Lágrimas

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Cena 1
Viaturas da polícia, corpo de bombeiros e ambulâncias começam chegar ao local do acidente para socorrer as vítimas.
Com o grande impacto, a aeronave fica toda destruída, e aos poucos os corpos começam a serem retirados dos destroços.
Nesse momento, um helicóptero pousa no local.
BOMBEIRO(após retirar Lucas)- Um dos pilotos ainda está vivo.
BOMBEIRO 2(por rádio)- Ele precisa ser levado imediatamente para o hospital. Vamos coloca-lo no helicóptero.
Assim eles fazem, e Lucas mais quatro sobreviventes são levados para o hospital.
Cena 2
Hospital Samaritano Barra.
Minutos depois, o helicóptero pousa, e as vítimas são levadas por enfermeiros e médicos para a sala de cirurgia as pressas.
Cena 3
Em seu bar, Cremilda está terminando de atender um cliente.
CREMILDA- Sua coxinha e seu caldo de cana.
CLIENTE- Obrigado.
Cremilda regressa ao balcão quando então Diva adentra muito tensa.
DIVA- Amiga Cremilda...
CREMILDA- Oi amiga Diva. Veio pegar aquele bolo de coco de sempre?
DIVA(tensa)- Eu tenho uma coisa pra te falar.
CREMILDA- Qual o babado da vez?
DIVA(sem jeito)- Eu não sei por onde começar. (pausa) Aí minha amiga...
CREMILDA- Fala logo! Que coisa tão ruim foi essa que aconteceu pra você ficar assim?
DIVA(entrega-lhe o celular com a notícia do acidente)- Da uma olhada aqui.
CREMILDA(pega o celular e olha a notícia)- Um acidente de avião?
DIVA(contendo as lágrimas)- O Lucas...
CREMILDA(em choque)- Não. Meu filho não. (em planto) Meu filho não.
Completamente abalada emocionalmente, Cremilda cai no chão aos planto. De imediato, Diva procura conforta-la.
CREMILDA(continua)- Fala que é mentira. Fala que é mentira Diva.
DIVA- Calma Cremilda. O Lucas não morreu. Ele foi um dos cinco sobreviventes...
CREMILDA- Eu quero o meu filho. Me leva pra vê o meu filho Diva.
DIVA- Calma. (para os clientes) Alguém pega um copo de água pra ela.
De imediato, uma jovem vai até o balcão pegar o copo de água.
CREMILDA- Eu senti Diva. Eu senti que alguma coisa ia acontecer com o meu filho. Eu senti...
DIVA- Calma minha amiga. Ele está vivo.
Cena 4
Sheila levanta-se da cama e insiste:
SHEILA- Eu quero me casar com você Rafael. Eu quero construir uma família com você.
RAFAEL(tenso)- Sheila, eu não estou preparado para me casar agora. Eu tenho outros objetivos de vida.
SHEILA- Eu sabia. Eu nunca tive nesses seus objetivos de vida. Você nunca me amou!
RAFAEL- Não fala assim. Eu gosto de você...
SHEILA- Você não gosta de mim Rafael. (pausa) Você me usou esse tempo todo...
RAFAEL- Não.
SHEILA- Eu não sou um brinquedo pra você ficar se divertido. Se não quer casar, está tudo acabado.
RAFAEL(pega em seu braço)- Sheila.
SHEILA(se afasta)- Chega Rafael! Está tudo acabado entre a gente. Boa sorte nesses seus outros objetivos de vida. Eu pensei que fossemos um casal, mas pelo visto sempre foi eu sozinha. Adeus!
Sheila se veste, e se retira deixando Rafael em silêncio.
Cena 5
Acompanhada de sua amiga Diva, Cremilda está chegando no hospital. Nervosa, ela vai direto até a recepção.
CREMILDA- Eu quero vê o meu filho. Cadê o meu filho?
RECEPCIONISTA- Calma senhora. De quem a senhora está falando?
DIVA- Do piloto do avião que caiu...
RECEPCIONISTA- Calma. A senhora está muito nervosa. Eu vou levar a senhora até uma sala pra senhora tomar um calmante...
CREMILDA- Eu não quero calmante! Eu quero o meu filho.
Cena 6
Anoitece.
Já na sala de espera, Cremilda está ajoelhada aos pés da imagem de Nossa Senhora Aparecida intercedendo por seu filho.
