Os Monstros que me Amavam

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O último capítulo deste livro provavelmente é o mais solar de todos. 

E o mais fofo.

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Em meio a um campo florido, um cachorro seguia borboletas, distante um pouco de sua dona, uma menina tão concentrada que mal percebeu o vento brincando com seus cachos.

A menina, com seus 14 anos, sentada sob a sombra da frondosa árvore, buscava alguma informação no livro, algo que poderia ajudá-la com a poção que estava a investigar. Seria a primeira a fazer sem o apoio dos manuais e das aulas de sua mãe, e queria dar orgulho a ela e aos pais.

Era estranho para a menina dizer que tinha dois pais. Não comentava nada com as outras mocinhas que costumavam visitar o castelo da família, e consideravam a mudança do domínio de Lorde Cummings apenas arroubos de humor. Mas Rosamund Lilian Cabot, "Rosie" para a família e os amigos, sabia que as mudanças bruscas tinham um motivo: "Papai Vincent está a brincar com as visitas".

O livro tratava de botânica, e queria entender o funcionamento de determinada planta para fazer a sua primeira poção - fazer os pais e criados dormirem enquanto ela e os irmãos aprontavam sem a supervisão de adultos.

- Qual a próxima bruxaria que irá aprontar?

Uma voz divertida surpreendeu Rosie, que se levantou num salto, aprumando o vestido verde com a saia plissada na altura do joelho, a mesma cor de seus olhos amendoados e profundos, que pareciam ver coisas além da imaginação.

A resposta do "invasor" foi um riso alto e divertido.

- Assustou-me, Tristan! Não tens mais nada o que fazer, por exemplo, cuidar dos teus irmãos?

O menino, de 15 anos, sentou-se no mesmo lugar onde Rosie estava, cruzou as pernas e colocou os braços atrás da cabeça, como se relaxasse ao sabor do vento.

- Eles estão brincando com os gêmeos.

- Então ficarão distraídos. Mas por que não encontras algo para fazer? Estava concentrada!

- Fazendo bruxarias?

- E por que não? Acaso consideras esquisito ou anormal? Olha quem fala, o aspirante a caçador de vampiros!

Rosie caminhou, dando as costas para Tristan, que a seguiu, ainda disposto a brincar com a menina, com quem convivia desde pequeno, quando os pais decidiam passar o final de ano no castelo dos padrinhos.

Era um lugar divertido, e que inspirava histórias de mistério e horror, além de fazer Tristan se lembrar de histórias de sua primeira infância que pareciam suprimidas pelas memórias felizes ao lado dos pais e dos irmãos pequenos - mais precisamente o dia que um vampiro tentou matá-lo e seu pai o salvou.

- E eu serei o maior de todos os caçadores de vampiro!

- Sem força, habilidade ou conhecimento de como eles funcionam? Será impossível.

- E com suas bruxarias, irá resolver?

- Sim. Com as poções que mamãe me ensinou, e outras novas, que irei conjurar.

Rosie replicou com orgulho, erguendo o queixo como os pais sempre diziam quando confrontados com alguém que queria ignorá-los. "És uma lady de sangue azul, nunca te esqueças", dizia o papai Edward, enquanto papai Vincent a incentivava a fazer alguma poção contra aqueles que desejavam humilhá-la.

Já sua mãe respondia "se queres usar a poção, entenda as consequências de conjurar para o mal. Agora, se queres soluções para responder àqueles que não gostam de ti pela cor de tua pele, pensaremos em situações que causarão escrutínio público."