Presa

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Cena 1
Surpresa com a reação de Leinha,  Neide debocha :
NEIDE- Está assustada prima? O que aconteceu? Você tá pálida!
LEINHA(trêmula)- Eu pensei que...
NEIDE- Pensou o que?
LEINHA(muda de assunto)- Nada. Eu não pensei nada.
NEIDE- Calma prima! Você não está bem. Aconteceu alguma coisa? Parece que viu fantasma.
LEINHA- Eu tô bem. Eu só quero dormir. (pausa) Eu vi um filme de terror, foi isso. Daí fiquei muito assustada.
NEIDE- Cuidado para uma alma penada não vim puxar no teu pé à noite. Ela adora assustar pessoas intrometidas. (pausa) Ela é tão feia Leinha. Peluda, com umas garras gigantes...
LEINHA(aflita)- Para Neide! Você está me deixando ainda mais assustada.
Neide solta uma risada, e Leinha sai correndo para o seu quarto, onde se tranca e se encosta na porta procurando se acalmar.
Cena 2
Finalmente já em seu apartamento, Glauco coloca Sheila em sua cama.
GLAUCO- Está em casa! Agora pode me agradecer.
Sheila solta uma gargalhada debochando.
SHEILA- Eu acho que eu não ouvi muito bem!
GLAUCO(questiona-lhe)- Do que está rindo?
SHEILA(séria)- Eu nunca vou te agradecer. Nem morta.
GLAUCO- Já se percebe de longe que a educação aqui nunca existiu.
SHEILA- Olha aqui...
GLAUCO- Olha aqui você! Eu mandei arrumar o meu carro que você arrebentou. Eu gastei uma fortuna, e pode ter certeza que vou trazer a conta pra você pagar...
SHEILA- Mas nem morta. Eu não vou pagar um centavo.
GLAUCO- Ah, não vai?
SHEILA- Nunca.
GLAUCO- Então vai ter que me pagar de outro jeito...
Glauco lhe rouba um beijo, mas logo Sheila se afasta e dá-lhe um tapa na cara.
SHEILA- Atrevido!
GLAUCO- Aí!
SHEILA- Como ousa?
GLAUCO- Pode xingar! Vai, xinga! Mas eu sei que você gostou, bruxa!
SHEILA(grita)- Sai da minha casa Pré - histórico! Sai da minha casa!
Sheila pega um vaso de flores que está sobre um móvel ao lado de sua cama, e atira contra ele.
GLAUCO(tentando se proteger)- Não faz isso!  Não!
SHEILA(grita)- Sai da minha casa!
GLAUCO- Eu saio. Sem violência. Eu saio.
Glauco se retira, mas logo volta até a porta e diz:
GLAUCO(debochando)- Ainda me deve o conserto do carro!
SHEILA(grita)- Sai!
Glauco se retira gargalhando.
SHEILA(resmunga)- Pré - histórico!
Cena 3
Amanhece o dia.
Muito séria, Neide levanta-se, vai até o quarto de Leinha e o encontra vazio. Logo em seguida, ela vai até a cozinha, mas também não a encontra.
NEIDE(chama-a)- Leinha.
Intrigada, ela vai até o banheiro e posteriormente até o quarto de sua mãe, que encontra-se acordada olhando para o teto. Ainda muito tensa, ela se aproxima de Zenaide.
Nesse momento, Leinha vem chegando em casa silenciosamente e segue para o quarto de sua tia.
NEIDE(apertando suas buchecas)- Velha maldita! Teus dias nessa casa estão contados. (pausa) A minha vida com o Fábio já está se endireitando.
Nesse momento, Leinha chega na porta do quarto, e ao ouvir a voz de Neide fica parada escutando em silêncio.
NEIDE(continua)- Eu cansei de limpar a tua bunda nojenta! (pausa) Vou te largar no primeiro asilo que eu encontrar.
Neide dá-lhe um tapa no rosto e segura em seu queixo.
NEIDE- Olha pra mim velha maldita, que eu estou falando com você.
Uma lágrima escorre pelo rosto de Zenaide.
Ainda da porta, Leinha continua ouvindo tudo, até que então pega seu celular e começa a filmar.
NEIDE(continua)- Quanto a tua sobrinha... Ah, essa já está com a alma encomendada. Vai arder no fogo do inferno pra deixar de ser intrometida.
Nesse momento, acaba chegando uma notificação no celular de Leinha, o que chama a atenção de Neide imediatamente.
NEIDE(resmunga)- Que isso?
Imediatamente Neide vai até a porta, e muito assustada Leinha sai correndo em direção a porta de saída.
NEIDE(a acompanha furiosa)- Volta aqui peste! (para ainda na porta e resmunga aflita) Tô perdida!
Imediatamente ela fecha a porta, corre para o seu quarto, pega uma mala que está sobre o seu guarda-roupa, abre-a e começa colocar algumas roupas.
Cena 4
Do outro lado da rua escondida por trás da esquina, Leinha liga para a polícia muito nervosa.
LEINHA(com a voz trêmula)- É da polícia? (pausa) Eu quero fazer uma denúncia...
Cena 5
Em seu apartamento e ainda um pouco queixosa da perna, Sheila recebe a visita de Alzira, que lhe prepara um café enquanto ela está sentada a mesa.
ALZIRA- Mas me conte Sheila, como anda sua relação com o meu filho?
SHEILA- De mal a pior dona Alzira. Ontem ele me procurou, e me falou um monte. Disse que não sente nada por mim.
ALZIRA- Mentira dele! Eu sei muito bem que ele te ama. O Rafael só está um pouco confuso. O trabalho é que está deixando ele assim. Mas eu te juro Sheila, que tudo vai mudar. Eu já tive conversando com ele, e eu sei que quando essa criança nascer ele vai mudar...
SHEILA- Que criança dona Alzira? Essa gravidez é uma farsa!
ALZIRA- Mas você vai engravidar na primeira oportunidade. Pega o Rafael e o leva pra cama. O seduz com o seu charme...
SHEILA- O Rafael mal olha pra mim dona Alzira.
ALZIRA- Então, o embriague. Enfim, faça qualquer coisa mas engravide. O Rafael precisa se casar com você o quanto antes.
SHEILA- Sabe dona Alzira, eu nunca entendi essa obsessão que a senhora tem pra casar o Rafael. (pausa) A senhora tem uma forma de falar. Parece que tem medo de alguma coisa...
SHEILA- Uma mãe só quer o melhor pro filho Sheila. Quando você tiver o seu, você vai intender.
Cena 6
Já com a mala pronta, Neide está saindo do seu quarto as pressas, mas quando chega na sala acaba lembrando do revólver.
NEIDE(resmunga)- Meu revólver!
Imediatamente ela sobe para o quarto, vai até a gaveta da sua cômoda e pega - o.
NEIDE(resmunga)- Nunca se sabe o que pode acontecer!
Logo, ela coloca-o dentro da sua bolsa e regressa para a sala,  mas quando abre a porta, acaba dando de cara com Rafael e mais três policiais todos armados.
RAFAEL(com o revólver sacado em sua direção)- Lucineide Sobral. Você tá presa!

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