Susto

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Cena 1
Apesar de tomado pelo desejo, Rafael se afasta de Lucas.
RAFAEL- Aqui não. Pode chegar alguém.
LUCAS(sem jeito)- Desculpa! Eu não devia ter feito isso.
Ainda escondida por trás do carro, Neide resmunga:
NEIDE- Te peguei Major! Você não perde por esperar.
Lucas adentra em seu carro e se retira deixando Rafael muito mexido emocionalmente, que logo também entra em seu carro e se retira.
Cena 2
Anoitece.
Muito nervosa com tudo que Rafael lhe falou mais cedo, Sheila está saindo do seu consultório em direção ao seu carro, que ficou estacionado do outro lado da rua.
Distraído com o som do carro ligado, Glauco está indo em sua direção, e quando se da conta acaba freiando em cima dela, o que a faz cair no chão imediatamente.
SHEILA(ao cair no chão)- Aí.
Logo, Glauco desce do carro nervoso e vai ajudá-la.
GLAUCO- Você se machucou? Tá tudo bem?
SHEILA- Você tá maluco? Você quase me matou...
GLAUCO(ao reconhecê-la)- Eu não acredito que é você?
SHEILA- Quem não acredita que é você sou eu!
GLAUCO- Você que foi a culpada! Vai atravessar a rua sem olhar...
SHEILA- Você que é um imprudente! Não sabe nem dirigir um carro...
GLAUCO- Que arrogante! Você é insuportável garota. Todo mundo deve te odiar.
SHEILA- Ao invés de ficar aí relinchando, me ajuda levantar. Eu machuquei a perna por sua culpa...
GLAUCO- Eu não devia ajudar! Você é muito ignorante.
SHEILA(furiosa)- Eu?
Glauco lhe ajuda se levantar, e Sheila parece sentir muito a perna direita
GLAUCO- Levanta logo!
SHEILA- Paciência. Aí... Eu acho que dei um jeito na perna.
GLAUCO- Eu vou te levar para o hospital!
SHEILA- Não precisa. Agora eu quero saber como vou dirigindo pra casa?
GLAUCO- Eu te levo no meu carro.
SHEILA- E o meu carro?
GLAUCO- Eu dou um jeito. (pega - a no colo) Vem.
SHEILA(grita)- Aí! Me pega direito seu rude. Tenha delicadeza para pegar uma mulher.
GLAUCO- Cala a boca, ou eu te jogo aqui no meio da rua.
Glauco a leva para o seu carro, a coloca no banco, põe o sinto de segurança, fecha a porta e arrodeia para o banco do motorista.
SHEILA- Eu deveria era chamar a polícia...
GLAUCO- Volta a abrir essa boca que eu abro essa porta e te joga na rua.
SHEILA- Grosso!
Glauco liga o carro e sai em alta velocidade.
GLAUCO- Bruxa!
SHEILA- Presta atenção na estrada pra não atropelar mais ninguém. Ser pré - histórico!
Cena 3
Neide está saindo de carro do Shopping com Fábio com planos diabólicos em mente.
NEIDE- Eu ainda não estou acreditando Fábio! A gente tem o policial maldito em nossas mãos...
FÁBIO- Graças a você meu amor.
NEIDE- O cara sempre pagando de machão. O valentão todo poderoso, quando na verdade não passa de uma bichona.
Neide solta uma gargalhada.
FÁBIO- Vai intender essa marcação dele comigo...
NEIDE- Ele deve ser louco por você, mas como você nunca deu bola ele fica de marcação tentando te prejudicar. Bicha maldita! Mas deixa está meu amor. Esse Major maldito não perde por esperar. Eu vou acabar com a vida dele.
Cena 4
Já em casa, Rafael está deitado na cama pensando no beijo que Lucas lhe deu.
De imediato, a cena corta para Lucas que está no banheiro tomando banho também pensando nele.
LUCAS(começa a recitar em pensamento)- Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
E se soubessem quem é,
O que saberiam? (...)
RAFAEL(continua)- Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres (...)
LUCAS(recita em voz alta)- Quem sabe algum dia,
Um dia talvez bem distante
Não serás meu e eu serei teu.
Cena 5
Em casa, Leinha está no quarto de Neide mexendo em suas gavetas da cômoda cuidadosamente, quando então encontra o seu revólver.
LEINHA(assusta-se)- Meu Deus! Ela tem um revólver.
De imediato, Neide e Fábio chegam em casa.
NEIDE(para Fábio)- Eu estava babando atrás desse vestido há dias...
Ao ouvir a voz de Neide, Leinha fecha as gavetas e corre para o quarto de sua tia muito assustada.
FÁBIO(abraça-a)- Agora eu vou poder te dar tudo que você quiser meu amor. Jóias, roupas, sapatos...
NEIDE- Eu te amo cada vez mais meu amor. (pausa) Eu não vejo a hora que o nosso filho nasça. Seremos uma família perfeita.
Fábio a beija apaixonadamente.
Cena 6
Glauco está subindo as escadas do hotel com Sheila em seus braços, haja vista que o elevador está quebrado.
SHEILA- Aí, minha perna! Vai com cuidado. Você não está carregando um saco de batatas.
GLAUCO- Você quer que eu te solte aqui pra você subir com a perna machucada?
SHEILA- Você não é nem maluco de fazer isso.
GLAUCO- Então, volta a reclamar pra você vê.
SHEILA(respira fundo e resmunga)- Paciência senhor!
Nesse momento, alguns inquilinos vem descendo a escada e ficam olhando para os dois discutindo.
GLAUCO- Eu que peço paciência pra não jogar você aqui de cima, bruxa!
SHEILA- Pré - histórico! Homem das cavernas que não sabe nem tratar uma mulher como ela merece.
GLAUCO- Eu trato as mulheres muito bem, já as bruxas?
SHEILA(furiosa)- Não me chama de bruxa, pré - histórico!
GLAUCO- Bruxa!
SHEILA(grita)- Pré - histórico!
Cena 7
No quarto de sua tia, Leinha está pensativa no canto da cama.
LEINHA(consigo mesma)- A Neide não é quem eu imaginava ser.
Assustada, Leinha segue até o banheiro, pega sua escova que está sobre a pia, coloca creme dental e começa escovar os dentes. Ao terminar, ela lava o rosto e quando ergue sua cabeça acaba vendo Neide no espelho por trás dela muito séria, o que a faz gritar de medo.
LEINHA- Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!!!

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