Capítulo 02

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    A metade do meu tempo à tarde passei com Harry organizando algumas coisas para a festa de Joaquim, o pequeno nem sabe do que se trata, mas está feliz e eu e Harry também estamos, irá fazer dois anos e isso significa a data em que Harry está livre do crime. Agora estou no trânsito olhando o relógio a cada dez segundos presa nesse mesmo lugar, Joaquim terá que aguentar mais um pouco até que o pegue na casa de Cristal. Harry já havia me passado várias mensagens perguntando se estou bem e porque não havíamos chegado. Faz cerca de uma hora que estou aqui, Joaquim nem mesmo se importa, ama ficar com a tia, mas já estou com saudades do meu filho e Harry está preocupado com nós dois.

   Quando finalmente chego no edifício, ouço de longe o choro de Joaquim, acho estranho já que ele é super tranquilo com Cristal. será que pensa que o esqueci! Vejo que corre para mim assim que me vê  na porta do apartamento, o pego no colo o abraçando forte, esse é o abraço que aguardo por todo o meu maravilhoso dia, que se torna ainda melhor quando o tenho nos braços. Agradeço Cris por ficar mais alguns minutos do seu horário combinado e volto ao carro, logo irá chover novamente e quero estar em casa quando isso acontecer.
   — Vamos ver o Papá — brinco ouvindo sua risada, limpo os resíduos das lágrimas dos seus olhos e o ponho na cadeirinha no banco de trás, passo uma mensagem avisando Harry que já estamos a caminho de volta. Agradeço que o caminho foi um pouco mais tranquilo do que quando estava vindo, quando chego em casa Joaquim dorme na cadeira, o seguro no colo comigo, levando para dentro de casa, Harry está na cozinha talvez preparando o jantar e assim que me vê vem a meu encontro segurando a bolsa do pequeno. Subo as escadas com sua ajuda e o deito sobre a sua cama. Harry se senta comigo enquanto arrumo sua bolsa para o dia seguinte e o mesmo tira os sapatos de Joaquim.
   — As ruas estão cada dia mais perigosas — descemos as escadas e o barulho da chuva nos alertou que o mundo fora dessa casa, caí.
   — É por isso que acho melhor irmos morar no condado, é mais seguro do que a cidade para Joaquim — o olho — lá tem um ar e contato com a natureza, gostaria de crescer em um lugar assim — me abraça por trás enquanto observo a janela — podemos o trazer para a escola e ir ao trabalho sem complicações — o que será que está acontecendo para ele sustentar esses pensamentos? Sei qeu Harry sempre os teve, mas por que está comentando tanto sobre isso? Quero muito perguntar, mas não irei.
   — Onde você for, vou amor. O que for melhor para nossa família, não importa onde, estarei disposta a ir — vejo seu sorriso e logo sinto seus lábios no meu.

   Depois que nosso jantar acabou, fico a organizar a cozinha e Harry sobe para o quarto. Pratos guardados e balcão limpinho, vou até à sala para verificar as rendas da empresa. Eu e Harry agora fazemos algumas parcerias, eu como uma estilista ele como um design de joias, organizamos muitos desfiles para arrecadar dinheiro para orfanatos e hospitais. Deixo uma mensagem para Paola dizendo que adie qualquer coisa da minha agenda para duas semanas. Quero passar os últimos dias de Harry em casa junto a ele e Joaquim, sei que quando começar a trabalhar não irá parar até o próximo ano, fico triste em pensar que Joaquim passará mais tempo sozinho até que eu e Harry cheguemos do trabalho. Mas fico feliz em saber que minha faculdade acaba em seis meses e estarei formada, em seis meses já é o próximo ano, como passa rápido!

   Apago todas as luzes e tranco as portas de casa, os alarmes estão ligados e só preciso de um banho, observo alguns pontos pretos no jardim. Harry e eu decidimos que Joaquim teria uma vida normal, então os seguranças ficam longe da casa e só voltam a vigiar pela noite, a fase do Joaquim de perguntar está chegando, da birra também, não queremos que ela veja isso e cresça nisso sem entender. Os seguranças não foram dispensados, a maioria está na vigia dessa casa, na de Débora, Cristal e na empresa, quanto na minha quanto na de Harry. No fim das escadas ouço risadas e procuro no quarto de Joaquim para ver sua cama vazia, sigo pelo corredor pouco iluminado para ver a bagunça que o banheiro se encontra com os dois homens a jogar espumas da banheira. Não me viram o que me deu tempo suficiente para observá-los e aproveitar. Giro entre meus calcanhares sorridente indo para o quarto, tiro minha roupa deixando no cesto de roupas usadas e entro no box deixando que a água quente caía sobre meu corpo. Passo um hidratante corporal e prendo meus médios cabelos castanhos sobre um coque solto, visto uma blusa de Harry e vou aos corredores novamente.
   — Não Papá, usa esse — ouço a voz desajeitada do pequeno e ao chegar a beira do seu quarto vejo que escolhe seu pijama enquanto Harry põe a roupa. — Mamã — me olha e abro um grande sorriso para ele.
   — O que o Papá vai contar para você hoje? — me sento a cama pegando o livro vendo que o mesmo corre para mim e se joga a cama.
   — Eu não sei — seguro no livro que Harry lê uma página todo dia, se chama "A cidade fantástica" nunca ouvi falar. Ouço a poltrona ao lado ranger e vejo que já está preparado para a historinha de hoje e é minha vez de participar. Lhe entrego o livro e deito com King que se aconchega ao meu lado. Logo a voz rouca começa de onde parou na noite anterior, era-se permitido imaginar a cada estrofe, na minha mente um jardim com gramas rosas e céu laranja era o que Harry me permitia saber sobre o livro, era mesmo fantástico para uma criança.

Contra o Tempo - Livro 03Onde histórias criam vida. Descubra agora