24 de fevereiro de 2003, às 21:15pm
A tempestade continuava sem parar naquela noite. Tudo estava mergulhado no caos e nas trevas. Havia um homem, parado em frente a janela, estava imóvel, encarando o tempo, pensando em algo relacionado a seu passado sombrio. Estava tão absorto em pensamentos que não ouviu o ruído surgindo no andar de cima, tomando intensidade a cada avanço. O apartamento no centro da cidade, que abrigava apenas ele, tinha agora uma companhia misteriosa, uma mulher (o que não era nada raro, a exceção desta), que descia as escadas de mármore vulcânico.
Por um tempo, ele a examinou: olhos tão negros como carvão, e cabelos que desciam em uma cachoeira rumo ao abismo. Estava linda. Na verdade, sempre foi linda. Tinha um sorriso branco sobre o rosto fino, oposto ao desespero que a preenchia uma hora atrás quando batera em sua porta toda molhada e sangrando.
— Tem certeza que está certo da escolha que fez? —perguntou ela, inundando o lugar com uma voz cheia de luxúria. Essa era a palavra perfeita para defini-la.
O homem a encarou, seus olhos diziam muito mais do que ele jamais diria.
— Infelizmente, sim — disparou, voltando seu olhar para a janela —Eu posso eliminar minhas dúvidas sobre sua lealdade, não é? Posso confiar em você —a voz saiu acusatória, como se ele realmente não precisasse da pergunta para saber a resposta. Não, ela não era uma mulher confiável, e até mesmo ele, não sabia se ela um dia seria. Mas ali estavam os dois, no mesmo barquinho de papel, jogando água aos baldinhos para não afundarem na imensidão do oceano negro. Que irônico.
— Porque não poderia? — a mulher sorriu, mas pode-se perceber o desdém em sua voz sedutora. Ela também sabia a resposta. Sabia que ambos não eram confiáveis, mas que esses mesmos ambos, naquele exato momento, só tinham um ao outro para continuar vivos. E ela ainda não queria morrer.
"Que belo destino", pensou.
Ele, por sua vez, estava farto de joguinhos, e de coisas estúpidas que não levavam a caminho algum senão a total perda de tempo. E ele não perderia mais nenhum segundo de sua ampulheta vital se dependesse dele.
— Estou falando sério! São as nossas vidas que estão em jogo aqui.
— Não seja chato, é apenas de um humano desprezível que estamos falando.
— Se assim o fosse, eu não estaria tão interessado nele, nem mesmo... sabemos quem.
A mulher revirou os olhos com a simples menção de algo que pareceu "alguém". Mas quem era "sabemos quem"? E, o que ele tinha com aquela história confusa afinal?
Satrina se sentou, estava vestida de negro, com um vestido decotado em v e não usava sapatos. Seus pés pisavam no chão de madeira da casa com suavidade. Ela era tudo que muitas mulheres queriam ser: era linda, com seu rosto pequeno, olhos grandes de um negro brilhante; cílios espessos e sobrancelhas feitas e arqueadas. Tinha o nariz côncavo e sua base era levantada. Os lábios sempre cheios, agora não tinham mais a marca do vermelho que tinha quando ela surgiu na porta do, podemos dizer "amigo". Ela de fato não representava perigo em sua feminilidade. Era pequena, não de altura, tinha seus 1,80, com pernas grandes, mas sim em representação. Era magra e sua pele era como leite, talvez por isso apresentasse ser frágil, uma coisa que ela não era. Era oposta a isso, era forte e feroz. Qualquer um que a encarasse saberia disso, havia algo em seus olhos, uma chama avassaladora de fúria mortal. Era como avistar um tigre e saber que sua morte havia chegado. Era o destino dos perdidos e rebeldes, era a mãe de todos.
— O que quer que eu faça? —ela o encarava com intensidade.
— Por enquanto não há muito o que se fazer, primeiramente temos que encontrar tal criatura. E assim que a encontrarmos, mandarei alguém para ficar de olho enquanto eu estiver ocupado com "o outro problema".
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A Espada de Lilith (Livro 1)
FantasyOs olhos da fera a encararam com curiosidade. Ela dormia envolta por cobertores leves, parecia ter um gosto tão bom, ele quase podia sentir o gosto do sangue dela escorrendo pelo chão, manchando as paredes de escuro. O que sentiria ao cortar sua pel...