CREMILDA- Nossa Senhora Aparecida, cuida do meu filho. Não tira ele de mim. (pausa) Faz meu filho melhorar minha santa. Eu não vou aguentar perder o meu filho.
Nesse momento, Diva adentra com um copo de chá.
DIVA- Toma esse chá minha amiga. Ele vai te fazer bem.
CREMILDA- Eu não quero nada Diva! Eu só quero o meu filho.
DIVA- Você não pode ficar sem se alimentar...
CREMILDA- Eu não quero nada Diva. (pausa) Você não imagina a dor que estou sentindo aqui dentro de mim. É uma dor impiedosa. Uma dor que está me rasgando por dentro.
DIVA- Eu sei minha amiga.
CREMILDA- Um filho é parte da gente.
Emocionada, Diva a abraça.
Cena 7
Em seu apartamento, Rafael está saindo do banho, quando então a campainha toca. Assim,  ele veste uma roupa e segue atender. Todavia, ao abrir a mesma acaba dando de cara com sua mãe muito séria.
ALZIRA- Que história é essa que você terminou com a Sheila.
RAFAEL(tenso)- Entre.
Alzira entra e Rafael fecha a porta.
ALZIRA- O que que está acontecendo com você Rafael?
RAFAEL- Eu não terminei com a Sheila mãe. Foi ela quem terminou comigo.
ALZIRA- Por que será?
RAFAEL- Eu não vou me casar agora mãe. Eu tenho outros planos pra mim...
ALZIRA- Como você tem coragem de fazer isso com a Sheila? Uma moça tão bonita, tão gente boa. Uma mulher resolvida, independente. Uma esposa que todos desejam.
RAFAEL- Eu já tomei a minha decisão mãe. Casar a força eu não caso.
ALZIRA- Você não está bem Rafael! Essa sua profissão tá lhe deixando doente da cabeça...
RAFAEL(segue até a porta e abre-a)- Se a senhora veio aqui brigar comigo, é melhor ir embora. Eu já tomei a minha decisão. Eu estou cheio de trabalho pra fazer...
ALZIRA- Está expulsando sua própria mãe da sua casa?
RAFAEL- Sem drama mãe. Eu estou com a cabeça explodindo e quero ficar sozinho.
ALZIRA- Agora você me magoou muito.
Alzira se retira.
Cena 8
As horas se passam, e Cremilda continua na sala  de espera acompanhada de sua amiga Diva aguardando notícias de Lucas.
Não demora muito, finalmente o doutor adentra na sala tenso.
CREMILDA(levanta-se e aproxima-se ansiosa)- Doutor, como está o meu filho?
DIVA(questiona tensa)- Ele está vivo?
DR. RAUL- A situação do rapaz é delicada. Ele sofreu várias fraturas, e teve uma lesão muito delicada próximo ao cérebro. Ele passou por duas cirurgias, mas infelizmente o estado é bem grave. Ele está em coma.
CREMILDA(em planto)- Aí meu Deus!
DIVA- Mas ele corre risco de morrer doutor?
DR. RAUL- Infelizmente sim.
Cena 9
Amanhece o dia.
Ainda muito abalada emocionalmente, Cremilda está entrando na igreja de joelhos.
CREMILDA(quando chega ao altar)- Vim aqui meu Deus te suplicar pela vida do meu filho. Cura o meu filhinho. Não tira ele de mim meu Deus. Eu não vou suportar. (pausa) Ouve a súplica dessa mãe que está em desespero. Salva o meu filho.
Nesse momento, Rafael adentra na igreja e ajoelha-se no altar aos pés da imagem de São Jorge.
RAFAEL(consigo mesmo)- Cá estou eu de novo meu São Jorge guerreiro. Minha vida tá um caos. (pausa) Me dar uma luz meu santo. Eu estou perdido.
Nesse momento, Cremilda põe-se a chorar desesperadamente, o que chama a atenção de Rafael.
CREMILDA- Aí meu Deus...
RAFAEL(questiona-lhe)- A senhora está bem?
CREMILDA- Eu estou morrendo por dentro...
RAFAEL(levanta-se e aproxima-se sem jeito)- Calma.
CREMILDA- Eu quero morrer.
RAFAEL(agacha-se ao seu lado)- Não diga isso.
CREMILDA- A minha vida não tem mais sentido.
Comovido, Rafael abraçá-lhe.
RAFAEL- Calma. Eu não sei pelo o que a senhora tá passando, mas vai ficar tudo bem.

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