XV

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- E... Por que não me chamas pelo meu nome...?

- Porque só posso fazê-lo quando me casar contigo.

Aquela informação parecia um tiro direto no corpo de Millie, que se levantou mal se importando com a própria nudez.

- Como assim... Casamento? Eu... Eu... Casar-me com milorde, com... Com os dois?

"Gosto da maneira dela de pensar..."

- O casamento oficial seria comigo, já que Vincent não existe... – "então quem está a falar em seu ouvido, uma alucinação?" – Mas viveria conosco, normalmente, dividindo suas atenções entre eu e ele.

- Isso é... Eu ainda preciso entender como seria, eu...

- Aceitarias a proposta, Srta. Evans?

A jovem olhou diretamente para Edward, que havia retirado os óculos escuros do rosto e a contemplado com as íris verdes que brilhavam intensamente. Era um brilho diferente, como se tivesse esperança de ouvir uma resposta positiva.

- Nunca pensei que... Que me casaria... Pois não sou exatamente o tipo de donzela que os cavalheiros buscam... E provavelmente nem agora... – riu, constrangida em falar tudo aquilo completamente nua. – Mas... Como posso casar-me sem amor?

"O quê?" "Como?"

- Eu... Eu sinto algo... Eu não sei como descrever, é estranho... Eu sinto algo... É como se eu estivesse tentando entender milorde o tempo todo... Como se fosse algo bom para mim se eu descobrisse... E eu me sinto tão bem, tão confortável com Vincent... Eu não consigo me ver sem a presença de um ou do outro, mas não vejo como isso poderia ser amor, porque eu sinto algo em meu corpo que queima quando penso em vós e em Vincent. E sei que quando falamos de algo que muda em seu corpo, trata-se de desejo, que é diferente de amor. Como posso dividir minha vida com os dois sentindo apenas desejo? Pois já não consigo crer que desejar dois homens ao mesmo tempo seja errado. É... É o que meu corpo necessita e... Resistir é fútil.

Edward ensaiou um sorriso, enquanto no fundo de sua mente, Vincent gargalhava.

- O desejo é apenas parte do amor, Srta. Evans. E os sentimentos confusos que albergas por mim e Vincent são este sentimento maior nascendo. Acredito que, para evitar quaisquer confusões que apareçam em sua mente e seu coração, vamos parar um pouco com estes... Momentos mais íntimos.

"Opa, eu discordo veementemente dessa decisão, Millie!"

- E faremos a coisa certa: vamos cortejá-la como se deve, da forma como um cavalheiro deve proceder com a dama. Acreditamos que Jerome gostaria que sua filha fosse tratada assim, com essa deferência.

"Cortejo? Quero um padre e testemunhas!"

"Vincent, deixe de ser um bárbaro! A Srta. Evans não tem plena consciência de seus sentimentos por nós e nossas atitudes a estão confundindo ainda mais! Vamos fazer o correto e nos controlar um pouco nestes desejos pervertidos!"

- Farias isso, milorde?

- Naturalmente. Queremos que se apaixone por nós, da forma como nós a amamos, Srta. Evans. Cada um do seu jeito, mas nós a amamos.

A jovem levou a mão aos lábios, surpresa com a declaração dele.

Edward respirou fundo. Seria complicado resistir à tentação que habitava sua residência, especialmente após ter experimentado o doce mel que saía de sua adorada hóspede e apreciado a inocência de seus beijos, mas queria Millie sentindo o mesmo que ele – que eles. Ansiava por um casamento inteiro, com os três lados completos numa mesma relação.

Os Monstros que me AmavamOnde histórias criam vida. Descubra agora