A Sagrada Família

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Todos ali se solidarizaram com o menino acidentado. Quando a ambulância chegou, a reportagem que cobria mais uma matéria teve a sensibilidade de levar Jerônimo e Tiffany para o pronto socorro.

No carro a caminho, o silêncio soturno misturava-se ao barulho alto dos pensamentos. O silêncio  se quebra com o canto de fé:

"Segura nas mãos de Deus
Segura nas mãos de Deus
Pois ela, ela te sustentará,
Não temas, segue adiante
E não olhes para atrás.
Segura nas mãos de Deus
E vai."

O silêncio voltou ainda mais denso. O motorista, o repórter e todos presentes se emocionaram, não havia como conter as lágrimas.

Jerônimo ensaiava alguma oração em pensamento, alguma promessa para Deus e Jesus, Maria e José antecedessem por seu filho João Paulo.

Tiffany como quem através do louvor lavasse a alma e enchesse o coração de esperança, fazia seu pedido secreto nas letras da canção religiosa:

"Segura nas mãos de Deus
Segura nas mãos de Deus
Pois ela, ela te sustentará,
Não temas, segue adiante
E não olhes para atrás.
Segura nas mãos de Deus
E vai."

Quando chegaram, os seguranças não autorizaram à entrada da reportagem, somente Jerônimo e Tifanny entraram na emergência.

Ao longe, nos corredores repleto de macas, gente ferida ao chão sendo atendida. Parada como uma estátua no corredor da morte, Nazaré estava lá. Era uma estátua de cera viva, como se não estivesse ali. Realmente estava em carne, mas o espirito estava afundado em orações mentais pela saúde do filho.

Quando o marido se aproximou, quebrou-se o silêncio. Ao abraçar forte a mulher que, somente naquele momento, conseguiu chorou. Tiffany chorou ao ver aquela cena. Ela então abraçou a mulher, apenas sussurrou: "ele está nas mãos de Deus".

Deus então foi relembrando, ressuscitado depois de anos. Então estava tudo nas mãos de Deus, pensou
o pai do paciente.

Nazaré era a única que sempre teve fé.
Jerônimo naquele recuperou o que um dia lhe fora a fé e, como um náufrago, agarrou-se em Deus, em Jesus, em Maria e em José pela vida do seu menino João Paulo.

Deus não estava morto, nunca os havia abandonado, mas nas trevas onde somente as drogas os colocaram, a escuridão não mostrava jamais luz.

E daquela escuridão, Deus, soberanamente bom, tocou com o fluído universal os corações de todos aqueles que estavam na terra a expiar faltas passadas.