Capítulo 09

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   Hoje o dia está tão corrido quanto ontem, havia saído mais cedo que Harry, o mesmo ficou de levar Joaquim para a escola e me disse que hoje chegaria mais tarde do que o de costume, pois veria tudo sobre o lançamento das novas joias. Na minha empresa também nada estava tão organizado, já que corríamos de um lado para o outro por causa das entregas dos tecidos de roupas, havia de lembrar que Harry iria lançar uma marca delicada e eu iria lançar uma tendência nova, estava no embalo de algo mais leve e natural que combinasse com as joias para um desfile de duas marcas, não iria viajar para a divulgação, mas mandaria Fineas em meu lugar. Enquanto ele já está a caminho de Nova York a nova secretária que ficará em seu lugar em uma semana chega. Estou em nervos enquanto faço documentos e olho designs, não tive tempo de pegar no celular nem mesmo ver as ligações que caíram. Estou tão eufórica que tenho que sentar para puxar o ar, mal havia percebido que se passou três horas desde que às últimas peças saíram para a Itália. Descanso um pouco a ver como seguranças entram em saem junto com os transportadores. Seguro no celular vendo que já são quase cinco horas e, já, já é a hora de buscar Joaquim.

   Respondo algumas mensagens e pego na minha bolsa. Daqui uma hora todos os funcionários iriam embora e os seguranças fechariam para mim. Entro no carro a caminho da escola do menino, Harry não havia passado uma mensagem ainda para mim, saberia que está em reuniões pelo dia, já que nem almoçar eu fui, não saberia nada do que ocorria do outro lado do quarteirão. Paro em frente a escola e espero pelo menino, se passam dez, vinte minutos e nada de Joaquim. Resolvo entrar para ver se não dorme e as professoras tentam o acordar.
   — Com licença, oi Kay, onde está Joaquim? — a mulher parece confusa a me olhar.
   — Como assim? Você não mandou um dos tios dele vir o buscar? — meus olhos arregalaram e seguro no meu telemóvel saindo correndo pelos corredores, a primeira pessoa que pensei em ligar foi Mike, só ele poderia e tem a autorização de retirar Joaquim da escola.

~*~

  São nove da noite e Mary tenta me acalmar, Harry não havia chegado e Mike está vindo para cá junto a Cristal, vinte e cinco ligações perdidas para Harry e estou a ficar muito preocupada, não consegui me sentar um segundo se quer desde que cheguei, acho que poderia ter abrido um buraco no chão com o meu nervoso. A porta se abre e olho o homem de terno, corro até ele e vejo que em sua maçã do rosto tem um arranhão.

   — Harry o que foi isso? — o mesmo passa por mim e fecha a porta atrás de si, me viro entre calcanhares vendo que Mary não se encontra mais conosco. — Por que não atendeu minhas ligações? Te liguei a tarde toda! O que foi isso no seu rosto? — vou para perto do mesmo que está de costas — caramba me responde! Lev...
   — Levaram ele — sua voz numa rouquidão me faz parar no meio da frase, engulo em seco enquanto ainda tento engolir e processar o que disse — os malditos Italianos levaram ele — seus olhos veem a mim, enquanto seu corpo também se volta para minha pessoa, marejados e avermelhados — não aceitei a droga que me propuseram e levaram Joaquim! — dou dois passos para trás pela fúria que transborda de si e ainda não acredito no que saiu da sua boca.
   — Você sabia? Sabia que poderiam levar nosso filho e não fez na...
   — Não sabia que iriam levá-lo se eu não aceitasse a droga do acordo! — anda de um lado para o outro — agora amanhã querem me propor outra coisa.
   — Mais que droga Harry são os caras que estão a te perturbar desde a viagem que fizemos? — Chego mais perto do homem que me olha fazendo dar um passo para trás
   — Estão a nos vigiar desde antes da viagem, a ligar, a tentar alguma coisa, sim você estava certa eram inimigos, mas eu não quero voltar a matar Ann...
   — PODEM MATAR JOAQUIM! — me olha com seus olhos arregalados, era a primeira vez que minha voz elevava para ele — por que não me contou a verdade!? Era por isso que Mike e você estavam tão inquietos, tão misteriosos.
   — Queria proteger nossa fam..
   — Poderá matar seu filho por isso! — vejo que suas sobrancelhas franzem e dá dois passos para trás, a porta atrás de mim bate, mas não faço questão de olhar quem é, apenas observo como as minhas palavras foram como um tiro no seu estômago — vai lá, seja o que for que querem ou proponham, mas traga o nosso filho de volta! — passo pelo homem a subir as escadas, entro no quarto pondo um pouco de uísque em um copo e engulo de uma vez, enquanto às lágrimas descem a pensar no pequeno menino pálido tão parecido com o pai.

Contra o Tempo - Livro 03Onde histórias criam vida. Descubra agora