O trio

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07 de maio ás 21h00min.

— Eu vou até lá — disparou a menina já na porta.

— Consegue ir sozinho, anjo? — perguntou Muriel.

— Vejo você lá

Depois que o jovem respondeu, o galanteador demônio segurou a menina e o teletransporte foi usado mais uma vez. Em meio a muitas luzes, Maya examinou a casa rústica. Era difícil ver alguma construção em Allenksville que fosse moderna, a não ser talvez alguns poucos apartamentos que estavam em construção e o hospital que se erguia em branco. Fora estas exceções, o resto era como Maya costumava chamar de "vintage" e Carly de "velho e ultrapassado". Mas ela se orgulhava da mansão do século XIX que tinha, com colunas brancas enormes, cheia de vidro. Era uma casa enorme, cheia de cômodos, facilmente alguém acabaria perdido em um dos quartos de visita ou nos aposentos mais proibidos da casa. Ela era grande e o pátio ao redor também. Sempre verde, com algumas árvores alaranjadas que lembravam o outono em qualquer época do ano. Ela ficava subindo o morro, alta sobre a cidade, e a vista de lá, era exuberante. Maya foi convidada uma vez a ver os fogos de artifício, foi uma das visões mais lindas. Agora, seus olhos encaravam a fachada, o gramado, o caminho de pedras, a fonte dos desejos. Tudo era perfeito, mesmo assim, Carly jamais se lembraria que ela existia, e que ali tiveram momentos tão especiais. Maya se lembrava deles com exatidão, uma lágrima escorreu de sua face. Peter a limpou com o polegar antes de dar um beijo no topo de sua cabeça e sussurrar.

— Podemos resolver sozinhos, você não precisa fazer isso, my lady.

— Eu quero — advertiu ela encarando-o. — Se tiver a remota chance de ela se machucar por minha causa, não né perdoaria nunca.

— Tudo bem — advertiu ele antes de examiná-la. — Por mais que eu aprecie muito as suas vestes, acredito que não se encaixam ao padrão desta festa.

— Então nos oculte — pediu a jovem.

—E qual seria a graça de ir a uma festa que ninguém nos veja? — ele sorriu. — Vamos fazer melhor do que isso, vamos nos infiltrar — destacou o menino murmurando baixo. Quando a garota percebeu, ele usava um terno bordô e um par de oxford vinho. Os olhos da jovem desviaram para suas roupas. Subindo como uma escadaria rumo ao céu, um vestido vinho se desenhava em seu corpo. Tinha mangas longas e gola fechada. Maya sentiu o colar de invocação embaixo do tecido, tocando a pele.

— Você está encantadora, minha cara. Eu me apaixono por você todos os dias. — o demônio elogiou.

Maya riu.

— Se um dia formos casar...

— Mas é claro que vamos — Peter a interrompeu.

Ela voltou a rir.

— Adoraria ver você com essa cor.

— Então eu estarei lá em cima com esta cor. Embora aprecie muito ver você com esta, acredito que apreciaria mais ainda se estivesse de branco.

— Eu serei a de branco então — ela sorriu, antes de beijá-lo.

Antes de começar a caminhar, a garota prendeu o cabelo ruivo com a fita.

— Está cheirando a emboscada. Odeio dizer isso, mas acho melhor voltarmos.

— Não, ele está aqui. — a menina sussurrou — Corium — uma palavra bem pequena para um feitiço daquele. Instantaneamente o olhar de ambos mudou. E em volta de cada humano naquela festa, um brilho azulado existia. — Mais 10 minutos, se não acharmos ninguém, podemos ir.

— Okay — disparou o demônio insatisfeito. — Acho melhor encontrarmos o anjo.

— Lembra de quando você e a Carly acenderam a lareira?

A Espada de Lilith (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora