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__ Vocês estão namorando?.- Nina perguntou incrédula e eu assenti sem conseguir parar de sorrir que nem uma demente.

Um mês passou desde o dia da festa da Dulce Maria, e quando Robert estacionou o carro enfrente a minha casa naquela madrugada fria, eu achei que nunca mais fôssemos voltar a nos ver apesar de estudarmos na mesma sala. Mas, dois dias depois ele ligou me convidando para ir ao cinema alegando que estava com saudades minhas, e eu aceitei porque não tinha motivos para recusar. E sem perceber, nós começamos a passar praticamente todo tempo juntos. Ele me pegava em casa para me levar ao colégio, no intervalo sentávamos juntos, saíamos todos os finais de semana, conversávamos durante horas pelo Whatsapp ou chamada normal, e quando percebi estávamos no carro dele trocando o nosso primeiro beijo, que também era o meu primeiro beijo, porque sim, eu nunca tinha enfiado a minha língua na boca de ninguém. Sempre fui muito nojenta, e podem ter a certeza que antes de beijá-lo fiz questão de perguntar se ele tinha escovado os dentes de manhã. Depois do primeiro beijo veio o segundo, o terceiro, o quarto, o quinto, e em uma certa noite quando saíamos do cinema, depois de comermos ele me pediu em namoro na frente de um milhão e meio de pessoas. E eu seria louca se não gritasse sim, mil vezes sim.

__ Sabe àquelas borboletas no estômago?.- Perguntei boba e Nina maneou a cabeça positivamente.- Estou sentindo agora mesmo.- Me joguei na cama e ela fez o mesmo.

__ Nossa, não imaginei que vocês fossem chegar a tanto.- Murmurou surpresa e deitei de bruços para observar as expressões dela.- Quer dizer, você era tão travada.

__ E continuo sendo.- Respondi sorrindo fraco.- Mas, digamos que ele soube descobrir o melhor de mim.- Concluí apaixonada. Logo ela me abraçou como a boa amiga que era, e me desejou os parabéns.

Minutos depois, o meu irmão gritou da sala nos apressando se não chegaríamos atrasadas ao colégio. Era o nosso último ano naquele inferno, e eu estava louca para entrar na faculdade e cursar literatura. Quando chegamos ao colégio, Nina correu para os braços de Ian, e eu andei em direcção à sala na companhia da minha mochila e dos meus livros, que nunca me trocavam por homem nenhum. Sentei no meu lugar, e peguei o meu computador para concluir o capítulo que comecei a escrever ontem, até um ser humano cheiroso, e que por acaso era meu namorado sentar do meu lado com àquele sorriso que me deixava nas nuvens.

__ Bom dia, pequena.- Robert cumprimentou tirando as mãos das costas revelando uma rosa vermelha.- Uma flor, para outra flor.- Murmurou galanteador e me roubou um selinho demorado.

__ Obrigada.- Agradeci boba e prendi a rosa solitária no meu cabelo.

__ O que você vai fazer depois da escola?.- Ele perguntou enquanto contornava as maçãs do meu rosto com os dedos.

__ Prometi ajudar a minha mãe com a faxina da casa.- Respondi sem animação nenhuma. Sexta-feira, era o dia que os nossos empregados ficavam de folga, então, a limpeza da casa ficava por nossa conta.- Porquê?

__ Queria que fôssemos lá para casa ver um filme.- Respondeu tranquilo. Suspirei desgostosa, e não acreditei que estava recusando o convite do meu namorado para esfregar as paredes do banheiro.- Mas, podemos marcar para a próxima.- Disse carinhoso e eu assenti. Conversamos mais um pouco sobre coisas bobas, até a professora entrar na sala. Robert despediu-se de mim com outro selinho, e foi sentar ao lado de Ian.

__ Vocês fazem um casal lindo, amiga.- Nina murmurou feliz, tão logo sentou do meu lado. Eu apenas sorri fraco e prestei atenção no que a professora falava. Durante todo período de aula, não consegui tirar da minha cabeça o facto de que se quisesse, estaria curtindo àquela tarde de sexta-feira com Robert e não com um par de luvas e pano de chão.- No que você tanto pensa?.- Ela perguntou logo que o sinal para o intervalo tocou.

Destino? TalvezOnde histórias criam vida. Descubra agora