C A P I T U L O 11

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- Qual seu nome? - Eu o encarei meio sem graça.

- Ah é, me esqueci que você não se lembra de mim, ainda não me acostumei - ele abaixa a cabeça um pouco triste - É Nicolas.

Depois dele ter dito o nome, meu pai me puxa pelo braço e me pega no colo, não me dando tempo de se despedir.

- Marjorie, voce realmente tem o gênio da sua mãe. Não entendeu que ainda não está cem por cento.

Depois de mais uns dias no hospital, os médicos me deram alta e voltei pra casa ainda com ajuda das muletas.

- Filha, eu e seu pai decidimos que você deve ficar sem a moto por um tempo.

- Que moto ?

- A minha querida, voce não se lembra, mas nós te demos uma moto, foi com ela que você se acidentou.

- É estranho ficar chateada por perder algo que nem lembrava que tinha. Mas ela ainda tá funcionando ?

- Está na oficina - Diz papai.

Depois de falarmos sobre o acidente, decidi me deitar. Peguei o celular, e vi que tinha várias mensagens e ligações das meninas.

Respondi algumas mensagens e dormi.

No dia seguinte...

- Bom dia mãe e pai.

Disse enquanto caminhava em direção ao banheiro, quando noto um objeto estranho na estante da sala.

- O que é isso ? - pergunto.

- Um tocador de vinil - Diz mamãe.

- Eu sei o que é, quero saber quando que comprei isso?

- Nunca comprou, você ganhou do Nicolas.

Agora havia entendido o porquê dele ter me dado um vinil quando estava no hospital. Naquele mesmo instante pego o tocador e levo para meu quarto. Mexendo em minhas bagunças, encontro o vinil que Nicolas havia me dado e o coloco para tocar.

Minhas músicas favoritas estão dentro daquele enorme disco, não sei como, mas estava.

(Celular tocando)

- Alô?

- Oi, é o Nicolas.

- Oi, eu estava escutando as músicas que me deu.

- O vinil?

- Sim.

- Queria saber se podemos nos ver.

- Mas vai ter que ser aqui em casa, ainda não posso sair.

- Ok, chego em cinco minutos.

Ainda deitada, permaneço escutando as músicas, esperando pelo Nicolas.
Ouço um barulho vindo da porta da sala.
Quando o vejo se aproximar do meu quarto.

- Oi, queria saber se estava bem - Diz um pouco triste.

- Estou bem, fico feliz que tenha vindo, tenho algumas perguntas.

Ele se aproxima e puxa uma cadeira, sentando ao meu lado. Começamos a conversar e fiz diversas perguntas sobre nós e sobre ele.

- Tá, então somos namorados e nos damos muito bem - ele olha para o lado tentando evitar contar algo.

- Preciso te dizer uma coisa, mas antes de tudo quero que saiba que eu a amo. Eu fui o culpado pelo seu acidente, foi culpa minha.

- Como assim culpa sua?

- Nós brigamos, por culpa minha.

- Ei - coloco minha mão sob seu rosto - se nos brigamos ou não, isso nao o torna culpado de nada que aconteceu, garanto que voce nao é culpado.

Ele começa a chorar e encosta a cabeça sob meu ombro.

- tudo bem chorar, isso mostra que você tem sentimentos.

Ele me abraça.

- Me perdoa, por favor, nunca quis te fazer mal.

Eu o abraço ainda mais forte.

- Eu acredito em você e te perdoo.

Semanas depois...

- Suas malas já estão no carro ?

- Estão - digo para Nick.

Quando estamos entrando no elevador para descer, percebo que esqueci algo.

- Ah merda, esqueci minha escova de dentes na pia do banheiro.

- Vai, te espero no carro.

Abri a porta e rapidamente pego minha escova, volto correndo para o elevador e um homem gentil segura a porta pra mim.

- Obrigada moço.

- Moço? Esqueceu meu nome?

- Desculpe, eu o conheço?

- Tá brincando ?

- Olha, se eu o conheci mês passado, eu provavelmente não lembro de você, pode parecer estranho, mas sofri um acidente, enfim perdi minha memória mais recente de antes do acidente.

A porta do elevador abre e saio correndo sem dar um tempo para o moço falar pelo menos seu nome ou um sinto muito.

- Peguei - digo sorrindo e balançando a escova de dentes.

Quando vou entrar no carro, uma bicicleta vindo pela calcada me atropela.

- Ah meu Deus, me desculpe moça.

- Tudo bem - digo com um pouco de dor, levantando lentamente.

- Meu Deus sua cabeça tá sangrando - diz Nicolas que imediatamente me pega no colo e me coloca no carro.

- Calma, eu tô bem.

- Você tá sangrando.

- Nicolas, foi só um arranhão - começo a rir.

- Isso não tem graça, eu só estou preocupado.

- Vamos logo.

Ele liga o carro e coloca uma das minhas músicas favoritas para tocar - sweater weather - enquanto ele dirige, sinto minha cabeça começar a doer.

De repente, memórias do acidente começam a invadir minha mente e lembranças de Nick e eu a um mês atrás.
Tudo começa a voltar, minha mente em um turbilhão, lembranças e cenas em um só minuto.

- Tá tudo bem Marjorie? - ele estende o braço encostando em minha perna.

- tire sua mão de mim !!

- Marjorie, o que houve?

- Eu me lembro, me lembro do que você fez.

- Marjorie...

- Para o carro.

- Marjorie espera...

- PARA!!!

Ele para o carro e desço e bato a porta com raiva.

- Marjorie, por favor me desculpe, não faz isso com a gente.

- Com a gente, voce só sabe mentir, mentiu de novo, voce teve uma segunda chance e fez a mesma coisa.

- Marjorie, eu não sabia o que fazer, eu não consigo ficar sem você, por favor, me perdoa.

- Por isso, por isso que você disse que se sentia culpado, ah meu Deus eu lembro, lembro de tudo.

- Por favor, eu não posso ficar sem você Marjorie, eu não posso me casar com alguém que não amo.

- Você ia esconder isso até quando, pelo menos em algum momento pensou em me contar a verdade? - Ele se cala.

Tiro minha moto da caçamba do carro e pego o máximo de coisas que consigo levar na moto - Uma mochila - ligo a moto e dirijo de volta para casa.

De novo, mais uma mentira, que amor é esse que é feito só de mentiras, que não possui verdades?

Lembranças de um amor passado (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora