Capítulo 05

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   Pelo fim da noite Harry havia sumido na companhia do seu cunhado, não sei para onde foram, apenas sei que estou na companhia das mulheres e tio Mike em uma roda na sala a conversar, havia percebido que Mike também está estranho, olha todo minuto todo instante para a janela, está escuro o que procura? Só eu percebo isso? Por que ninguém mais vê, como os dois estão estranhos? Sim, ficamos preocupados, mas tudo está muito esquisito e estão tentando esconder algo, os homens estão tentando não deixar que saibamos de algo que nos preocuparia, mas só eu percebi o modo como estão se portando, não é normal, tem alguém a nos observar? Ou até mesmo estão com medo de alguma coisa? Subo para achar Joaquim no quarto sentado ao chão, o seguro no colo e sinto seu abraço, em direção a janela vejo o carro de Harry, ele e o cunhado sai do carro, não me vê, mas posso ver como está agitado e como olha para o celular enquanto Anderson fala. Suspiro e deito a cama fazendo o pequeno dormir novamente, não quero discutir com Harry mesmo que esteja me remoendo por dentro para tirar dele tudo que sabe ou até mesmo fazer isso com Mike, mas não vou o fazer. Só tenho medo de me arrepender depois do pior.

   Pela manhã quando acordo Harry e Joaquim não estão a cama, se ouve a risada de todos daqui de cima, olho o relógio e já é muito tarde, realmente estava cansada para dormir tanto assim. Depois do banho ponho uma roupa não tão quente e não tão fria, está nublado hoje e pelo jeito o sol não aparecerá pelo resto do dia. Desço as escadas e seguro em uma maçã enquanto viro em meus pés para a porta dos fundos, Cris está a correr com Joaquim e Harry a conversar com Débora, parece mais calmo, sem preocupações, isso me acalma. Seus olhos encontram os meus a manter fixado e só para quando ouço que Joaquim grita meu nome enquanto Cristal faz cócegas em sua barriga tão pálida quanto eu e Harry juntos. Corro em direção ao menino que implora que paremos de lhe torturar. 

  A manhã foi muito boa e calma mal falei com Harry, no entanto, aproveitei a manhã na companhia das pessoas que não tenho na minha casa a não ser Mary. Diferente da manhã pela tarde Harry já estava preso naquele celular, não quis ficar a ver como ele está torturado, resolvi sair com Cristal e ir ao shopping assistir algo com Joaquim, porém, mesmo com todos a rir, só estiu a pensar e pensar, não quero estragar as férias do pequeno, sei que Harry também não, mas está começando a estragar. Quando voltamos Débora nos alertou que Mike e Harry saíram. Não gosto de pensar que estou paranoica perante a tudo o que está me rondando e que nada pode estar a acontecer, mas pressinto, sei que algo acontece Harry, não estaria tão preocupado desta forma, nunca o vi assim em todo o tempo que estamos juntos. Era pela madrugada quando a porta do quarto foi aberta pelo homem de cabelos médios, não consegui pregar meus olhos desde que entrei nesse quarto e decidi por uma vez por todas um fim nessa história, sei que disse a mim mesma que não o questionaria, mas pelo bem da minha saúde mental, é melhor por um fim.
   — Ainda acordada? — me cumprimenta com um beijo e o encaro — o que se passa?
   — Por que está tão estranho? Por que Mike está tão estranho? — ouço seu suspiro. Sei como também está esgotado da minha desconfiança, e está longe de mim pensar que pode ser uma traição. É muito mais complexo do que uma mulher envolvida, é algo com alguém que pode fazer mais do que destruir nosso casamento.
   — Já disse que não é na...
   — Não Harry, se não fosse nada, estaria pouco se importando com esse celular, não estaria tão preocupado com o que tem lá — aponto para a janela — sei que todos estamos preocupados com coisas, com novos inimigos, empresa. Mas isso está me deixando nos nervos! — olha em meus olhos e não faz questão de desviar o meu olhar — está tendo noção que seu filho está começando a sentir falta de você, é as férias dele Harry! Pode deitar um pouco com ele sem olhar para o celular e contar a história dos três porquinhos? — estou alterada e Joaquim se mexe na cama, suspiro desviando os olhos dos seus, tudo isso está a matar-me por dentro e só o que quero, uma explicação básica do que está a acontecer. — O que te preocupa? — uma ênfase na palavra para ver se pelo menos entende o que estou necessitando, apenas uma resposta, mas nada saiu da sua boca, apenas continuou a me olhar, não demorou muito para desviar dos meus olhos para Joaquim à cama.
   — Não é nada — foi o que saiu, o que fez minhas sobrancelhas se juntarem em mais raiva e, ao mesmo tempo, meus ombros caírem em derrota. Disse tão baixo que mal escutei, mas nos seus olhos vi a derrota e tortura, nada? Tem certeza que não é nada? Sume para o banheiro e cravo as unhas na carne da palma da mão, mordi a carne da bochecha, mas não fui em sua direção esmurra-lo para que me diga o que acontece. Me sento ao lado do menino dorminhoco ainda olhando a porta do banheiro, não tenho nada de sono apenas raiva.

Contra o Tempo - Livro 03Onde histórias criam vida. Descubra agora