A devastação

10 2 0
                                    

— Sei que o peito de vocês se pesa com essa notícia, mas já passaram milênios e a hora do mistério está chegando ao fim, assim como foi revelado a João.

— Senhor, humildemente —começou Gabriel antes de ajoelhar — Peço que espere um pouco mais. Nosso reino está em paz, é uma notícia inesperada, não estamos preparados.

— Você está Gabriel. Só não quer, eu sei. Meu coração também se parte, mas assim como vocês vivem no paraíso, os mortais também devem ter esta oportunidade, pois são meus filhos também, não são?

— Sim, senhor — todos eles disseram em uma única voz.

— Uriel, meu filho, quero que desça a Haled.

— À terra, senhor?

— Eu vou meu pai — ofereceu Miguel, quando viu a expressão no rosto do irmão.

— Não Miguel, para você eu tenho outros planos. Uriel, meu filho, quero que desça novamente à terra e vigie uma mortal, além de proteger os humanos dela.

— Uma mortal? — todos eles fizeram novamente uma única voz.

— Porque um Arcanjo precisaria protegê-la, senhor? — questionou Rafael — Ela é algum perigo?

— Quem é essa mortal? — disparou Gabriel, já cheio de perguntas.

— Acalmem-se meus filhos. Essa mortal ainda não nasceu, mas nascerá, eu vou dar o sopro da vida a esta criança e ela será de fato, muito importante.

Todos os arcanjos paralisaram. Há milênios Deus não dava o sopro da vida.

— O sopro da vida — suspirou Miguel. Significava que essa garota não deveria existir, ou deveria? Deus próprio a criaria. Isso era uma façanha que talvez a mortal nunca merecesse.

— Meus filhos. Ela é muito importante, é uma mortal especial. Nela colocarei o anticristo. Terá poderes que jamais alguém teve, mas também, suas dores serão terríveis e incalculáveis perante a olhos humanos. Ela será filha de uma feiticeira e de um mago.

— Mas senhor? Por que fará isso? — desta vez quem o questionou fora Miguel.

— Meu filho. Eu sou Javé, sou onipresente, onisciente e onipotente. Sou o criador de todas as coisas, o alfa e o ômega, o início de tudo e o fim dos tempos. Assim como mandei meu querido filho para salvar o pecado do mundo, mando agora esta garota para que uma última vez, seja provada a misericórdia do Criador para com os humanos.

— Mas senhor... — insistiu o Príncipe.

— Miguel. — o nome apenas bastou para que o anjo respirasse fundo e colocasse sua cabeça no lugar.

— Eu sinto muito, vossa santidade.

— Não fiquem preocupados, tudo seguirá como foi escrito um dia por Asherah e repassado por Metatron — o criador olhou para o anjo que também estava sentado, uma dádiva dada a quase ninguém. — A segunda volta do meu filho, será em breve, e o anticristo será morto.

— "Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho". — Peter repetiu em voz alta, sabia que ele não poderia ouvi-lo. — "E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já agora está no mundo". "Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo".

— Fala da mortal senhor? — perguntou Uriel, face ardente como o fogo.

— Foram essas as palavras que disse a João, não foi? A "mortal" como você a chama, não merecia esse destino pai. — suspirou Peter — Sinto muito pelo que fiz, sinto tanto que meu peito já não cabe tanto arrependimento. Você a criou com um propósito e não acredito que seja este.

A Espada de Lilith (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora