q u a r e n t a

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malvie

(...)

Pela manhã, quando dentro do meu pijama (depois de demorar bastante para conseguir dormir um pouco na noite anterior) eu desci para o segundo andar. Meus olhos correram diretamente para o sofá, onde Lorenzo ainda dormia.

Passei por ali o olhando dormir, ele parecia em um sono profundo, pesado, achei melhor deixa-lo quieto, para descansar tanto da viagem, quando da imprudência absurda da noite passada.

Pude ouvir risadas na cozinha, me dirigi diretamente até lá.

Eu pude ver, da entrada, um Caius completamente coberto de farinha, seu rosto, cabelo, sua roupa, até nas orelhas e havia um saquinho estourado no chão, ele ria abertamente da situação enquanto Summer, com a mão na boca, se envergando com a mão na barriga, se controlava para não gargalhar alto.

Sorri contagiada pelos dois e pela situação em que meu irmão se encontrava.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntei rindo.

— Amiga, você está ai! — Summer soltou.

— O que é isso? — Perguntei olhando de um para o outro.

— Então, foi assim, eu ia fazer panquecas... — Summer começou empolgada, parando um pouco pra rir mais. — Eu não dou altura no armário, o Caius apareceu e eu pedi pra ele pegar a farinha pra mim, ele foi todo inocente, e não viu que o saco estava aberto... Você tinha que ter visto, quando o saquinho virou inteiro em cima dele! — Contou, enquanto ele parava de rir, olhando indignado pra ela.

— Eu nunca mais faço uma boa ação pra você, Dickens. — Ele disse, limpando seu óculos com um pedaço da sua camisa que não tinha sido tomada pela farinha.

— Como se você também não fosse comer panquecas. — Acusou ela.

— Ninguém disse o contrário. — Revidou, dando a volta na bancada. — Mas agora eu preciso de um banho.

— PODE VOLTAR! — Ela protestou. — Vai me ajudar a limpar a bagunça que você fez.

— Eu fiz na intenção de te ajudar... — Disse ele tentando se livrar dela.

— Mas ainda sim, fez, entretanto, vai ter que me ajud... — Então, eu saí dali o mais rápido possível, antes que sobrasse pra mim.

Fui até a área de serviço, retirar as roupas do Lorenzo da máquina de lavar e colocar na secadora, e o fiz. Avistei os gatos siameses da mamãe (que segundo Caius é pra substituir nossa ausência em casa) rodando o saco de ração na varanda do lado de fora, e tratei deles.

Voltei para dentro, passei em silêncio pela sala, e enquanto subia as escadas me deparei com Jimmy as descendo, com os cabelo grande completamente bagunçado e cara de sono.

— Bom dia, Jimmy. —  Desejei, parando para o deixar passar.

— Bom dia. — Disse, mas então olhou além de mim, para sala, onde Lorenzo dormia. — Demorou muito para o trazer pra dentro? — Perguntou.

— Quando ele acordar, vamos saber o quão gripado ele está. — Murmurei.

— Você foi muito dura com ele, não custava nada ter o escutado, acho que ele merece muitas desculpas, você foi no mínino insensível e inflexível. — Disse sem rodeios, e talvez eu tivesse sido, mas não gostava das pessoas apontando meus erros assim, sem olhar o meu lado e o momento em que estou vivendo.

Eu perdi meu pai e no mesmo instante eu vi Lorenzo depois de termos transado, com outra, que eu sei que o ama. Sem contar, que eu não o amarrei na porta da minha casa pra que ele ficasse na chuva, por mim, ele não teria ficado ali para adoecer. Eu tenho consciência do que faço, e se precisar me desculpar e me redimir, eu mesma farei.

ResoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora