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Em primeiro lugar, FELIZ NATAL! 🎅 E em segundo, estou MUITO nervosa com o começo deste livro, com as reações de vocês em relação à história, em especial porque são temáticas que nunca trabalhei e será um desafio - especialmente em trazer algo que seja bacana, que me deixe animada a escrever e que se reflita em vocês se engajarem com a trama também.

Sim, estou tensa hahaha Espero que aproveitem e... Segue o primeiro capítulo de "Os Monstros que me Amavam", meu presentinho de natal 🎁

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"Você sentiu?"

"Sentiu o quê?"

"O cheiro, o gosto... Eu gosto desse cheiro, ele é... Delicioso..."

"Eu nunca sinto nada, você é o detentor dos sentidos aguçados. Detalhe o que está acontecendo, caso contrário deixe-me dormir."

"Acorde, tolo! O cheiro se aproxima de nós! Vamos para a porta!"

Ele não deixaria Edward dormir mais nenhum instante após sentir aquele maldito cheiro, ou gosto. Costumava usar as habilidades dele quando necessário, e aquilo já fazia quase vinte anos, mas provavelmente em vários momentos a bússola de sentidos dele ficava tonteada, seja pela bebida que Edward costumava apreciar, os charutos ou as noites tediosas num clube masculino onde seus prazeres metódicos eram liberados sem pressa. E ele odiava aquela espera.

Era rápido, dominador, selvagem, da mesma forma como o dominou, trinta anos antes. Mas sua dominação havia sido de corpo e espírito, e Edward nunca mais se livrou daquilo. Da voz em sua mente. Da voz que se materializava em seu corpo quando queria e se transformava numa figura maior, belicosa – e em sua forma final ser literalmente um monstro.

"Aprume-se, Edward. Estou cansado da espera, vamos atrás do cheiro!"

"E por que estás tão animado com isso? Vamos matá-lo? É um bandido?"

"Não!"

"Meu caro, eu só resolvo mistérios que me pagam para solucionar ou me convidam com educação. Teus enigmas me entediam."

Entretanto, bastante cedo naquela manhã, a fonte de toda a inquietação dele logo se metamorfosearia na porta da casa de Edward, batendo para se fazer presente.

Um carro de aluguel de um vizinho amigo fez o favor de deixar Millicent Cordelia Evans – que os mais próximos chamavam de Millie – em frente ao elegante sobrado ao norte de Londres, bem distante do bulício do centro e definitivamente do outro lado da parte mais pobre e violenta da cidade, onde ela vivia.

- Espero que tudo dê certo, menina... – disse o condutor, apiedado da situação difícil da jovem.

- É o que eu também anseio, Sr. Markham... – respondeu Millie, tomando um longo suspiro enquanto segurava uma pequena mala marrom, uma bolsa com seus pertences e um sabre, a única coisa valiosa que Jerome Evans, seu querido pai, lhe deixara.

Despediu-se com um abraço fraternal no velho condutor, e viu a carruagem se distanciar da casa com rapidez. Tudo parecia vazio, estranho e bastante frio naquele bairro, mesmo com as casas residenciais e seus jardins aparentemente indicando algum tipo de calor humano naquela vizinhança.

Entre todas as casas, o local onde seu pai pediu que fosse era o mais imponente, e com aparência mais melancólica. Um sobrado de pedra, com muros de concreto envolvidos por plantas e ervas daninhas, além das grades antigas e um caminho também de pedra que conduzia do portão até a casa de fato, tratava-se de um lugar que exalava aristocracia, mas também possuía algo perigoso dentro. Como se fosse o local de uma armadilha.

Os Monstros que me AmavamOnde histórias criam vida. Descubra agora