Capítulo 27

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Anna

  Dentro da van não sei o que se passa ao meu redor, apenas sinto o calor de outras pessoas e meu corpo balançar por estamos em movimento, não digo nada e nem me atrevo, fico quieta do começo ao fim da viagem.

  Seguraram no meu antebraço para começamos a andar, não sei por onde passamos, só sei que a temperatura mudou para frio, pelas pegadas a fazerem ecos talvez passamos em um corredor. Ouço que uma porta se abre e meu corpo é sentado.
  — Quando me disse sobre ela não pensei que seria tão fácil, nem encheu meu saco de perguntas. — É tirado de mim o pano que estava na minha cabeça e a luz demasiada forte bate nos meus olhos me cegando por alguns minutos.
  — Não seria boba sabendo que não me responderia — olho o homem que me olha e abre um pequeno sorriso sacana, ao sair da frente de alguém reparo ser uma mulher. Respiro fundo me perguntando o que estou a fazer aqui.
  — Harry deve ter falado de mim sobre a última vez que esteve aqui — minhas sobrancelhas franzem tentando me lembrar de quando Harry me disse algo sobre ter visto alguém, mesmo esse alguém sendo uma mulher. — Oh! Ele não disse? Que falta de consideração — de trás de si tira um celular, logo na tela começa a passar um vídeo de Joaquim, meu coração palpita a ver que chora.
  — O que você fez com ele? — a mesma guarda o celular e respira fundo me olhando e sorri logo depois.
  — Não fiz nada, ainda. Ele está a me encher o saco atrás da mamãe e do papai — sua voz carrega um deboche que se minhas mãos não estivessem presas já estaria arrastando sua cara por esse tapete horrível. — Falta apenas mais uma semana para que o prazo dado por mim, acabe, e é uma pena não ter te encontrado esses dias, pois, até estive de bom humor para aumentar o meu prazo, soube que Simas e Felipe não estavam onde havia falado, sei que Harry teve que procurá-los e talvez não encontrou ainda.
  — Não precisamos de mais prazo, vou ter meu filho nos meus braços em dias.
  — Ah! Sério? Então conseguiram o que eu queria? — olho no fundo dos seus olhos.
  — Espero que meu filho não tenha nenhum arranhão, e que cumpra com sua palavra.
  — Isso é uma ameaça? — chega mais perto.
  — Espero que tome como uma, pois se acontecer algo a Joaquim, eu juro que vou atrás de você até mesmo no inferno, se Satanás não expulsar você de lá — sorri vendo que minhas palavras a afetam, mesmo por breves minutos antes que esbanjasse seu horrível sorriso de sonsa.

  Novamente tenho o saco preto sobre a minha cabeça, me põem no carro que dispara, balanço tanto que enjoo, não sei se me levam para casa, sei que estão todos quietos e isso me faz ficar nervosa. Demora muito, estou encostada em algum canto da van, eles saíram faz cinco minutos, ouço falatório do lado de fora, alguém come ao meu lado, sinto cheiro da comida e minha barriga ronca, me assusto quando a porta dianteira abre e ouço todas as vozes de uma vez, logo se calam e o veículo volta a andar.

  O carro para bruscamente e tiram o saco da minha cabeça, sinto um empurrão e caio sobre meus calcanhares em frente a casa, minha visão está turva, mas vejo alguém correr e me segurar nos braços, mal escuto o que diz, mas estou sendo carregada nos braços, sinto ser posta no sofá e alguém grita "Anna está aqui". Aos poucos minha visão volta ao normal, estômago ainda embrulhado ouço muitos pés a chegar perto.
  — O que houve? Porque não atendeu nossas ligações? Preocupamo-nos muito! — ouço a voz de Débora e entrego o copo a Shawn.
   — Kora pediu para que me sequestrasse, me levou a um lugar que não sei onde era, pois, fui levada as cegas. Mostrou-me um vídeo de Joaquim a chorar e disse que nosso tempo está a acabar. Ela sabia que eu não estava aqui, mas também não disse nada sobre saber se eu estava na Irlanda — olho para Harry. — Deve ir amanhã mesmo ou até mesmo hoje. Ela está a vigiar e saberá que algo está errado se estiver aqui. Disse-me que nos daria até mais tempo por suas informações terem sido inválidas. Mas não dará mais do que os cinco dias que ainda temos, peça para que Mike mande hoje mesmo essa foto Harry — o mesmo abana sua cabeça positivamente.

  Já no quarto depois de um banho tomado, busco algo na minha bolsa até achar o colar. O seguro o olhando bem, variados pensamentos rodam apenas em torno desse negócio pequeno de ouro. A porta se abre revelando um Harry e o olho enquanto tenho o colar em mãos.
  — O que se passa? — se senta ao meu lado e suspiro, pondo o colar no pescoço, onde ele deve ficar escondido.
  — Se Kora e os chineses estão aqui não por acerto de contas do passado ou simplesmente para nos matar, e se estão aqui por esse colar como todos os outros? — Harry distrai seus olhos dos meus para olhar as minhas mãos em volta do pingente.
  — Provavelmente, mas o que os irlandeses tinham a ver com isso? — dou de ombros a olhar o chão procurando uma resposta.
  — Poderiam ser uma distração, não sei, mas se prestamos atenção, todos estão atrás desse colar e se nele não há apenas uma conta milionária? Se há algo a mais que não disseram a Mike e nem a nós? Algo que poucos sabem. — Harry parece analisar cada palavra minha e pensar nelas como um enigma, mas assim como eu ele não achará respostas.
  — Se tem algo aí que nós não sabemos, é melhor manter guardado. Por que diriam para Mike que diria para nós, guardá-lo como se fosse seu próprio coração? Não preciso saber o que tem a mais, talvez nem mude no nosso futuro. O que irá mudar nosso futuro talvez seja a foto de amanhã.

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