Capítulo 28

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  Anna

   Tudo desde manhã está estranho para mim, Harry havia saído há alguns minutos, quarenta, mais ou menos, não mandou uma mensagem até agora, a casa parece agitada, estou à flor da pele a andar de um lado para o outro no jardim enquanto meu maior alvo é o portão, não sei o que pode está acontecendo e qualquer coisa milimetricamente errado na foto pode levar tudo por água a baixo.
   — Anna? Meu Deus está pálida! — ouço a voz de Cris e a observo vindo rápido em minha direção — está tremendo — sem reação alguma deixo que me guie de volta para dentro de casa enquanto sinto que meu estômago vai explodir de tanta borboleta.
   — Eu estou com medo de tudo dar errado, sei lá estou com medo do meu próprio plano, tudo está acontecendo agora e Harry não mandou mens...
   — Anna — vejo como me olha com seus olhos castanhos diferenciados, há preocupação neles e eu apenas respiro fundo sentindo as lágrimas. — Harry vai mandar mensagem quando chegar, ainda falta meia hora, sabe que só quando ele estiver lá é que mandarão a foto, se acalma, tenta estar em boa condição para receber Joaquim e executar o plano como falamos, sim? Toma uma água com açúcar e tente descansar no seu quarto — apenas assinto soltando um longo suspiro.

Harry

   Quando estava a caminho do aeroporto eu e Dantas fomos parados por um carro que está agora nos levando para algum lugar, olho para os homens a nossa volta enunca pensei em como rostos conhecidos me acalmam, ainda mais esses rostos. Estou calmo por saber que se trata de Kora, mas, ao mesmo tempo, me sinto apreensivo, ontem mesmo enquanto Anna dormia pedi para que Mike mandasse a foto por volta das uma da tarde, o meu plano havia falhado em chegar ao aeroporto graças a Kora, poderei a enrolar em dizer que vim antes que mandassem à foto, meu plano era estar na Irlanda meio-dia e trinta, mas agora estou a andar pelos corredores da sua casa a ouvir apenas os passos, um saco preto foi posto a minha cabeça e me pergunto o que farão á Dantas, meu coração bate forte por um amigo e anseio ouvir um tiro, a todo o momento estou atento, tentando saber se Dantas está ao meu lado, há passos de três pessoas, não existe uma quarta.

   Sou posto sentado em um lugar que é silencioso, a porta se fecha novamente e sinto que o saco é puxado da minha cabeça, meus olhos se abrem a ter a visão de dois pés encima de um salto fino vermelho. Com a visão acostumada ergo minha cabeça para ver o sorriso vermelho de Kora.
   — Senhor Vitsky! — diz em alegria, talvez um pouco de sarcasmo — quando sua mulher me disse sobre serem rápidos mesmo sem minhas informações, não pensei que já teria as fotos em mãos.
   — Quer os corpos também? Pedi para reservá-los pra você por alguns dias, lamento se estivem com baratas — Kora não tira o seu sorriso dos lábios, e nunca pensei isso, mas gostaria de tirá-lo com um murro nos dentes, mas não faço isso, talvez se ela fosse um cavalheiro.
   — Bom, como temos um acordo — minhas mãos são soltas da corda e olho o homem atrás de mim, o barulho da porta me fez sorrir. Esperançoso me viro para ver Joaquim, mas meu sorriso se vai quando sou acertado com uma faca no estômago. Não é possível, não pode ser, por quê? Depois de tanto tempo, depois de tudo, do luto, da negação, da culpa, entre a porta está Emma a segurar Joaquim nos braços enquanto me perfura a dor que é vê-la. Sinto que a faca que entrou no meu estômago no começo passa por todo meu corpo a rasgar até meu coração, era Emma, de carne e osso.
   — Olá Docinho — seus saltos fazem barulho até chegar perto de mim.
   — Papa! — sorri segurando meu menino.
   — E aí campeão, senti sua falta também — o abraço ainda tendo meus olhos nela.
   — Seu filho é um amor — consigo sentir o ódio e sarcasmo na sua voz — saiam! — Todos a nossa volta se retiram e ficamos a sós, Emma se senta a minha frente na cadeira que antes eu estava e cruza suas pernas, nunca tirando nosso olhar. — Quem é a pobre garota na qual você está usando agora? Surpreende-me você ainda ter um pouco de amor por esse pobre menino, porque acho que a mulher na qual você desconta sua raiva de negócios em forma de fetiche, essa ai você também está esperando a morte dela para partir pra outra? Vai abandonar a criança também?
   — Emma, voc...
   — Não, eu não morri. Depois que me abandonou no hospital pedindo para desligarem os aparelhos, acordei, mas você não quis saber, né? Voltei para casa depois de muito tempo, aprendi a andar de novo, porque não sei se você sabe, mas fiquei paralizada por muito tempo, a não! Você não estava lá. Harry Van Vitsky — se levanta — te trouxe aqui por não aguentar mais essa criança e para dizer que sinto muito por você e por Annastácia, é o nome dela, não é? Vocês vão pagar, por minha vida, por meu pai — Emma está a dar uma volta completa pelo meu corpo enquanto ouço sua voz a dizer bobagens e sinto como minha raiva, quando para sua volta por meu corpo, minha raiva queima em seus olhos — por cada maldita chicotada que você deu em mim, e quando você e sua "babyzinha" estiverem mortos, será esse seu filhinho irritante e sua família logo em seguida. — Seus saltos fazem barulho quando dá meia volta e ao segurar a maçaneta da porta, minha voz a faz parar e ficar de costas.
   — Tente chegar perto da minha família, que eu garanto, o último tiro será na sua testa e se você não morreu antes, sua mãe e seus irmãos terão mais um morte para lamentar. — Seus olhos vieram em minha direção em puro ódio e seu corpo se virou por completo em minha direção enquanto seguro Joaquim nos braços. Um sorriso se formou nos lábios vermelhos e a mesma dá dois passos para frente.
   — Eu estou de volta à vida e que a guerra comece, Vitsky.

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