Assassina

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Cena 1
Com um simples apertar de dedo,  Neide dispara um tiro certeiro no peito de Giovanni, que já cai agonizando.
GIOVANNI(grita)- Ah!
Logo, ela coloca o revólver de volta na bolsa e se retira apressadamente.
Cena 2
Já em seu quarto, Lucas está desfazendo a mala, quando então é surpreendido com a presença de Tônia, sua amiga de infância que se mudou há alguns anos para morar na Bahia com sua família.
TÔNIA(chama-o)- Lucas.
LUCAS(surpreso)- Tônia!
TÔNIA- Não vai me dar um abraço?
LUCAS(corre abraçar-lhe)- Que sururesa boa! Quando você chegou?
TÔNIA- Cheguei há uma semana.
LUCAS- Mas veio pra ficar?
TÔNIA- Sim.
LUCAS- Cara, que emoção! Vou ter a minha amiga - irmã aqui de novo comigo.
TÔNIA- Eu fiquei muito feliz quando sua mãe me falou que você estava voltando. Mas me conta,  como está esse coração? Já tem dono?
LUCAS(entristece)- Não. Um dia já teve,  mas hoje está vazio.
TÔNIA- Você ainda sente muito a morte do Diego, né?
LUCAS- A gente tinha planos, sonhos... Éramos praticamente um só.
TÔNIA- Fica triste não. (segura a  sua mão) Eu tenho certeza que estando onde ele estiver, ele está olhando por você e não quer te vê sofrendo.
LUCAS(enxuga as lágrimas)- Vamos mudar de assunto. Vamos falar de você...
Cena 3
Anoitece.
Neide está chegando em casa tensa, o que acaba chamando a atenção de Fábio que está na cozinha fazendo a janta, e quando a vê chegar se aproxima.
FÁBIO- Estou fazendo aquele purê de batata doce que você tanto ama... (intrigado) Que cara é essa meu amor? Aconteceu alguma coisa?
NEIDE- Você me ama Fábio?
FÁBIO- Que pergunta é essa meu amor? É claro que eu te amo.
NEIDE- Tudo que eu faço é pensando em você. Eu te amo mais que tudo Fábio. Promete que nunca vai me decepcionar!
FÁBIO(aproxima-se e abraça-a)- Eu prometo minha nega. Eu prometo.
Fábio a beija.
Cena 4
No Batalhão das forças armadas do RJ, Rafael está com os policias montando mais um esquema para invadir o Morro do Macaco.
RAFAEL- Já temos toda a estratégia arquitetada. Invadiremos o Morro do Macaco amanhã. Já sabemos que essa semana chegou mais armas, mais drogas e lembrem - se : segurança sempre. Temos que pensar nos cidadãos de bem que moram ali e preservarmos a nossa integridade. É isso. Amanhã faremos os últimos ajustes, e boa sorte pra gente. Que possamos vencer mais essa batalha.
Cena 5
Ainda no quarto, Lucas conversa com Tônia.
LUCAS- Amanhã mesmo eu começo o meu trabalho. Quero levar a periferia para o mundo. Quero desmitificar essa visão equivocada que a favela é só crime, drogas. Temos a nossa cultura como qualquer outro lugar.
TÔNIA- Confesso que estou muito empolgada para vê o resultado. Você é demais Lucas! Tenho muito orgulho de você meu amigo.
Tônia o abraça.
Cena 6
Amanhece o dia.
No parque, Neide está levando Zenaide para tomar sol. Próximo a um banco, ela trava a cadeira, senta-se e fica pensando no crime que cometeu.
Tristonha, Zenaide fica com o olhar fixo.
NEIDE(consigo mesmo)- Nunca mais você vai ameaçar ninguém seu agiota maldito.
Não demora muito, ela regressa para casa as pressas com sua mãe.
Cena 7
Em uma lanchonete próxima do seu consultório, Sheila está tomando um café com sua amiga Kelly.
SHEILA- O meu relacionamento com o Rafael é mais de aparências, sabe?
KELLY- Vocês não tem uma vida sexual ativa?
SHEILA- Ele sempre cria uma desculpa. Às vezes, chego a pensar que ele me evita.
KELLY- E porque você ainda permanece com ele?
SHEILA- Por consideração a dona Alzira. Ela gosta tanto de mim e apóia tanto o nosso relacionamento...
KELLY- Você acha que isso compensa o sacrifício?
SHEILA- Eu tô tentando...
KELLY- Você acha que o Rafael é gay?
SHEILA- Não. Jamais. O Rafael não é gay. Ele não tem nenhuma pinta de gay.
KELLY- E qual o motivo pra ele te evitar?
SHEILA- Talvez ele realmente não goste de mim, ou talvez esteja sempre cansado mesmo. Ele trabalha muito!
KELLY- Se ele não é gay e te evita, ele tem outra amiga.
SHEILA- Não. O Rafael não seria capaz.
KELLY- Abre o olho pra depois não tomar um susto amiga. Fica esperta, que homem nenhum presta.
Cena 8
Ainda pela manhã, Lucas caminha pela favela tirando algumas fotos da comunidade, da vida cotidiana das pessoas.
Minutos depois explorando esse ambiente, ele registra um grupo de jovens que estão a dançar funk ao som de  Mc Sapão "vou desafiar você".
Cena 9
Apesar da aparente calmaria, algumas viaturas da polícia começam subir o Morro do Macaco. No morro, os criminosos já se preparam com suas armas para o combate.
CORINGA(beija seu revólver)- Aqui só tem pra nós cumpade!
Logo, um helicóptero da polícia começa sobrevoar a área, e uma intensa troca de tiros começa eclodir, o que acaba assustando Lucas, que acabara ficando em meio ao fogo cruzado.
LUCAS(resmunga)- Tiro.
Assustado, ele procura se esconder por trás das paredes, e aos poucos vai tentando escapar,  mas infelizmente sua situação só acaba piorando.
De imediato, os policiais começam subir o morro numa intensa troca de tiros, e a tensão só aumenta à medida que vão subindo.
RAFAEL(acena para os demais policiais)- Sobe! Sobe! Sobe!
Entre mortos e outros feridos, Lucas procura  abrigo em um beco, mas por pouco não é atingindo por um bala que acaba acertando um tambor que está ao seu lado.
LUCAS(grita assustado)- Aí!
Assustado, ele desce correndo mas acaba sendo atingido no braço por uma bala.
LUCAS(cai no chão)- Ah! (respirando forte) Socorro!
Ensanguentado, ele começa se arrastar até um muro onde se deita tendo a proteção da parede.
Nesse momento, Rafael felizmente acaba subindo em sua direção mesmo sem ainda o vê.
LUCAS(grita para Rafael)- Socorro! Eu fui baleado, me ajuda!
De imediato Rafael olha para ele, e ao vê-lo sangrando se aproxima.
RAFAEL- Calma! Eu vou te ajudar.
Rafael lhe ajuda a se levantar.
RAFAEL- Vem comigo, com cuidado.
Nesse momento de tensão, os dois trocam olhares, mas acabam sendo surpreendidos pela detonação de uma granada a quinze metros a frente.

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