Abrigo

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Cena 1
Rafael algema Neide.
NEIDE(nervosa)- Você de novo cruzando o meu caminho Major...
RAFAEL- Eu só estou cumprindo o meu papel.
NEIDE- Você vai se arrepender amargamente por isso. Eu vou acabar com a sua vida...
RAFAEL- Não me ameace. Você não está em condições de ameaçar ninguém. (pausa) Você é uma pobre infeliz...
Nesse momento, Leinha entra dentro de casa nervosa.
LEINHA(grita)- Monstro! Monstro! (pausa) Como você tem coragem de agredir a própria mãe?
NEIDE- Foi você sua maldita. Foi você a responsável por tudo isso, num foi?
LEINHA- Eu vou contar pra toda a nossa família o monstro que você é Neide...
NEIDE(debocha)- Olha a minha cara de preocupação. (pausa) Eu nunca liguei para aquela família de merda. Bando de nordestinos ridículos...
LEINHA(dá-lhe um tapa)- Cala a boca!
NEIDE- Isso. Bate. Pode bater. Bate enquanto eu tô aqui impossibilitada de revidar. Bate priminha.
LEINHA- Você vai pagar por tudo que você fez a tia Zenaide. Você vai mofar na cadeia.
NEIDE- Isso é o que você pensa. Eu vou voltar, e quando eu voltar... Ah, teremos o nosso acerto de contas.
RAFAEL- Chega. (para os policiais) Levem ela.
Neide é levada para o carro, e Rafael ao revisar sua mala e sua bolsa acaba encontrando o revólver.
LEINHA(afirma nervosa)- É o revólver dela!
Cena 2
Com as lágrimas caindo ao rosto, Neide é levada para a delegacia, onde se encontra o delegado Almir analisando alguns documentos.
POLICIAL(empurrando-a)- Entra aí.
De imediato, Almir volta seu olhar para Neide.
RAFAEL(ao entrar)- Com licença delegado.
ALMIR- O que houve?
RAFAEL- Mais um caso de violência contra idoso, porte ilegal de arma de fogo...
ALMIR(para Neide)- Eu já te vi por aqui antes!
RAFAEL- É a esposa do Fábio Gomes. O traficante que prendemos outro dia.
Cena 3
No quarto de sua tia, Leinha está acariciando seu rosto e fazendo-lhe algumas promessas.
LEINHA- Eu vou cuidar da senhora tia. Eu vou cuidar da senhora com todo amor e carinho. (pausa) Eu vou cuidar da senhora como se fosse a minha mãe. Eu tenho certeza que a senhora há de melhorar. Eu quero voltar a vê aquele lindo sorriso em seu rosto. Aquela alegria de viver que a senhora sempre teve. (pausa) Eu te devolver a vida tia.
Leinha beija o seu rosto.
Cena 4
Cai à tarde.
Logo, Neide é levada para a cela onde ficara sozinha até ser transferida para o presídio.
Abalada emocionalmente, ela se encosta nas grades muito pensativa.
NEIDE(resmunga)- Fábio. Eu tô precisando de você meu amor. Vem me ajudar. (pausa) Me tira daqui. Me tira daqui pelo o amor de Deus.
Sem conseguir camuflar sua angústia, Neide senta-se no canto da sela e começa a chorar.
Cena 5
Anoitece
Fábio está acabando de chegar em casa após passar o dia no morro. Ainda sem saber da prisão de sua esposa, ele segue direto para o quarto, e logo é surpreendido por Leinha que bate na porta e entra.
LEINHA- Se estiver procurando a Neide, veio procurar no lugar errado.
FÁBIO(ignora)- Do que você tá falando Leinha?
LEINHA- Aquele monstro que você chama de sua esposa a essa altura do campeonato está atrás das grades.
FÁBIO(tenso)- Como é que é?
LEINHA- A casa caiu Fábio! A Neide vai pagar por todo mal que fez a tia Zenaide, e você logo será intimado a comparecer a delegacia para se explicar. Era cúmplices dessa monstruosidade, num era?
FÁBIO(nervoso)- Você tá maluca? Eu não sei de nada.
LEINHA- Ah, você sabe! A casa caiu Fábio. (pausa) Sabe, bem que falavam lá na Paraíba que você não valia nada, mas eu não queria acreditar. Até mesmo quando você foi preso, eu fiquei do teu lado. Eu pensei que tivessem cometido uma injustiça com você, mas hoje eu vejo que me enganei. Você e a Neide juntos não valem nada.
FÁBIO- Você não me provoca...
LEINHA(encara-o)- Você vai fazer o que? Vai me bater? Vai me matar?
Muito nervoso, Fábio sai correndo até a porta de saída, entra no carro que deixou estacionado em frente a casa e sobe em direção ao morro.
Cena 6
Já um pouco recuperada da perna, Sheila está no quarto conversando com sua amiga Kelly.
KELLY- Aí amiga, você acha que o baby aí será um menino ou menina? Já sei : você deve fazer um chá revelação...
SHEILA(tensa)- Eu não estou grávida Kelly.
KELLY(ignora)- Como é que é?
SHEILA- Eu não estou grávida. Essa gravidez é uma farsa...
KELLY(nervosa)- Você tá maluca Sheila?
SHEILA- A dona Alzira me convenceu a inventar essa gravidez pro Rafael se sentir obrigado a casar comigo.
KELLY(senta-se ao seu lado)- Você perdeu o juízo amiga? O que deu em sua cabeça pra concordar com um absurdo desse? Fingir uma gravidez pra obrigar o Rafael a casar com você. E depois? E depois que estivessem casados e essa barriga não começasse a crescer?
SHEILA- Eu ia tentar engravidar...
KELLY(nervosa)- Chega! Chega desse absurdo. Eu como sua amiga não vou permitir que você leve em frente tamanha loucura. (pausa) Você vai procurar o Rafael e vai desfazer toda essa mentira.
SHEILA- Eu não posso...
KELLY- Para com isso Sheila. Você nem gosta tanto assim do Rafael. O relacionamento de vocês sempre foi uma coisa forçada, sem amor. A louca da mãe dele sempre ficou te empurrando pra cima dele. Você está disposta a encarar uma relação baseada em mentiras, e pior, sem amor. Pensa e pula fora enquanto é tempo. (pausa) Tenha amor própria amiga. Você parece que tá louca. Como se deixa ser manipulada dessa forma? Essa Alzira é uma cobrá.
Cena 7
(A música "Cria de Favela" de Mc Mirella começa a tocar ao fundo)
Ainda muito nervoso, Fábio está chegando no morro e logo segue falar com o chefe do mesmo, que está curtindo o baile funk ao lado de algumas mulheres.
FÁBIO(passando em meio a multidão)- Com licença! Eu preciso passar, com licença!
Logo, Fábio chega até Nem e o chama.
FÁBIO- Nem.
NEM- Ó meu parceiro. Chega junto cumpade. Veio curtir à noite?
FÁBIO- Eu tô precisando de ajuda Nem. A polícia prendeu a minha mulher e logo vão vim atrás de mim. Eu tô sem lugar pra ficar. Eu vim pedir abrigo. Eu quero ficar aqui no morro com vocês.

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