Hoje eu e Harry estamos tão atarefados que nem mesmo almoçar juntos como de costume nós podemos, ando de um lado para o outro na empresa enquanto Fineas está atrás de mim a dizer quantas reuniões foram adiadas por conta das viagens que Harry iria fazer, concordo com o mesmo assim que dou um último gole no meu café já frio.
- Iremos sair todos mais cedo hoje, sim? Avise a todos - Fineas para de falar e respira fundo derrotado, abaixa sua pasta de documentos que supostamente seria minha para assiná-las. Estou livre de pequenas letrinhas e minha cabeça dói, me sinto totalmente incapaz de fazer qualquer coisa desde que Harry não fala comigo desde o almoço, agora sei o que sente todo instante e toda hora, não recebo uma mensagem a quatro horas e já julgo que foi sequestrado por inimigos que nem sabemos de onde veio. Tento manter a calma quando seguro nas chaves do meu carro e no meu cardigã. Desço o elevador principal em direção ao hall de entrada me despedindo de Kath. Entro no meu carro devidamente quente diferente do ambiente de fora e arranco pela estrada para a escola de Joaquim o buscar para irmos para casa, sei o nível do meu nervosismo quando vejo que os nós dos meus dedos estão tão brancos quando a minha própria pele. Tomo um par de inspirações novamente tentando deixar os meus nervos calmos.A única coisa que me deixa nesse estado de relaxamento é ver o sorriso da criança que corre em minha direção com sua pequena mochila às costas, agarro o pequeno corpo para mim, sentindo a sua leve colônia e seus cabelos com poucos cachos baterem em mim, seus olhos numa mistura do marrom e verde me encaram e assim que pula do meu colo em alegria olho o que olha e vejo que Harry caminha em nossa direção, abre um largo sorriso a olhar para o menino que corre em sua direção. Vejo que o agarra a si e os observar me faz ver o quão é parecido com o pai, até nos lábios devidamente rosados. Suspiro pesado, pois, todas as aflições que me afligiam foram embora quando o vi chegar. Vindo em minha direção com o filho no colo, tem um sorriso e parece calmo, nada demais. Mas não deixei de notar que está aconchegante em calças pretas de moletom e uma t-shirt normal branca como de habitual, parece não sentir o frio que faz aqui fora. Como em uma estação quente como a primavera pode se tornar fria em dias em Londres. Veio a pé e pelo jeito já estava em casa.
Assim que nossos pés tocão o chão da sala de estar Harry caminha para seu escritório enquanto permaneço na sala com Joaquim ao colo a pensar se realmente está tudo bem. Só ignoro e saúdo Mary com um boa noite já que daqui uma hora, já se vai. Dou um banho em Joaquim e tomo um também, visto o pequeno com seu pijama e não demora muito que capote em sua cama, levanto a proteção para que não caía no chão caso acorde e volto ao corredor agora iluminado apenas pela lua, acendo as luzes e desço as escadas e Harry está na sala com alguns livros ao redor e o seu notebook.
- Não irá comer amor? - sento ao seu lado fazendo leves carinhos em suas costas enquanto seus olhos estão vidrados na tela azul.
- Estou sem fome, comi agora pouco - me olha tirando seus óculos e sorrindo, lhe beijo a boca sentindo o seu gosto e, ao mesmo tempo, a sua colônia de barbear - tenha um bom apetite.Deixo-lhe um sorriso enquanto levanto do sofá deixando que trabalhe em paz. Mary me acompanhou no jantar e se foi embora por volta das sete e quarenta da noite, enquanto lavo a louça que sujamos observo o jardim, tenho uma leve impressão de ser observada, sei que os seguranças estão aos derredores de nós, mas me sinto tão incomodada com algo que não sinto a muito tempo. Volto a sala para subr e ir bisbilhotar Joaquim, Harry permanece no sofá amontoado de documentos, subo quieta, com minha cabeça doendo de tantos pensamentos, da empresa e de outras coisas que voltam a me atormemtar, o menino ainda dorme tranquilo e vou ao quarto para trabalhar nas novas peças, seguro na maleta que trouxe comigo hoje e jogando todos os papéis encima da cama observo que algumas das coisas que desenhei são joias para a nova coleção que Harry planeja lançar, é algo bem delicado diferente de todas as linhas já lançadas, em homenagem a Joaquim temos a linha de Rei. Sorri com a dedicação de Harry e sei que a metade desses lucros serão para hospitais de crianças com câncer, admiro muito a sua empatia por todos e como se importa com pessoas que nem mesmo conhece. Vou a caminho da varanda para pegar um ar enquanto tenho um copo pequeno de uísque nas mãos, encaro às estrelas enquanto na minha mente surge um desenho de um vestido, azul da cor do céu e tão iluminado quanto às estrelas. Logo vejo a rua à frente dos muros da casa, tão escura que me pergunto que horas são. Entro quando sinto frio e vejo que pela porta Harry passa com seu notebook e alguns plásticos com papeis dentro, creio eu documentos.
- Fiz alguns desenhos quando estávamos na casa de Débora, em um momento de inspiração - lhe entrego vendo que analisa, logo um pequeno sorriso surge do lado do seu rosto.
- Penso que já tenho uma peça preferida - sorri para mim me dando um selinho e devolvendo o papel vai para o banheiro, fico a olhar a parede à pensar o quão estranho está e poucas palavras têm. Suspiro e deito o esperando, quando já estou prestes a dormi, sinto seus dedos gélidos me puxar para perto.
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Contra o Tempo - Livro 03
RomanceDepois de por o fim na vida de crimes. Harry e Annástacia vivem felizes com seu filho em Londres. Ainda repletos dos pontos negros pelo jardim, as preocupações de Harry vai além do que apenas proteger a sua família. Mas um dia, em um pequeno descuid...