisa que vejo quando chego na escola- e uau, como o caminho pareceu tão curto enquanto eu pensava nele. Eu realmente não deveria terminar com ele. Já foi ridículo eu terminar uma vez sem termos nada oficial, uma segunda seria absurdamente pior.

Mas ainda não seria melhor do que simplesmente deixar isso correr por dias, semanas, meses, talvez até anos, para voltar pro mesmo ponto de término, separação, divórcio?

-Geez Kogane, você ta com uma aparência horrível.

-Obrigada Lance, essa é definitivamente a primeira coisa que eu queria ouvir de manhã. -reviro os olhos com o comentário desnecessário

-Dizer que você é lindo seria apenas constatar o óbvio...- ele diz passando as pontas do meu cabelo caidas no meu ombro pra trás, e apoiando as mãos em meus ombros- mas você está mais pálido que o normal, com olheras fundas, e parecendo mal humorado. Passou a noite em claro pensando em mim?

-Se eu dizer que sim você me deixa em paz?

-Não. Mas se você me der um beijo eu te acompanho até a sua sala.

-Parece tentador...- finjo analisar a proposta enquanto bolo um plano diferente em minha mente- E se, em vez disso, você me acompanhasse pra matar aula, e a gente pasasse o resto desse tempo todo se beijando?

Comprimi meus labios em uma linha esperando sua resposta. Observei sua cara mudar discretamente da expressão de espanto, e talvez um pouco de decepção, para uma expressão pensativa, ao mesmo tempo séria e curiosa.

-Está bem.- ele disse por fim, me fazendo arregalar os olhos em surpresa, sorrindo.

Pego uma de suas mãos e saio o puxando pelo caminho de volta pra casa. Perfeito! Absolutamente perfeito! O que poderia ser melhor do que matar aula com a pessoa que teoricamente deveria te fazer não matar aula? Nada! Se ele está aqui comigo então não tem ninguém pra reclamar que eu não estou lá.

-Para onde estamos indo?

-Pra minha casa! A essa hora Shiro já saiu pra faculdade e meus pais pro trabalho, então tem zero riscos de alguém descobrir a gente.

-Uau, você já pensou em tudo.

-Bem, sim... você sabe...-continuamos andando enquanto Lance me olha esperando que eu diga algo mais, e eu me sinto meio sem graça, sem saber o que devo dizer e o que devo esconder- Certeza que você também deve ter um plano de fuga ou dois.

-Claro, todo mundo tem. - ele da de ombros casualmente - Então, quais os seus?

-Oii?

Me adianto em destrancar o portão e entrar na casa, deixando a chave pra trás pra ele trancar, tentando evitar a conversa. Mas ele leva menos de um minuto para se sentar ao meu lado no sofá com um sorriso travesso.

-Quais são seus planos de fuga?- ele pergunta de novo, olhando pra mim com a cara descarada de quem não vai desistir tão fácil- Anda, me conta! Quero saber todos! Com todos os detalhes.

-É mesmo com isso que você quer desperdiçar as nossas próximas horas juntos e sozinhos na minha casa?

- Com certeza!

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