- Qual seu nome? - Eu o encarei meio sem graça.
- Ah é, me esqueci que você não se lembra de mim, ainda não me acostumei - ele abaixa a cabeça um pouco triste - É Nicolas.
Depois dele ter dito o nome, meu pai me puxa pelo braço e me pega no colo, não me dando tempo de se despedir.
- Marjorie, voce realmente tem o gênio da sua mãe. Não entendeu que ainda não está cem por cento.
Depois de mais uns dias no hospital, os médicos me deram alta e voltei pra casa ainda com ajuda das muletas.
- Filha, eu e seu pai decidimos que você deve ficar sem a moto por um tempo.
- Que moto ?
- A minha querida, voce não se lembra, mas nós te demos uma moto, foi com ela que você se acidentou.
- É estranho ficar chateada por perder algo que nem lembrava que tinha. Mas ela ainda tá funcionando ?
- Está na oficina - Diz papai.
Depois de falarmos sobre o acidente, decidi me deitar. Peguei o celular, e vi que tinha várias mensagens e ligações das meninas.
Respondi algumas mensagens e dormi.
No dia seguinte...
- Bom dia mãe e pai.
Disse enquanto caminhava em direção ao banheiro, quando noto um objeto estranho na estante da sala.
- O que é isso ? - pergunto.
- Um tocador de vinil - Diz mamãe.
- Eu sei o que é, quero saber quando que comprei isso?
- Nunca comprou, você ganhou do Nicolas.
Agora havia entendido o porquê dele ter me dado um vinil quando estava no hospital. Naquele mesmo instante pego o tocador e levo para meu quarto. Mexendo em minhas bagunças, encontro o vinil que Nicolas havia me dado e o coloco para tocar.
Minhas músicas favoritas estão dentro daquele enorme disco, não sei como, mas estava.
(Celular tocando)
- Alô?
- Oi, é o Nicolas.
- Oi, eu estava escutando as músicas que me deu.
- O vinil?
- Sim.
- Queria saber se podemos nos ver.
- Mas vai ter que ser aqui em casa, ainda não posso sair.
- Ok, chego em cinco minutos.
Ainda deitada, permaneço escutando as músicas, esperando pelo Nicolas.
Ouço um barulho vindo da porta da sala.
Quando o vejo se aproximar do meu quarto.- Oi, queria saber se estava bem - Diz um pouco triste.
- Estou bem, fico feliz que tenha vindo, tenho algumas perguntas.
Ele se aproxima e puxa uma cadeira, sentando ao meu lado. Começamos a conversar e fiz diversas perguntas sobre nós e sobre ele.
- Tá, então somos namorados e nos damos muito bem - ele olha para o lado tentando evitar contar algo.
- Preciso te dizer uma coisa, mas antes de tudo quero que saiba que eu a amo. Eu fui o culpado pelo seu acidente, foi culpa minha.
- Como assim culpa sua?
- Nós brigamos, por culpa minha.
- Ei - coloco minha mão sob seu rosto - se nos brigamos ou não, isso nao o torna culpado de nada que aconteceu, garanto que voce nao é culpado.
Ele começa a chorar e encosta a cabeça sob meu ombro.
- tudo bem chorar, isso mostra que você tem sentimentos.
Ele me abraça.
- Me perdoa, por favor, nunca quis te fazer mal.
Eu o abraço ainda mais forte.
- Eu acredito em você e te perdoo.
Semanas depois...
- Suas malas já estão no carro ?
- Estão - digo para Nick.
Quando estamos entrando no elevador para descer, percebo que esqueci algo.
- Ah merda, esqueci minha escova de dentes na pia do banheiro.
- Vai, te espero no carro.
Abri a porta e rapidamente pego minha escova, volto correndo para o elevador e um homem gentil segura a porta pra mim.
- Obrigada moço.
- Moço? Esqueceu meu nome?
- Desculpe, eu o conheço?
- Tá brincando ?
- Olha, se eu o conheci mês passado, eu provavelmente não lembro de você, pode parecer estranho, mas sofri um acidente, enfim perdi minha memória mais recente de antes do acidente.
A porta do elevador abre e saio correndo sem dar um tempo para o moço falar pelo menos seu nome ou um sinto muito.
- Peguei - digo sorrindo e balançando a escova de dentes.
Quando vou entrar no carro, uma bicicleta vindo pela calcada me atropela.
- Ah meu Deus, me desculpe moça.
- Tudo bem - digo com um pouco de dor, levantando lentamente.
- Meu Deus sua cabeça tá sangrando - diz Nicolas que imediatamente me pega no colo e me coloca no carro.
- Calma, eu tô bem.
- Você tá sangrando.
- Nicolas, foi só um arranhão - começo a rir.
- Isso não tem graça, eu só estou preocupado.
- Vamos logo.
Ele liga o carro e coloca uma das minhas músicas favoritas para tocar - sweater weather - enquanto ele dirige, sinto minha cabeça começar a doer.
De repente, memórias do acidente começam a invadir minha mente e lembranças de Nick e eu a um mês atrás.
Tudo começa a voltar, minha mente em um turbilhão, lembranças e cenas em um só minuto.- Tá tudo bem Marjorie? - ele estende o braço encostando em minha perna.
- tire sua mão de mim !!
- Marjorie, o que houve?
- Eu me lembro, me lembro do que você fez.
- Marjorie...
- Para o carro.
- Marjorie espera...
- PARA!!!
Ele para o carro e desço e bato a porta com raiva.
- Marjorie, por favor me desculpe, não faz isso com a gente.
- Com a gente, voce só sabe mentir, mentiu de novo, voce teve uma segunda chance e fez a mesma coisa.
- Marjorie, eu não sabia o que fazer, eu não consigo ficar sem você, por favor, me perdoa.
- Por isso, por isso que você disse que se sentia culpado, ah meu Deus eu lembro, lembro de tudo.
- Por favor, eu não posso ficar sem você Marjorie, eu não posso me casar com alguém que não amo.
- Você ia esconder isso até quando, pelo menos em algum momento pensou em me contar a verdade? - Ele se cala.
Tiro minha moto da caçamba do carro e pego o máximo de coisas que consigo levar na moto - Uma mochila - ligo a moto e dirijo de volta para casa.
De novo, mais uma mentira, que amor é esse que é feito só de mentiras, que não possui verdades?
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Lembranças de um amor passado (CONCLUÍDO)
Roman d'amourO amor tem várias formas de chegar até nós, quando menos esperamos, quem menos imaginamos, o amor é uma surpresa. Eu conheci alguém que me fez sentir, me fez ver, chorar, sorrir, alguém que me fez nunca esquecer. Nao, não foi aquele amor platônico...