A vida eterna?

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O velho ancião Esdras deixou que o abraço acabasse para poder se proclamar.

— Fico feliz por todos estarem bem, e vivos. — ele sorriu. — Annybethy, leve nossos hóspedes para o vilarejo. Amanhã, começaremos um treinamento sério e constante. Vamos treinar vocês. Ajudá-los nessa batalha entre o bem e o mal.

Annybethy se levantou num salto.

— Venham comigo pessoal, suas coisas já foram guardadas. Vocês vão adorar. — a druida saiu, e o resto das pessoas a seguiu.

Antes que a última mulher pudesse sair, o druida a impediu com um toque de mão suave.

— Senhorita Worth.

— Senhor? — perguntou ela com olhos brilhantes.

— Reparei que está usando um feitiço de aparência.

— Não consigo reverter — suspirou ela tristemente. Havia acontecido algo durante todos os seus anos naquele hospital.

— Talvez eu consiga ajudá-la, se quiser. Pode ir à minha cabana depois que se instalar, Annybethy pode lhe auxiliar, ela é minha filha.

— É uma honra fazer isso por uma simples elfa como eu.

— Você é especial Mulder. Conheci sua mãe, tem sangue digno demais correndo por suas veias. Trouxe a escolhida a Maia, morreu por ela. Certamente será a pessoa que vai levá-la de volta.

O ancião se despediu da jovem e deixou que ela seguisse o grupo. Em meio a imensa floresta se construíam apenas cabanas rústicas, enfileiradas graciosamente numa clareira.

— É lindo não é? — a menina perguntou, balançava seus cabelos cor de rosa ao fazer isso.

— É espetacular! — soltou o profeta ao olhar como as cabanas se projetavam uma ao lado da outra. Inúmeras delas.

A garota sorriu.

— Coloquei vocês nas primeiras cabanas, é mais perto da caverna e é lindo quando o sol nasce. Espero que gostem, bom vamos ver... — a menina caminhou. — Elliot e Mulder na número 1; Maya e Peter na 3; Lilith e Jonathan na 2 e Helena na 4. Espero que goste de livros, tem uma biblioteca enorme, são livros que acabamos de achar, escrituras sagradas. Tudo bem por vocês — Maya conseguiu ver os olhos de Helena brilharem com aquela afirmação.

A celta sorriu.

— Não há mais cabanas?

— Porque a pergunta?

— O anjo e eu não nos damos muito bem — advertiu a bruxa.

— Se quiser podemos trocar — Peter advertiu.

— Você se esforça em mentir Abbadon, mas raramente consegue.

— Desculpe-me senhor, se a minha mentira não cola com um Arcanjo da verdade, prometo melhorar — zombou o demônio.

— Estamos indo para o fim do mundo, deveriam estar juntos. Eu não me importo a não ser, é claro, que o nobre anjinho se oponha.

— Não sei se eles vão aguentar uma noite vivos — Maya advertiu para o demônio.

Peter suspirou em simultâneo.

— Dividir uma cabana com ela? — questionou o celestial, apontando para a vampira.

— Qual é Anjinho, eu não vou matar você — Lilith riu. — Ah não ser que tenha medo, aí entendemos.

Jonathan respirou fundo.

— Do que exatamente eu teria medo, Meliá?

Todos encararam a mulher. Maya perguntou se aquele seria mais um dos seus muitos nomes estranhos.

Lilith sorriu.

— Eu não sei, e só uma casa, não é? Pode ficar tranquilo, eu não mordo.

— Eu duvido — anunciou o ruivo. — mas aceito o desafio.

— Okay... — a druida tomou o controle da situação — Está tudo bem para vocês?

— Claro. — todos eles disseram em uníssono. Estavam exaustos e adorariam uma cama.

Maya caminhou até a terceira cabana e abriu a porta. Era uma cabana bonita e rústica. As paredes e o chão eram de uma madeira clara, tendo uma porta no meio e duas janelas ao seu lado. No primeiro andar havia um cômodo amplo, que servia de sala e cozinha. A direita ficava o sofá verde abaixo das prateleiras de livros, e a esquerda uma cozinha simples e a porta do banheiro. Uma escada reta de madeira levava ao que supostamente era o quarto, a garota subiu as escadas. Uma janela bem no centro, e duas camas sem cabeceiras estavam separadas por um pequeno bidê e um abajur.

Maya sentiu o cheiro das vigas, lá em cima elas se escureciam bastante. O tapete confortável a fez deitar no chão e encarar o teto. Era maravilhoso como as pessoas viviam tão bem com coisas tão simples enquanto outras morriam tentando enriquecer para conseguir coisas que nunca chegariam a ter. Maya riu, a vida era irônica, de fato. Não demorou muito para que o demônio também deitasse ao seu lado no chão confortável.

— É maravilhosa não é?

— É perfeita.

— Queria que estivéssemos tirando férias. Passar um tempo nesse lugar maravilhoso, beber, respirar um pouco, é estranho pensar que vamos para o fim do mundo?

— Estranho é pensar que estamos tirando férias. — ela riu — Eu pensei que hoje iria ver todos vocês morrendo de novo, mas não foi pior que isso. Eu não senti nada, como se um vazio devastador me sugasse para dentro de um buraco negro. — Peter a apertou em seus braços.

— Eu vi você morrer... — ele revelou, a escolhida não olhou para ele, não conseguiria — muitas e muitas vezes. Meu teste principal era não deixar que meus sentimentos explodissem se algo acontecesse com você, era para controlá-los.

— E você conseguiu? — agora, olhos jade observavam o garoto.

— Não... E suponho que nunca vá conseguir.

— Mas saiu de lá

— Eu morri Kinsley, não conseguiria viver um dia sequer da minha miserável vida eterna sem ter você ao meu lado. Por favor, não diga que viveu uma vida maravilhosa comigo, eu não aguento mais essa frase.

Maya sentou, antes de abraçá-lo, queria tirar toda sua dor.

— Eu sinto muito.

— Tudo bem. Isso não vai acontecer. Eu vou proteger você.

Era disso que ela tinha medo, ele facilmente arriscaria a vida para salvá-la, e isso não era certo. Não mesmo. Maya tentou não pensar. Aquilo tudo fez seu cérebro doer. Ela deu um beijo protetor no topo da cabeça do demônio e jurou que nunca, nunca mesmo, iria deixar ele arriscar a vida para salvá-la.

A Espada de Lilith (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora