O presente

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— Vou levar Helena, querem vir conosco? — perguntou o jovem de cabelos castanhos.

O anjo sorriu.

— Tenho minha própria condução — afirmou ele antes de se fazer em mil átomos de luz.

— Eu vou voltar...

— Não. Eu encontro você em 10 minutos.

Peter lhe deu um beijo protetor na cabeça antes de se desfazer em fumaça. Maya caminhou até a saída da mansão. Ver todos aqueles mundanos apavorados fez seu coração doer.

— Vou ajudar vocês — disparou ela olhando para o céu, conseguiu fazer neve na primeira vez, conseguiria agora também?

A menina olhou para o céu, nada disse, estava absorta em pensamentos ruins. Não era do seu feitio, mas às vezes ela mesma lhe permitia isso. Um sussurro escapou de sua boca, antes de pingos de água surgirem. Maya se ocultou, antes de começar a caminhar. A chuva cuidaria da memória deles. Ela não gostava nem um pouco de fazer aquilo, sentindo horrível, mas...

— É o certo a se fazer. — ela disparou, passando pela multidão. A menina começou a levitar, estando alto no céu quando ouviu um grito, mais especificamente um nome. O seu nome.

Seus olhos correram pela multidão, mas ela não achou a pessoa que havia chamado-a. Claramente não havia sido atingido pela chuva, ou... Maya balançou a cabeça, desejou não acreditar naquilo. Talvez fosse um arcano. Improvável!

A escolhida virou a cabeça e voou até a casa de Helena, sua mente assumiu outros pensamentos. Alguém era imune ao seu feitiço de memória? E quem poderia ser? Maya sentia que era uma voz que ela já ouvira, mas não conseguia se lembrar.

— Três minutos adiantada, está melhorando em levitação.

Maya deixou seus pés tocarem a terra. O vestido vinho inundando de poeira.

— Mundanos podem ser imunes ao feitiço de memória? — questionou ela olhando para ele.

— É claro que não — ele riu, mas percebeu que a jovem à sua frente estava séria — Quem?

— Eu não sei, ouvi apenas meu nome. Estava oculta depois de lançar o feitiço e mesmo assim... Como isso é possível?

— Suponho que não é. Mundanos não tem esse dom, por acaso não pode ter sido coisa da sua cabeça? Você não gostaria de ter ouvido alguém chamar por você?

Maya respirou fundo, estava pensativa agora. Era mesmo uma voz chamando seu nome? Ou seu subconsciente queria que fosse?

— Acredito que pode. — sussurrou a menina antes de entrar em casa, seus pés subiram as escadas e ela fechou a porta ao entrar. — Ou será que não? — disse, naquele ambiente que daqui a algumas horas ela se despediria por completo.

Com um gesto, Maya abriu o zíper do vestido e o tirou. Caminhou até o guarda-roupa e abriu a porta. Um pacote preto descansava com suas roupas; ela o abriu.

A primeira coisa que descansava na sacola, era uma fita vermelha, na verdade, era mais que isso. A escolhida se espantou ao pegá-la, era pesada demais. O peso era leve para uma espada, mas muito pesado para uma fita. Maya a deixou de lado e tirou outro tecido: um top preto de couro. Suas mangas eram curtas e a gola média. Outro tecido. Não era de couro, mas um material muito mais confortável. Era uma saia. Na perna direita um elástico unia uma parte da saia à outra; em cima e embaixo do elástico, era possível ver a pele. Guardaria bem uma adaga, disparou sua boca antes dela sorrir. Por último, a jovem abriu uma caixa de sapatos, e para sua surpresa uma bota de cano médio, feita de couro se apresentava para ela.

A Espada de Lilith (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora