Resolução

t r i n t a e c i n c o

malvie

Ouvi baterem na porta do quarto várias vezes, destampei a cabeça, a contragosto, puxei meu celular debaixo do travesseiro, arregalei os olhos ao notar ser mais de onze da manhã.

Mas também, Lorenzo e eu chegamos muito tarde ontem a noite, e se dependesse dele ficaríamos mais tempo (e estenderiamos a noite na minha cama) mas obviamente eu cortei as asinhas dele. Mas sobre acordar tarde, estou de férias, não havia mal algum.

Levantei da cama coçando os olhos, calcei meus chinelos e segui até a porta falando um sonoro "já vai".

Assim que abri dei de cara com Caius, com o Peter nos braços.

— Bom dia, irmãzinha. — Disse um Caius bem humorado. BEM HUMORADO?

— Bom dia, porque está sorridente? — Perguntei, antes de me voltar pro Peter. — Oi meu amor, bom dia. — Falei me envergando para beijar sua bochecha fofa e ele virou o rostinho emburrado. O que estava havendo?

— Olha que legal a tia Malvie vai passar o dia com o Peter. — Disse meu irmão me estendendo o meu sobrinho. E eu o peguei.

— Papai quero ir com você. — Peter pediu, a contragosto nos meus braços. Então era isso.

— Onde você vai? — Perguntei ao meu irmão. Ele estava muito bem vestido e cheiroso.

— Vou dar um passeio de lancha, pois eu não sei o significado de férias, há semanas. Se é que me entende. — Disse significativo.

— É, entendo. — Resmunguei.

— Ele já tomou o café, aqui nessa bolsa tem o que ele precisa, mas tem o cartão extra do nosso quarto se precisar pegar algo, não deixe Peter no sol pois ele resseca. — Disse me estendendo a bolsa azul e eu a peguei com o braço livre — E Peter não deixe sua tia fazer nada estúpido. — Completou, me fazendo revirar os olhos.

— Vou com você tabém! — Peter protestou. Ele estava em uma fase terrível de não querer "soltar" o pai dele pra nada.

— Não vai, o papai vai fazer algo muito perigoso... — Falou o Caius.

— Eu te ajudo. — Disse o Peter inocente.

— Mas não pode, é coisa de adulto. — Fez uma pausa, antes de se envergar para beijar a bochecha dele, e a minha, antes de soltar "se divirtam, meu celular está ligado pra emergências" e simplesmente fugir.

— Papai deixa eu ir! — Peter protestou quando o Caius já estava longe.

Fechei a porta, com o Peter com os olhos cheios d'agua.

— Meu amor, você nunca ligou pro seu pai sair sem você, porque não quer agora? — Perguntei o sentando na cama, e coloquei a bolsa no chão perto do tapete.

Ele então pegou na minha mão me puxando pra perto como quem vai me contar um segredo. Me ajoelhei perto dele pra ouvir.

— Eu tava pensando numa coisa — Disse como quem conta um segredo, colocando o dedinho na frente da boca.

— No que?

— A mamãe não gosta de mim, nem ligou pa eu ter afogado, nem sabe que eu tem gesso agora, se o papai bandonar o Peter o que eu faço tia Malvie? — Perguntou muito sério, me olhando nos olhos.

Era culpa de quem? Da Briana. Ela no pouco contato que tem com o Peter, não sabe demonstrar o mínimo de afeto por ele. Não passa segurança.

Se eu me encontrar com essa mulher eu não respondo pelos meus atos.