Capítulo 18

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   Anna

   Harry havia chegado e me contado tudo o que aconteceu, agora tento entrar em contato com Cristal de todas as formas, mas parece que a garota havia perdido contato com Harry ou algo mais grave aconteceu, o que nos faz ficar com os nervos a flor da pele, são muitas coisas acontecendo de repente em um momento só, numa escala enorme em pouco tempo.
   — Harry não acha melhor falar de algum telefone desconhecido de algum lugar na rua, não sei — vejo que suspira e joga o celular para cima da cama deixando seu corpo relaxar sobre a poltrona enquanto passa a mão no rosto.
   — Teremos que avisar logo isso a ela, se Gael não conversar os irmãos para que tenhamos uma conversa, não terei tempo o suficiente para fazer um plano, você não terá tempo de voltar e não teremos tempo para salvar nosso filho — olho em seus olhos quando sua visão se direciona a minha e suspiro em derrota.
   — Me diz o que você quer, irei lá fora com Henry e tento dizer a Cristal tudo o que me falar. Ok? Mantém a calma Harry, tudo se resolve na calma! — concorda enquanto solta o ar dos seus pulmões para fora.

   Caminho entre as ruas na companhia de Henry e acabo por achar uma biblioteca, entro na mesma e não há ninguém, o sino na porta tocou a alguns minutos assim que a cruzei e enquanto ando entre os corredores cheios de livros não aparece ninguém, não me parece racional ter uma biblioteca que não há nenhum senhor na recepção.
   — Posso ajudar? — ouço a voz desgasta e olho para trás vendo um senhor baixo, sorri comigo mesmo segurando o livro que me chamou atenção.
   — Estou visitando a cidade, entrei aqui e por acaso me apaixonei por esse livro, mas meu objetivo é saber se tem um telefone para me emprestar? — ouço sua risada rouca enquanto faz alguma anotação me entregando o livro.
   — Se gostou tanto, pode levar para você minha jovem. Quanto ao telefone, me acompanhe — me parece um bom homem sem maldade no seu coração, como estaria disposto a me deixar levar o livro e, ao mesmo tempo, ainda me disponibilizar um telefonema dentro do seu escritório? Essa sua boa vontade não me faz desconfiar, ao mesmo tempo, que penso como estar nesse mundo da máfia me faz desconfiar de tudo e todos e nunca confiar em alguém, um simples ato de bondade se torna uma emboscada.
   — Muito obrigada, não tomarei muito tempo.
   — Fique o tempo que precisar — sai do meu alcance e olho para Henry que observa o ambiente cheio de caixas, fede a poeira aqui. Disco o número de Cristal. Chamou, chamou até que ouço sua voz.
   — Cris me escuta com atenção, Harry e ninguém que está aqui poderá ter acesso a vocês em Los Angeles, sei que Débora avisou. Preciso que você passe todas as informações dos irmãos para Harry, mas que nada além disso seja feito. Harry precisa que você puxe a ficha de um dos homens deles, seu nome é Gael e atende pelo representante, temos um plano e daqui dois dias ou menos já estarei aí para dizer a vocês.
   — Entendido — foi á única coisa que saiu da sua boca antes que desligasse. Tiro uma boa quantia do meu dinheiro deixando encima da mesa do escritório do pobre homem. Saio vendo Henry, um pequeno sorriso desenha minha face. Passando pelo pobre velho o cumprimento e agradeço novamente a grande gentileza que fez. Agarro o livro para mim e entro no carro de Henry, olho para e biblioteca vendo que agora a placa que antes dizia aberto se virou para fechado e que as luzes se apagaram, no meu relógio de pulso marcava nove da noite e sei que no quarto há um homem preocupado.

   Andando pelos corredores onde o pequeno salto faz eco, me surpreende que os tios de Harry já estejam a cama. Entro no quarto onde vejo o homem em cima da cama, tem papéis ao seu redor observo tudo antes de sentar sobre a poltrona.
   — Harry tem uma ideia do que os irmãos irão falar?
   — Se aceitarem pode haver um plano, tal que talvez já seja contra os italianos, um inimigo a menos — diz sem tirar seus olhos dos papeis que tem a mão. — Conseguiu?
   — Consegui mais que uma ligação — suspiro derrotada, com a imagem daquele velhinho a mente, me trouxe sentimentos de solidão, os olhos mortos trazendo algo, talvez uma tristeza, me dói saber que deve ser sozinho com os livros.
   — Onde conseguiu isso? — lhe jogo o livro que pega a mão e tiro o casaco pesado de mim.
   — Entrei em uma biblioteca e um senhor gentil me deu e concedeu a ligação para mim — meus lábios se contraem enquanto sento ao seu lado. — Nele vi a solidão pura e a tristeza amarga, me senti tão sobrecarregada olhando para ele, me dói saber que é sozinho.
   — Lembre-se que um dia também seremos velhos ou eu, ou você estaremos sozinhos — respiro fundo e me deito olhando o teto.
   — Disse a Cris o que pediu, concordou e logo receberá todas as localizações dos irmãos e a ficha de Gael.
   — Muito obrigado — sinto seus lábios nos meus — recebi mais um vídeo de Joaquim — suspiro em alívio quando me levanto olhando o seu celular.
   — Por que não o devolvem já que não o querem? — observo Harry que tem um mínimo sorriso.
   — Porque não sabem que estamos um passo além deles...

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