Capítulo 22

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Anna

   Sorri de volta para Harry e olho o segurança a minha frente, tenho tempo até a hora do plano para encontrar os irmãos e sei o que quero fazer até lá.
   — Henry ainda lembra o caminho para aquela biblioteca? — seu cenho toma uma feição confusa, mas logo se lembra e sorrio.

   No carro eu e Harry íamos em direção à biblioteca, fez questão de me acompanhar nesse passeio, Henry dirige e me pego a observar tudo da pequena cidade já que naquele dia estava de noite. Quando o carro para de frente a biblioteca há alguns homens que saem de dentro com livros.
   — O que se passa? — chego perto do homem que tem uma prancheta a mão.
   — Iremos doar esses livros para escolas e orfanatos — foi à única coisa que disse sem justificar nada.
   — Por quê? — me olha arqueando suas sobrancelhas e cruzando os braços.
   — Por que quer tanto saber? É filha do senhor que cuidava dessa biblioteca? — cuidava?
   — Sim sou filha dele — ouço a porta atrás de mim bater e passos estão chegando perto. Ambos se cumprimentam apenas com um aceno.
   — Me acompanhem — olho para Harry e caminho atrás do homem, entramos na biblioteca e o cenário dói o coração, livros sendo levados por homens, muitos em caixas gigantescas. O homem pega alguma coisa atrás do balcão. — Você não é filha dele, pois ele nunca foi casado ou teve filhos, mas vejo que tem algum interesse — coloca alguns papeis em cima do balcão.
   — Sim não sou filha dele, mas, vim aqui a alguns dias e havia algo com ele que... — não consegui terminar a frase, o rosto do pobre velhinho estava na minha cabeça.
   — Bom provavelmente ele já estava sentindo-se mal. Sofria de uma doença e por morar sozinho parece que acabou desmaiando e batendo forte a cabeça. Ele faleceu ontem, todos os seus bens foram doados como seu último pedido, essa biblioteca será fechada, os livros doados e com certeza outros para leilão, são bem antigos. — Encaro o homem ao meu lado e suspiro.
   — Posso — olho tudo ao meu redor — pegar alguns livros então?
   — Fique a vontade, as crianças hoje em dia nem lêem mesmo — parece não se importar e saí apenas para terminar seu trabalho, não posso deixar de me sentir triste, era um homem sozinho, ainda tinha chances de encontrar um amor, mas parece que perdeu as esperanças.
   — Admiro muito a sua competência de se apegar as pessoas. — A voz rouca me chama atenção para ele.
   — Ele parecia tão triste, era por isso, sabia que sua hora estava chegando a qualquer momento. Morreu sozinho. — Passo pelo corpo alto e vou as poucas prateleiras que ainda há livros.

   Na volta para casa não sinto a mesma alegria de quando sai dela, apenas é uma grande tristeza, não conheci Julian, mas apenas por lembrar do seu rosto parece que vivi os vinte e um anos da minha vida ao seu lado. Sinto a mão do homem ao meu lado sobre minha coxa e o olho, reprimiu seus lábios em um pequeno sorriso e me viro novamente para a visão da janela, olho meu relógio para saber que já se aproxima a hora de irmos ao encontro dos irmãos.

   Eu e Harry subimos direto ao nosso quarto, ele com as mãos no bolso de sua calça, eu com livros nos braços. Deixo todos em cima da cama enquanto vejo que só coloca um terno por cima da blusa casual branca, o olhando parece o mafioso que conheci. Não sei onde os irmãos estão e nem se Harry havia tido alguma conexão com Cristal sobre talvez um novo lugar, mas não fiz diferente do homem, vesti um macaquinho comprido vermelho e sapatilhas. Prendo meus cabelos deixando que o único ponto de atenção seja os brincos de diamante que Harry me deu. Segura em minhas mãos e o olho, sorri tão pequeno que quase não aparece seu sorriso, descemos para o segundo andar onde todos já estão com roupas formais.
   — Pronto todos estão aqui, vamos retomar como será o plano — Matty começa. — Harry e Anna irão entrar no pub, parece simples pessoas como estão vendo, Cris nos alertou que mudaram de planos, então provavelmente Gael já avisou aos irmãos sobre nós. Eu e uma parte de vocês iremos para onde provavelmente está Gael, Harry, Anna, Mike e Augustos vão para o pub.
   — Estaremos em menos quantidade, então irei passar uma mensagem quando os irmãos saírem e também me mandarão quando Gael sair. Dependendo do que houver, se eu e Anna não saímos de lá entrem com Gael, provavelmente tentarão algo conosco e não farão se estiverem lá — Harry termina.
   — Enfim diremos nosso plano, se não aceitarem os matamos — então era isso que falavam de manhã naquela mesa no quintal?
   — Prontos? — Simon aparece de algum canto da casa e se junta a nós.

   Harry que dirige, pelo que estou vendo, nada de seguranças, confesso que me sinto nervosa como nunca me senti para um negócio, não sei o porquê talvez o acontecido de mais cedo me abalou e confesso surpresa por Harry não me deixar em casa. Ele parece tão pensativo quanto eu, estamos indo para algo que está fora do plano de Kora, arriscando tudo falhar, mas é o que pensamos para salvar nosso filho, e de um lado o outro iremos salvá-lo. Se não aceitarem nossa proposta amanhã Joaquim está solto e com certeza a terceira guerra mundial será feita pelos irlandeses contra os ingleses e os ingleses contra os italianos e chineses. Quem será que ganha? Estaremos sozinhos como sempre

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