q u a r e n t a e t r ê s

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malvie

Em meio as muitas pessoas na estação em Wembley, estávamos juntos, na plataforma, pois estávamos, literalmente, em cima da hora.

O motivo? Lorenzo.

Não queria sair da cama.

Ou melhor, não queria me deixar sair.

Ontem, compramos comida e ficamos a tarde inteira no farol (que não era farol). Onde foi o nosso primeiro encontro e primeiro beijo, e eu gostava muito daquele lugar.
A noite fomos pra minha casa, jantamos com mamãe e Caius, (já que Summer e Jimmy foram para Londres pela manhã e provavelmente voltariam pra Califórnia.) E nós mal tivemos tempo de nos despedir, ou pra que eu voltasse a conversar com minha amiga, sobre os sentimentos dela.

Então ainda decepcionados por termos que nos separar tão rápido, resolvemos, Lorenzo e eu, depois dele me ajudar com as louças do jantar, a irmos passar a noite juntos no hotel onde ele estava hospedado, para ficarmos mais a vontade juntos, e eu dormi e acordei em seus braços, com seus beijos, compartilhando aquela felicidade momentânea, que como tudo entre nós, parecia ter um prazo de validade.

E cá estávamos nós dois, nos abraçando por minutos, em silêncio, eu podia sentir o cheiro do seu perfume, da sua pele e de seu casaco, enquanto ele me apertava contra si, como se não quisesse nunca me soltar. E eu não queria que ele o fizesse.

— Nós vamos dar um jeito, Malvie. — Garantiu, sussurrando para mim.

Nós conversamos muito ontem, sobre nós, sobre as formas de ficarmos juntos, pois nenhum queria um relacionamento aberto ou nada do gênero, mas não sabíamos como ceder, se o relacionamento seria a distância, para não sacrificar nossos empregos. E isso era muito complicado.

Então, por hora ficariamos assim.
Eu sabia que estávamos adiando escolhas, para não ter que decidir agora, algo que pode por fim em tudo. Em nós.

— Temos que parar de mentir para nós mesmos. — Falei, olhando em seus olhos, ainda nos braços um do outro.

Ele concordou.

— Eu só não sei como iremos fazer, Malvie. — Suspirou, em uma confissão. — Você tem sua profissão, está no lugar que sonha desde que era criança, e que não sai da Inglaterra. Eu posso...

— Não. — O cortei. — Eu não quero que a gente tenha que abrir mão disso, do que gostamos de fazer. Você ama o que faz em Positano, eu sei disso...

— Mas não vamos conseguir fazer isso, sem abrir mão de algo, não é? — Perguntou a mim, fazendo carinho em minha bochecha.

Eu concordava.

— É. — Soltei, sem real ideia do que dizer. Vendo então, que já estava na hora dele ir, ele pegaria um metrô, rumo a Londres, e de lá, pela noite, um vôo pra Roma.

Voltei a abraça-lo, fechei meus olhos, sentindo meu peito se apertar, pois não sabia quando o veria de novo. E isso era terrível.

— Malvie, eu preciso ir. — Disse arrastando a voz, ambos estávamos tristes, pois queríamos mais tempo juntos.

— Eu sei. — Respondi, erguendo meu rosto para olha-lo. — Me beija, antes de ir? — Questionei, dando um sorrisinho, por mais angustiada que estivesse.

— Claro que sim. — Respondeu em tom óbvio, antes avançar sobre mim, e tocar meus lábios com os seus, o abracei pelo pescoço, aproveitei esse beijo como nunca antes, o deixando me guiar, tomar-me para si. Mas nos separamos rápido demais para minha vontade, sabendo que ele tinha que ir, pois as pessoas já estavam entrando no vagão.

ResoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora