VI

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Um dia  eu explico calmamente porque estou publicando esses capítulos às quintas, mas hoje vou repetir o que fiz na semana passada. Espero que aproveitem!

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O jardim da casa de Edward Cabot, lorde Cummings, finalmente parecia a área externa de uma residência que pertencia a um aristocrata.

Margaridas, rosas e lírios deixavam a fachada sombria da mansão mais colorida e viva, fazendo um jogo curioso entre natureza e urbanização com as paredes da casa, há muito tomadas por plantas que cresciam coladas ao concreto.

Um desavisado que passasse por ali não consideraria a residência um local abandonado; pelo contrário, o máximo que poderia dizer era o fato da casa ser muito antiga.

Millie contemplava o resultado de seu trabalho com bastante alegria. Encontrou algo vibrante e que a distraia de todos os pensamentos que sempre passavam por sua mente inquieta. Por fora, poderiam pensar que Millie era calma e cordata; mas por dentro, ela vibrava, mas não sabia como conseguia controlar esse "fogo" sem deixá-lo transparecer diante de todos.

Não que seus pensamentos ainda fossem relacionados ao luto. A saudade do pai jamais se dissiparia, mas as lembranças positivas suplantam as tragédias. Mas, indiretamente, Jerome Evans tinha a ver com seus pensamentos, já que estava vivendo na mesma casa que o amigo de seu pai da guerra, o excêntrico Lorde Cummings.

Ao mesmo tempo em que o nobre era calado, discreto e sempre educado, tranquilo em relação ao que fazia e seu lugar no mundo, ele tinha alguns rompantes estranhos – que se convertiam até mesmo numa voz diferente de seu tom afável e aristocrático. Millie não entendeu ainda sobre aquele temperamento que sempre mudava de acordo com a vontade do nobre... Ou aquele sentimento surgia do nada?

Não sabia se considerava Lorde Cummings mais calmo e contrito a melhor versão que conhecia. "Por que te importas com a 'melhor versão de milorde'? Acorde mulher, observe as flores e encare a cozinha!", a sua voz da consciência volta e meia oferecia conselhos sobre assuntos que ela deveria seguir ou evitar. Mas não via ainda conselhos quando se tratavam dos estranhos sentimentos que acometiam toda noite. E invadiam até mesmo os sonhos de Millie, ela que sempre se arvorou de ser alguém de sono pesado.

- Srta. Evans, encontra-se no jardim?

A voz suave de Edward a seguia, tanto em sonho quanto em realidade.

- Sim, milorde, estou observando o resultado do meu plantio.

- Ficaram muito belas e deram um olhar novo à mansão. Parabéns. - e estendeu a mão, deixando que Millie desse o primeiro passo, e ela aceitou, recebendo em agradecimento um singelo beijo nas costas da mão, cujo contato da pele dela com os lábios cheios dele gerou um choque eletrificador em todo o corpo de Millie.

"Por que me sinto dessa forma ao lado dele? O que acontece comigo?"

- Senhorita, precisamos conversar. Creio que precisaremos de sua ajuda e observação neutra numa questão. – Edward quebrou o impacto de sua atitude, novamente sendo um consumado profissional.

Os dois foram até a sala, onde na mesinha de canto havia uma garrafa d'água e dois copos.

- O que houve, milorde?

- A testemunha do desaparecimento de Suzanne reconheceu o corpo encontrado há alguns dias no Tâmisa como sendo o da amiga prostituta.

Millie colocou a mão na boca, tensa.

- Meu Deus! Coitada dessa família, a dor de uma mãe...

- Mas não é apenas isso. Como deves saber, a Sra. Allegra Fabruzzo tem um filho, Tristan, e ela não tem onde deixá-lo. Ou seja, ou cuida do filho ou cuida do trabalho.

Os Monstros que me AmavamOnde histórias criam vida. Descubra agora