v i n t e

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malvie

Singularidade, o ato, a forma em que sempre fui singular sempre foi motivo de orgulho. Como ser facilmente singular, me faz sentir mais forte.
Mas talvez isso venha mudando drasticamente, tendo em vista meu nervosismo. Não por hoje ser meu aniversário, mas porque Lorenzo Coban estava vindo pela primeira vez, em minha casa.

Me olhei no espelho satisfeita, meu vestido branco curto e fluido e o  coturno que comprei na Oxford Street, e ainda não havia usado. Estava maquiada e com uma trança lateral como a de Katniss Everdeen. Suspirei, me sentindo bonita. Eu queria que... Ele também achasse.

Mas desviei meu pensamento, lembrando que precisava urgentemente comprar umas botinhas para a chegada do inverno, as que eu tenho pouco me agradam... Mas em seguida lembrei que estava endividada com Caius, e meu cartão não aguentaria mais arrombos.

Sai do meu quarto já ouvindo burburinho na sala, meus tios haviam chegado durante a tarde, e então do pé da escada os avistei, assim como alguns amigos, (além dos da delegacia que já me cantaram um parabéns com direito a cupcake com velinhas hoje) fui até eles e os cumprimentei com um abraço, os dias estavam tão corridos que sequer tinha tempo para sair e dar atenção a eles.

Eu não queria fazer nada grande, a morte de Andrew estava recente demais, ainda dolorida em nós, mas minha mãe não deixaria passar sem pelo menos um jantar.

Tentei achar Summer em meio as pessoas mas não a vi, já Caius estava ali sentando no sofá (em sua cara de merda habitual) conversando com Kyle.

Enquanto ia rumo a cozinha atrás da minha amiga, ouvi a campainha ser tocada, então dei meia volta, e caminhei em meio as conversas e burburinho para abrir, sentindo algo gelado no estômago.

Só podia ser ele.

Com um sorriso abri a porta... Então vi Ulisses ali, e me senti murchar?

Ele abriu um sorriso tendo então uma caixinha em um embrulho de presente ali em mãos.

— Oi Malvie.

— Oi Ulisses. — Sorri abrindo espaço para ele passar. — Está linda. — Disse olhando em meus olhos.

— Ah, obrigada. — Agradeci sorrindo, quem não gosta de elogios afinal?

Ele então me estendeu o presente, e quando fui agradecer ele me tomou em um abraço apertado do qual retribui. Ele estava muito cheiroso!

Logo em seguida ele foi em direção aos meus pais, sendo então, dono da atenção deles que realmente o adoravam. Se eu fosse olhar meu pai, ele me casaria com o Ulisses em dois tempos.

Voltei para dentro e juntei aquele presente aos outros, e fui dar atenção aos convidados, os minutos foram passando, o horário do jantar se aproximando e minha mãe me apressando, mas eu queria esperar ele chegar. Mas não ocorreu.

Então, nos jantamos, me fizeram a surpresa com um bolo trufado de nozes (meu favorito) e cantaram os parabéns, pelos meus vinte e quatro anos.

E ele sequer ligou.

Quando me deitei em minha cama, após abrir meus presentes, fiquei revirando nela, mas me puni em seguida, por ficar tão decepcionada com Lorenzo não ter dado as caras. Ele não era meu namorado... Mas eu queria que ele quisesse algo mais, e se esforçasse. Se importasse. Era pedir muito?

Quando estava quase dormindo, ouvi "Radio Ga Ga" dar as caras com o toque do meu telefone, então atendi rápido para não acordar ninguém.

"Lorenzo" estava na tela. Quem ele pensava que era pra me ligar a uma da manhã?

ResoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora