t r i n t a e q u a t r o

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malvie

(...)

— Coban, Coban... Você não mudou nada! — Falei rindo enquanto ele me contava uma de suas histórias em Positano. Sobre como ele teve todas as suas roupas picotadas por sua vizinha hippie.

Após nosso almoço, resolvemos simplesmente afastar aquela conversa tensa, com desculpas quaisquer unicamente para não ter um atrito.

Lorenzo deixou claro que assim como eu, não estava em busca de uma aventura. Mas também não sabia o que seria depois do fim dessa semana. E eu mesmo contrariada, não ia e não podia pressionar algo que nem existe, então simplesmente adiei esse assunto.

— Eu até hoje não sei porque ela fez isso! — Soltou rindo, enquanto caminhavamos sobre a areia da praia, com nossos sapatos em nossas mãos, molhando nossos pés quando as ondas vinham até eles.

— Eu tenho pena é dessa pobre moça, fico imaginando que tipo de coisa você fez pra ela fazer isso. — Falei, afinal santo ele não é.

— Eu que tive as cuecas picotadas e você sente pena dela? — Questionou me olhando por trás dos óculos escuros. O clima entre nós era bem mais leve.

— Sim. — Afirmei o vendo fingir estar ofendido, me fazendo rir.

E assim, entre conversas aleatórias, contando coisas banais de nossas vidas, seguimos caminhando pela praia, o plano era ir até o porto, mas no caminho encontramos uma feira livre, lembrando até mesmo, as latinas, então foi de lei pararmos para olharmos tudo, pois a variedade de coisas para se ver era imensa assim como o número de turistas. Havia de tudo, obras de arte, lembrançinhas, nós comemos muito, provamos inúmeras comidas locais (umas boas, outras nem tanto), jogos de pesca, e tiro ao alvo. Modéstia a parte, neste último, eu sou bem melhor que o Lorenzo.

E eu devo dizer que ganhei quatro ursinhos de pelúcia, mas acabei dando todos para umas garotinhas que estavam ali, pois o Peter não gosta muito deles, e eu não queria carrega-los.

E nos sujeitamos a tirar fotos em uma cabine (eu insisti bastante), com chapeus, óculos engraçados, e elas ficaram no mínimo, hilárias.

E a tarde foi tão divertida que o tempo parecia ter voado, quando saímos dali em uma pequena felicidade quase infantil, voltamos a caminhar pela areia da praia, a noite já estava caindo, Lorenzo e eu tínhamos sorvetes de morango na casquinha em nossas mãos, e coroas com rosas artificiais em nossas cabeças, isso nós ganhamos no jogo de colocar o rabo do cavalo alado no lugar certo.

Era um momento leve, longe de todo o caos que o dia a dia traz, de sermos responsáveis ou termos maturidade pra lidar com problemas. E eu gostava de simplesmente não me preocupar muito, o tempo todo.

Olhei pra ele, deslumbrado pelo o por do sol frente ao mar, os dois ali de pé, quando terminamos nossos sorvetes ficamos em silêncio sentindo a brisa salgada bater contra nós.

Uma vista perfeita.

— Foi um dos dias mais legais que eu já tive... O salto de paraquedas, nosso passeio, tudo. Inclusive a companhia. —  Fiz questão de dizer a ele. Ele me proporcionou um dia incrível.

— Na verdade, eu que tenho que te agradecer por estar aqui. — Sorriu se virando pra mim, e eu senti, o fundo do meu estômago gelado, como a muito tempo não sentia. — Mas o sequestro ainda não acabou. — Completou, e quem sorriu fui eu.

— Não? — Soltei e ele balançou a cabeça negativamente, ele deu um passo em minha direção e estendeu a mão para retirar minha coroa de rosas.

Então me vi no direito de fazer o mesmo com a dele.

— O que vamos fazer com elas? — Tentei entender.

ResoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora