t r i n t a e s e i s

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malvie

(...)

— Hm... — Soltei um grunhido, ao despertar com beijos sendo depositados na extensão das minhas costas, e um corpo masculino colado ao meu. — Ainda está muito cedo, Lorenzo. — Resmunguei, ainda de olhos fechados.

Ontem apenas ficamos aqui, acabamos pedindo comida no quarto, provavelmente eu não conseguiria tirar o Lorenzo de perto de mim nem se o prédio estivesse em chamas. E tudo bem.

Era estranho pra mim dormir nos braços de outro homem, depois de tanto tempo, não era ruim, era apenas, diferente. Um diferente bom.

— Já são dez da manhã. — Disse beijando minha nuca. — Os outros vão fazer mergulho em Blue Hole depois do almoço.

— Jay e Summer nos matam se não sairmos com eles hoje — Comentei me virando para olha-lo, pois afinal estamos os deixando de lado, e isso não era legal.

— Exatamente. — Concluiu, me fitando. Eu provavelmente estava um verdadeiro caos ao acordar.

— Pare de me encarar. — Pedi, mordendo o lábio, evitando sorrir.

— Não dá pra simplesmente não te olhar, senhorita Wright. — Disse convicto, se amparando pelos cotovelos, me cobrindo com seu corpo nu. Sua proximidade era una e completa, seu rosto estava rente ao meu, na promessa clara de um beijo.

— Não escovamos os dentes. — Murmurei, o fazendo sorrir.

— E ontem... — Fez uma pausa — Não usamos camisinha. Várias vezes. — Disse me olhando esperando um surto, ergui as sobrancelhas, resolvendo assusta-lo um pouquinho, para me vingar de quando ele fingiu passar mal. Eu tomava injeções.

— Lorenzo! Meu Deus, a gente não usou, droga... Estou em período fértil! Como você pode esquecer disso? — Falei tentando parecer atônita. — Droga, imagina se...

— Calma. — Disse um tanto nervoso, ele parecia um pouquinho em pânico. — Não podemos afirmar nada, não entra em pânico antes da hora, você pode tomar a pílula do dia seguinte também, se quiser eu vou até a farmácia agora e se não quiser, eu não me importaria de ser o pai do seus filhos, eu já te disse isso.— Disse tentando aliviar a tensao bem, fazendo carinho no meu rosto tentando me "acalmar". Ele não parecia muito calmo.

Comecei a rir inevitavelmente.

— O que foi? — Perguntou sem entender.

— Eu tomo injeções. — Falei rindo. — Eu também não tenho nenhuma DST. — Falei e o vi revirar os olhos por isso.

— Você é uma peste, Malvie! — Riu, colocando a cabeça contra o meu peito. — Meu coração falhou uma batida quando você falou período fértil.

— Você tinha que ter visto a sua cara. — Apontei. — Tem tanto medo assim de ser papai?

— Não, não tenho. Só é meio assustador, sei lá, eu comecei a pensar no quão difícil é educar uma criança. — Contou, me fazendo rir mais.

Era verdade, eu acompanhava o Peter de perto, é bem mais complicado do que parece. Ter filhos não é vestir e alimentar, era aceitar que eles são pessoas individuais, que o psicológico precisa ser cuidado, pois terão a própria personalidade, gostos, ideologias, sexualidade, crenças, idependente dos pais, e que cabe a estes, amar, educar para que sejam pessoas honestas e responsáveis, e também para compreende-los. Pelo menos, é assim que meus pais nos ensinaram. E é por isso que nós os temos em tão alta conta.

— Eu quero, mas não quero que seja avulso. Gostaria de planejar, de estar preparada pra ser mãe. — Comentei me referindo ao futuro.

— Eu te vi com o Peter, vai ser ótima mãe. — Comentou pensativo.

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