Cápitulo 24

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   Estamos atentos para qualquer hora que se levantem e se retirem para o corredor que leva aos fundos. A cada segundo vejo que a água que bebo está se mexendo e sei que é fruto das pernas nervosas de Harry. Encaro o homem ao meu lado que está a roer suas unhas em ansiedade, seguro sua mão encima da mesa e coloco minha perna encima da sua por baixo da mesa, tenho a atenção dos seus olhos. Sorri para o mesmo na esperança de lhe da uma confiança, é o meu modo de dizer que está tudo bem. Percebo que aos poucos se acalma e suspira pesado bebendo a minha água toda. Quando a cadeira do outro lado do Pub é arrastada nossos olhos vão aos irmãos que apertaram a mão do homem que conversavam, saem pela porta e logo atrás seus capangas, Harry se vira para mim com os olhos arregalados em atenção e logo Mike também sai atrás dos homens, Harry segura minha mão me puxando com ele para a mesma porta que passaram oito homens, observo o garoto atrás do balcão secando copos, para ver que nos observa e faço sinal de silêncio piscando para o mesmo que tem seus olhos surpresos. Passamos pela porta a ver que Mike já tem uma pistola na cabeça de um segurança e que Augustos segura mais um, paro meus passos em surpresa, coração acelerado como se nunca tivesse passado por isso junto a eles, talvez eu esteja mais nervosa que Harry. Assim nos viramos em direção a ir atrás dos dois, o corredor e longo e tem pouca luz para se enxergar, o lugar parece maior do que realmente aparenta, andamos apreensivos, não queremos matar ninguém se não for preciso, penso se não houvesse Mike e Augustos aqui, seria apenas eu e Harry, ultimamente Harry não faz mais nada sozinho, mesmo que tivesse aposentado da máfia, mas não deixa sua família fora, ele abandonou o seu lema de solidão a muito tempo. Ao viramos o corredor fomos surpreendidos com o barulho de um tiro e, ponho meus braços acima da cabeça protegendo meu rosto e me encolho, ouço passadas rápidas de sapatos e ao abrir os olhos vejo Mike a correr em direção aos seguranças e os irmãos, Harry e Augustos já estão muito a frente de nós dois corro junto ouvindo Augusto gritar que quer apenas uma conversa, num passe rápido entre corredores e portas chego em um local aberto, sozinha e ouço as vozes dos homens, ando até onde estão, e cada um tem um arma apontada para cabeça de cada um.
  — Solte suas armas, estão com dois seguranças meus e eu tenho mais dois comigo, estão em desvantagem — saco minha arma e aponto para um da direita enquanto Harry aponta para o da esquerda e para um dos irmãos.
   — Errado, não estamos em desvantagem — vejo o olhar do homem que há minutos antes conversava comigo no balcão.
   — Sabemos porque estão aqui, Gael nos informou — vejo seu sorriso e olho para Harry. — Não queremos ouvir nenhuma proposta de vocês. — Do outro lado aparece Matty com os restantes dos nossos companheiros e Gael, vermelho segurando o braço de Matty que aperta seu pescoço.
   — Que bom que ele te informou, era o que queríamos e lamentamos ter ido visitar a família dele e apelar para esse lado — Harry diz e observo Gael a chegar — não queremos nada a não ser uma reunião. Nós não viemos para machucar ninguém, só queremos conversar, eu conversei com você lá dentro e sabe que se fosse capaz de qualquer coisa já teria o feito. Vamos? — os seis homens nos olham, nós com dois dos seus seguranças e Gael quase sem ar nos braços de Matty, olho no olho de um dos irmãos, o que estava conversando comigo, todos nós a volta deles seguramos nossas armas apontadas para eles, sou a primeira a abaixar a minha e Harry o segundo a abaixar a dele e logo todos em seguidas abaixam suas armas.

   O pub havia sido fechado apenas para que conversemos, Simas e Felipe estão a minha frente a esperar que eu e Harry disséssemos o que viemos dizer.
   — Indo direto ao assunto, somos da máfia inglesa, me aposentei há dois anos para poder cuidar da minha família, mas há algumas semanas fui sequestrado por Kora — ambos se encaram — Kora me propôs uma missão na qual não tive escolhe em dizer não. A proposta que ela fez era matar vocês dois, me deu todo suporte preciso para encontrá-los, cada passo que vocês davam. Mas com o passar do tempo, percebi uma coisa, é tudo tramado — Simas e Felipe em confusão nos observam e antes que vá falar o interrompo.
   — Há alguns homens que andam vigiando nossa casa e Kora nos entregou que não são os Italianos, percebemos que eram Chineses. Os italianos estão junto com os Chineses contra nós e o objetivo deles é colocar vocês contra nós também, então propus uma coisa aos meus amigos aqui e meu marido, não temos nada contra vocês, os Italianos estão na sua cola, os Chineses estão na nossa, e os dois querem colocar vocês contra nós para nos matar, ou seja, também matarão vocês depois, vocês também não têm uma aliança com os Chineses. Não queremos matar vocês, poderíamos nos aliar contra nossos inimigos em comum — o silêncio é o que consigo em instantes, ambos a nossa frente parece analisar a proposta.
   — O que Kora falou para você usar contra nós?
   — Nada, é aí que está! Ela queria me usar para eliminar vocês dois sem sujar as mãos dela, em troca o resto de vocês me matariam e com certeza ela mataria os chineses ou ao contrário. Ela não se importa com ninguém, matará todos, foda-se os aliados, me pediu apenas uma foto para comprovar que os matei, não quis aceitar no começo, mas ela sequestrou o meu filho — o fato de Harry citar Joaquim fez com que os irmãos retorcessem suas feições. — E então?
   — Filhos são sagrados — isso era um sim? — podemos planear, vocês querem eliminar os chineses e nós os italianos. Iremos mandar a foto para Kora — Harry me encara com as sobrancelhas franzidas. — Podemos fingir uma morte, você tira foto e manda para ela.
   — Assim ela irá libertar meu filho! — digo a sorrir e vejo que ambos concordam.
   — Não iremos perder um aliado como você, já ouvi falar muito sobre vocês e estão fazendo algo por nós, temos família e escolheram não nos matar. Vamos sim ajudá-los contra nossos inimigos — Simas estende a mão a Harry e abro um largo sorriso. Por favor mente, não me faz pensar em como foi fácil demais.

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