O passado

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05 de maio.

Quando a jovem já estava farta de ver mortes, uma luz forte a cegou, uma voz a chamou e ela conseguiu sair da escuridão, sair de sua mente, que mais parecia um verdadeiro cemitério de lembranças e sentimentos que ela queria esquecer. Maya sentiu um puxão em seu corpo todo. Uma corda de aço que pareceu rodear seu coração a puxou para fora do abismo sem fim e a fez voltar. A casca do anticristo abriu os olhos rapidamente e seu corpo foi levado para frente em um choque de adrenalina.

— Nunca mais faça isso com ela — Peter disparou com os olhos cheios de fúria, antes de segurar a cabeça da menina — Kinsley? Kinsley consegue me ouvir?

Maya encarou-o. Seu pensamento ainda continha aquela pergunta que ela tinha medo. Isso é real? A menina tossiu.

— Sinto muito — sussurrou ela quase sem forças depois de alguns segundos.

— Está ardendo em febre, venha, vamos subir. Chame Helena —disparou ele para a primeira mulher.

— Abaddon eu...

— Não diga nada, Satrina. Eu não quero perder a paciência com você. Vamos conversar quando estivermos todos calmos — revelou o demônio, chegando na escadaria. Maya sentiu como se seu intestino delgado estivesse vivo e se debatendo dentro dela.

O anjo caído a deitou na cama.

— Helena deve vir a qualquer momento, eu vou buscá-la.

— Não — protestou a jovem segurando levemente seu braço. Peter entrelaçou seus dedos aos dela. — Não me deixe sozinha com ele.

Lágrimas silenciosas começaram a cair quando a jovem terminou de dizer aquilo. Por mais que quisesse parecer forte, ela não conseguia. Morte era só o que via para o futuro, só isso que a reservava. E ela tinha medo, tinha pavor do futuro.

— Serak — ela sussurrou para ele antes mesmo de saber o que era. Peter arregalou os olhos e a encarou, aos poucos os olhos de Maya foram se fechando — Serak... Não me diga o que significa... Ele está me vigiando — sussurrando aquilo, adormeceu.

O demônio a deixou, antes de usar o teletransporte e aparecer no escritório de Helena, no hospital. Antes que a médica pudesse dizer algo, Peter segurou em seu braço e a teletransportou.

— Maldição! — gritou Helena

— Precisa salvá-la — gesticulou Peter apontando para a jovem — Satrina foi examiná-la e ela está ardendo em febre, não sei o que aconteceu, precisa ajudar.

Helena prendeu o cabelo em um coque alto e tirou o jaleco branco. Virara médica de bruxos agora? Passado alguns minutos ela sentou na cadeira.

— É apenas uma febre. Só isso, ela vai ficar bem.

— Tem certeza?

A mulher de cabelos loiros puxou o garoto para o lado.

— Não é nada de mais.

Peter a encarou, tentando desvendar seu olhar da mulher. Era mesmo uma coisa nada de mais?

...

— Febre normal, uau? Qual foi a última vez que isso aconteceu? — perguntou Maya sentada, horas depois.

— Quando tinha três, quatro anos. — Helena suspirou antes de colocar sua mão em cima da mão da menina. — Como se sente?

Maya revirou os olhos e respirou fundo.

— Estou bem.

— O que aconteceu lá dentro, my lady? — Peter perguntou, andando de um lado para o outro.

A Espada de Lilith (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora