Levantei cedo, tomei banho, arrumei o cabelo e bebi um café. Peguei documentos e relatórios preenchidos para levar ao hospital psiquiátrico onde trabalho. Quando estava de saída, vejo Dean encostado no seu carro, estacionado em frente à minha casa.
- Oi.
- Oi, vim pegar o resto das minhas coisas, mas você está de saída agora...
- Pode vir, nao estou atrasada, posso ficar mais alguns minutos.
- Não vou demorar muito.
Ele entra e observa a casa, sob as escadas e vai em direção ao quarto, para pegar suas coisas.
Subo até a metade da escada e me sento.
Depois de alguns minutos, Dean desce com uma mala e uma mochila nas costas.- Bom, acho que era só isso - ele para ao meu lado e se senta, eu sorrio e inclino a cabeça para baixo.
- Me perdoe por tudo que eu fiz, por ter te magoado tanto - ele coloca a mão em minha cabeça acariciando-a.
- Peço perdão também, eu cometi erros com você, Marjorie, nos dois erramos nessa relação.
- Eu errei mais, não fui sincera com você desde o início, mas agora eu quero ser, quero que saiba todas as verdades - ele me olha e diz singelo.
- Não quero que me conte mais nada, não quero que me entenda mal, mas eu não quero ouvir você dizer que nunca me amou, prefiro ir embora na esperança de que algum dia você tenha sentido algo por mim.
Sem conseguir mais dizer nada, eu o abraço e começo a chorar.
- Obrigada por todos esses anos Dean, sentirei sua falta.
- Também vou sentir a sua.
Ele se levanta, pega as malas e vai embora.
O alívio que senti ao ve-lo ir não foi ruim, não foi um alívio de "me livrei", mas um alívio de saber que não irei mais machuca-lo com meus sentimentos, que nós dois podemos seguir em frente nossos caminhos para sermos felizes. Mais um capítulo encerrado em minha vida, adeus Dean.Depois desse encerramento, parti para o trabalho, pois o dever me chama.
- Marjorie, trouxe os documentos da nova paciente?
- Sim, soube que ela chega semana que vem.
- Sim, foi enviada pelo tio, ele disse que ela tentou matar a própria amiga.
- Não sabia disso, mas por que ela fez isso ?
- Ouvi dizer que a amiga dormiu com o pai dela.
- Nossa, que história mais inacreditável, parece que você está me descrevendo cenas de novela.
Acertei uns documentos com a Mariana, enfermeira do hospital, e fiz os exames semanais nas demais pacientes.
Estava ligando o carro quando recebo uma ligação de Nicolas.- Oi.
- Oi Marjorie, me encontra daqui a uns dez minutos no parque central.
- Ok, estou saindo do trabalho agora.
Preocupada com meu estado, tiro um batom da bolsa e um creme de cabelo. Dou umas mexidas no cabelo, uso o batom como blush pra dar uma melhorada no rosto e por último passo um perfume. Tiro o jaleco e vou para o parque.
Enquanto ando, vejo ele sentado no banco do parque. Dessa vez não estava com terno ou nada chique, ele usava uma calça jeans e uma blusa branca, aquelas roupas casuais do dia a dia. Era ele, ainda era ele, depois de todos os anos, ele ainda era o mesmo, usava as mesmas roupas e ainda sentava do mesmo jeito sério.
Me aproximo cada vez mais, até que seus olhos me encontram. Ele se levanta e caminha em minha direção.
- Você está linda!
- Você também está, gosto quando não usa terno.
- É, eu sei... quero te levar a um lugar - ele segura em minha mão - Não sei se você se lembra, mas um dia eu prometi a você que iríamos acampar, nunca consegui cumprir minha promessa.
- Quer acampar? Devia ter me avisado, assim eu não viria de salto.
- Vamos na sua casa então, pegar algumas roupas suas, as barracas e comidas eu já tenho.
- Eu não estava preparada pra isso, não sei se é uma boa ideia.
- Vamos, eu quero cumprir minha promessa com você... - Passo alguns segundos o encarando e acabo concordando.
Cada um vai em uma direção e pega seu carro, logo em seguida fomos para minha casa. Ele sai do carro e tira a blusa.
Ainda fico eufórica quando o vejo sem camisa, acho que a chama do desejo esta acesa novamente, por que ainda fico louca quando o vejo assim.Vou até a porta de casa e Nick vem logo atrás.
- Não, espere aqui - O paro com uma mao em seu peito e retiro logo em seguida - desculpe.
- Não precisa pedir desculpa e não se preocupe, espero aqui fora.
Entro e fecho a porta, arrumo minha mochila para acampar e coloco uma roupa adequada.
Quando saio, o vejo parado encostado no carro, ainda sem camisa e um pouco suado.- Vamos, antes que você derreta.
- O que está fazendo indo pro seu carro? - ele pergunta.
- Ué, vou dirigir, o que mais faria?
- Marjorie, nos estamos indo acampar, JUNTOS, por que vamos em carros separados?
- Ok, já entendi, traga suas coisas para cá então. Por que eu vou dirigir.
Ele sorri e começa a trazer suas coisas.
- Sempre mandona né, isso não muda, apesar do resto ter mudado.
- Que resto é esse que você está insinuando?
- Bom, você não anda mais de moto, não vive mais nenhuma aventura...
- É, eu sei, eu mudei, devido ao trabalho, são muitas coisas pra fazer sabe, você acaba esquecendo da diversão.
- Pois então, que bom que eu cheguei, vim trazer a diversão de volta pra sua vida.
Ele pisca para mim, daquele jeito, o mesmo jeito de 10 anos atrás.
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Lembranças de um amor passado (CONCLUÍDO)
RomantizmO amor tem várias formas de chegar até nós, quando menos esperamos, quem menos imaginamos, o amor é uma surpresa. Eu conheci alguém que me fez sentir, me fez ver, chorar, sorrir, alguém que me fez nunca esquecer. Nao, não foi aquele amor platônico...