Encostou a cabeça à cadeira do avião e dormitou um pouco, embalando-se com o filme que deixou de ver quando decidiu que precisava daqueles segundos de sono. As vozes dos atores, a música suave, nada a acontecer de relevante e acordou sobressaltado com uma explosão. Puxou, irritado, os fones dos ouvidos. Porra, estava a dormir bem! Desligou a sessão privada de cinema. Espreguiçou-se de uma forma espalhafatosa. Olhou em volta.
A cabina do avião estava com as luzes apagadas e quase todos dormiam a sono solto. Havia clarões em diversos pontos, indicando aqueles que, como ele, se entretinham com um filme ou um jogo para que as horas do voo entre o continente asiático e Los Angeles não fossem tão penosas e aborrecidas. Ele conferiu as horas. Estavam mais ou menos a meio da viagem.
A adrenalina fluía pelo seu corpo, acendendo-lhe todos os sentidos. Estava pronto para uma festa, mas não se apercebeu de ninguém com a mesma energia de sobra. Uma pena! Tinha aquele formigueiro que o impelia a aproveitar os minutos de que dispunha, como se fosse imprescindível viver ao máximo nesse curto espaço de tempo. A sua típica impaciência.
Sentiu um toque no ombro. Olhou para o Brad, que se inclinava sobre os assentos atrás de si para lhe confidenciar:
- Topa ali o Hahn.
O Joe roncava ruidosamente. Tinha as pernas curtas estiradas sobre o banco e os pés descalços espetavam-se no corredor. Se havia alguém sem a mínima preocupação com o seu aspeto e apresentação, incluindo em palco, esse era o disc jockey.
Chester levantou-se com o Brad para avaliar melhor a forma como Joe Hahn dormia. Era o que imaginava. De boca aberta, a babar-se, a ressonar que nem uma locomotiva desgovernada movida a carvão.
- Tens espuma de barbear à mão? – perguntou Brad. – Podíamos aproveitar para montar um belo castelo de chantilly, com as fuças do Hahn como base.
O Brad calmo e ponderado queria brincar. Ótimo! Iria juntar-se a ele, era uma excelente hipótese para esvair a sua vontade de fazer qualquer coisa.
- Não tenho, mas arranja-se – disse Chester enérgico, alinhando na maldade. – Espera aqui.
- Onde vais?
- Aos lavabos. Há pouco tinham uma daquelas bisnagas de kit portátil disponíveis, juntamente com as escovas e a pasta de dentes. Eu pensei, mas quem é que vai querer barbear-se a seguir ao jantar?
- Isso não chega. Se é uma bisnaga dessas é quase uma amostra. Tem de ser uma lata inteira!
- Porra! Não tenho uma lata inteira aqui, comigo. Não podemos entrar a bordo com grandes quantidades de líquido. Há aquela limitação da segurança.
- Pois é. – Brad coçou o cabelo. – Traz também pasta de dentes.
Chester abafou uma risada.
- Queres transformar a cara do Hahn num bolo?
- Sim, num bolo! – alinhou Brad, rindo-se também.
- Vou ver se arranjo gomas...
- Gomas?!
- Sim, gomas. Para o bolo ficar mais colorido.
- E onde vais tu encontrar gomas?
- Peço à hospedeira.
- Assistente de bordo.
- O que seja, caralho!
- E há gomas a bordo?
- Há, sim. O Mike de vez em quando come gomas. Ele gosta de gomas. E há outro que também gosta... não é o Andy? O Rob, acho que é o Rob... e o Peter! Há um monte de gente que adora gomas, há sempre gomas disponíveis por onde passamos. Nunca reparaste?
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O Lado Oculto da Lua
Fiksi PenggemarMike e Chester têm uma relação conturbada desde que se conheceram. Guardam segredos e compartilham sentimentos, mostram ao mundo a sua união e desunem-se em privado sem conseguirem viver um sem o outro. Entre encontros e desencontros, altos e baix...