v i n t e e d o i s / II

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Alguns anos depois.
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malvie

— Tia Malvie! Tia Malvie! — Ouvi uma voz infantil conhecida e chorosa me chamar (enquanto eu checava uma mensagem de Constantin, meu superior na Scotland Yard que me mandava informações sobre um julgamento de um criminoso que pegamos a umas semanas. Esse homem não me dava paz sequer nas férias. Se eu reclamei um dia da falta de casos, hoje eu reclamava dos excessos.)... Ergui meu olhar na direção em que era chamada, sem a real necessidade pois Peter, meu sobrinho, meu pinguinho de gente, já corria chorando até mim.

— O que houve, meu amor? — Perguntei para ele, me abaixando, podendo avistar mais a frente Caius vindo pelo corredor dando ordens ao carregador que entrava no quarto destinado a ele, sobre suas malas, pois "suas roupas não podiam se amassar". Certas coisas nunca mudam. — O que o seu pai fez, Pete? — Perguntei a ele, o pegando no colo. E ele abriu um bocão pra chorar.

Olhei para o meu irmão esperando respostas, ele retirou seus óculos de grau de armação quadrada resmungando alguma coisa sobre as lentes estarem embassadas,  unicamente para me ignorar. Caius depois da cirurgia que o fez recuperar a visão, se viu "escravo"(como ele chama) dos óculos.

O que você fez, Caius? — Inqueri, meu sobrinho não chorava sem motivo.

— Fiz o que tinha que fazer. — Desconsiderou, recolocando os óculos.

— Ele-ele- o papai... Deixou o Doodle no aeloporto. — Contou Peter pra mim, todo vermelhinho e fungando. Seu cabelinho loiro estava todo amassado e os olhinhos azuis lacrimejando.

Doodle era o hamster de estimação do Peter. Caius odiava o animal.

— CAIUS! — Berrei sem acreditar no que ouvi. Que meu irmão não era o pai do ano eu já sabia, mas isso era demais.

— Você não sabe as atrocidades que aquele monstro faz... — Disse Caius fazendo uma expressão de repúdio. Pra se fazer de forte e não falar que ele, tinha pavor de roedores.

Antes que eu o respondesse, ouvi a porta do meu quarto e de Ulisses, ao lado do corredor do hotel, se abrir. Era ele, que olhou para Caius e Peter chorando nos meus braços, obviamente estranhando tudo aquilo.

— O que está acontecendo aqui? — Perguntou ele. — O que seu pai te fez Peter? — Voltou a perguntar em tom mais brando, falando com o pequeno.

— Deixou o Doodle no aeloporto, tio Ulisses. O senhô e a tia é decetive, acha o Doodle? — Perguntou todo inocente fazendo meu coração se apertar.

— Claro. — Meu noivo sorriu pra ele.

— O rato já deve ter voltado pra casa... — Disse Caius, se metendo.

— Se você falar mais meio "a", a gente te embrulha e manda de volta. — Ameacei.

— Com um lacinho, direto pra Brianna. — Ulisses completou em zombaria, e Caius revirou os olhos.

Quem diria que Caius em toda sua dor de cotovelo pela Summer, ao recuperar a visão, voltaria com a Brianna pra nosso total desgosto... O que gerou um casamento que durou longos dois meses e meio, que trouxe o pequeno Peter de brinde.

E ele tem pavor da Brianna também, porque ela levou a metade do que ele tinha no divórcio. Pois é, algumas burradas se tornam lições valiosas.

— Nada de Brianna. Nada de rato. — Caius interferiu.

— Não tem discussão. — Rebati. — Você prefere aturar um rato ou ver seu filho infeliz? — Perguntei o olhando nos olhos.

Ele engoliu em seco.

ResoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora