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"Mas confesso que a mim nada disso me encanta. Prefiro infinitamente um livro".

...

Era possível ouvir o barulho da música mesmo a alguns quilômetros de distância de onde estava parada com o carro. Olhei atentamente a rua pouco iluminada e percebi que não era a única a chegar duas horas depois do horário estipulado no convite, tendo em conta o facto de que algumas pessoas estacionavam os seus carros atrás do meu, para logo começarem a dirigir-se até a casa.

Retirei a minha bolsa que estava largada no banco de trás e optei por acompanhar os passos dos outros convidados para não parecer uma louca dentro de um carro. Assim que os meus pés tocaram delicadamente o degrau que separava o portão de madeira da calçada, uma onda estranha de calor atingiu-me de tal maneira que me deu vontade de sair correndo sem olhar para trás ou ao menos respirar. Mas antes que pensasse sequer em colocar em prática os meus mirabolantes planos, uma cabeleira loira surgiu do nada e com toda sua alegria rodeou o meu corpo em um abraço apertado o suficiente para estalar os meus ossos da coluna.

__ Achei que você fosse furar comigo de novo!.- A mulher exclamou sem deixar de sorrir e segurou o meu rosto com as duas mãos.- Os anos só têm lhe feito muito bem.- Observou deliciada e então riu sem nenhum motivo.

__ São os seus olhos, minha querida.- Respondi sorrindo fraco e ela apenas deu de ombros.- E bom, esse é o momento em que lhe desejo feliz aniversário e muitos anos de vida, Lexie?.- Perguntei verdadeiramente confusa.

__ Meu Deus, como você é sem graça!.- Lexie resmungou divertida e no minuto seguinte estava me arrastando para dentro do quintal.- Vem, vamos entrar. A Nina já chegou com o Ian.- Ela foi obrigada a gritar porque a música estava realmente alta. E diferente do que a minha mente preguiçosa e pouco sociável em participar em ambientes festivos pensava, apenas poucas pessoas circulavam tranquilas pelo jardim. Não era aquela coisa que um tinha que esbarrar no outro para chegar a um determinado lugar.

A primeira coisa que os meus olhos enxergaram foi a mesa que estava bem do nosso lado direito. Nela estavam sentados os pais da Lexie, Ruth e Armando, que eu conhecia já a um bom tempo, os pais do Mark que os vi unicamente no casamento deles e mais duas senhoras. Desejei rapidamente um boa noite que foi retribuído com muitos sorrisos e abraços calorosos. Coisas que eu apretendi a detestar. Logo fui encaminhada para a mesa onde se encontravam Nina sentada ao lado de Ian, e Christian que sorria carinhoso para a esposa. Os quatro conversavam animados enquanto comiam e bebiam. E apenas Christian e Lauren levantaram para me cumprimentar já que eu havia falado com o outro casal algumas horas antes.

E para ser sincera, foi uma péssima ideia sentar naquela mesa porque eles conversavam sobre um assunto que de jeito nenhum queria participar. Eu não era exatamente o tipo de pessoa que gostava de fazer planos sobre o futuro ou falar sobre relacionamentos. Desde muito nova, eu nunca gostei de ambientes agitados, e com o passar do tempo isso pareceu piorar gradativamente, tanto que eu preferia ficar sozinha sem sentir a obrigação de abrir a boca para para fazer parte de um determinado ciclo social. Resolvi ir procurar alguma coisa com álcool para beber antes que o meu cérebro me obrigasse a ir embora, e durante a minha pequena trajectória até ao bar fui interpelada por Mark que trocou poucas palavras comigo e por Sofia que cumprimentou-me com dois beijos na bochecha.

__ É você mesmo!.- A voz que soou surpresa atrás de mim era tão ridiculamente familiar que os poucos pelos pelos do meu braço arrepiaram-se e a taça contendo champanhe que segurava, quase foi para ao chão.- Olá, escritora famosa!

__ Rose?.- Os meus olhos arregalaram-se e a garota ao meu lado sorriu divertida.- O que está fazendo aqui?.- Perguntei pasma e observei-a sentar do meu lado.

Destino? TalvezOnde histórias criam vida. Descubra agora