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"Mamã"

Estava terminando de fazer o meu último trabalho do dia, quando ouvi a voz da minha bebê, que já não era tão bebê assim chamando por mim. Ergui a cabeça a tempo de ver Mia descendo as escadas agarrada ao seu ursinho de pelúcia. Mesmo com exactos três anos, quase quatro, minha princesa não dormia e não fazia absolutamente nada se não estivesse na companhia do Renato.

__ Sim meu amor!.- Respondi sem conseguir deixar de sorrir para ela que movimentava a cabeça de um lado para o outro exibindo as suas marias-chiquinhas.

__ O Renato está dodói.- Contou erguendo o urso na minha direção, e consegui ver um pequeno corte no braço esquerdo.- Tem que levar para o hospital!

__ Você esqueceu que a mamãe é expert em cuidar dos ursinhos?.- Perguntei num sussurro e Mia cobriu a boca com a mão como se tivesse cometido o pior erro do mundo.

__ Desculpa mamis, esqueci.- Pediu com os olhos arregalados e então depositou um beijo na minha testa como pedido de desculpas.- Pode cuidar dele?

__ Só se você prometer não dormir muito tarde, que tal?.- Respondi sugestiva e ela rapidamente assentiu com a cabeça.- Ótimo, vamos lá no seu quarto então.

A minha rotina não havia mudado quase nada nesse meio tempo. Eu passava parte do meu dia na faculdade enquanto Mia aproveitava as horas na creche. No período da tarde seguia para a loja onde algum tempo depois fui promovida para gerente, e só chegava em casa já no início da noite completamente exausta. Facto que me obrigava a pedir apenas uma pizza para jantar, já que a minha filha na maioria das vezes não gostava de comer de noite. Eu e a Mia havíamos nos tornado melhores amiga literalmente, e ela só perdia áquele posto para a Nina que fazia ciúmes até de uma criança que tinha medo do escuro.

__ Mamã, vamos ver o vovô hoje?.- Mia perguntou sem desviar os olhos do seu ursinho. Estávamos ambas sentadas na cama dela enquanto eu cozia o braço do Renato com todo cuidado para não machucá-lo ainda mais, palavras dela.- Ele disse que tem um presente para mim.- Contou entusiasmada. Meu pai vivia mimando a neta e todas as vezes que os visitávamos, ele fazia questão de entregar um presente.

__ Primeiro a mamãe precisa terminar de arrumar a casa e depois vamos.- Disse, e entreguei o urso à ela que pulou animada.

Assim que chegamos na casa dos meus pais, que não havia mudado quase nada com o passar do tempo, Mia correu para o colo do avô que encheu o rostinho dela de beijos carinhosos, e entregou o presente que era uma boneca de pano cor de rosa.

__ Bem vinda meu amor.- Mamãe desejou antes de depositar um beijo carinhoso em minha bochecha.- E você minha princesinha, como está?

__ Bem vovó Mari.- Mia respondeu sem muito interesse já que estava com a bola toda para brincar com a boneca.

Como sempre acontecia, eu e a dona Marishelo cuidamos do almoço e deixamos os dois assistirem o filme do Rei leão, que a minha filha simplesmente adorava.

__ Coloca mais dois pratos na mesa Annie, o seu irmão vem com a noiva.- Ela falou enquanto mexia na panela com uma colher de pau. Mane comprou uma cobertura em Manhattan assim que terminou a faculdade, e também resolveu ficar noivo da namorada. Eu particularmente achei desnecessária àquela decisão de casar tão rápido já que ainda tinham muito pela frente. Mas, a família da Bárbara era bem tradicional e não aceitavam que a filha deles namorasse tanto tempo de graça.- E como está o seu casamento?

__ Ah, normal.- Respondi dando de ombros e ela riu incrédula. O que eu poderia dizer afinal? Que o meu marido continuava com a mesma rotina de sair todos os dias, dormir com todas, beber de tudo, se drogar e infernizar a minha vida sempre que a oportunidade surgisse? Eu estava cansada demais para me importar com o jeito com o que Robert resolveu estragar a própria vida.

Destino? TalvezOnde histórias criam vida. Descubra agora