q u a r e n t a e q u a t r o

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malvie

Três meses depois.

(...)

— Eu quase levei um tiro pela sua imprudência! — Berrei com Ulisses, enquanto discutiamos, porque ele quis contar vantagem antes da hora, e nos colocou em uma situação desnecessária.

— Não foi bem assim... não sei se você notou mas aquela maluca estava com uma arma apontada pra minha cabeça, não teve como eu impedir. — Se defendeu.

— É, eu notei, pois eu tive que atirar nela! — Soltei, quando ele parou o carro na frente do condomínio, isso, as três da manhã, depois de deixar a Jennifer, que estava conosco, em casa.

O que era uma simples investigação, onde fui obrigada por Constantin a acompanhar Ulisses e Jennifer, se tornou uma troca de tiros, quando Ulisses achou legal enfrentar o casal de traficantes, no momento errado.

O homem agora estava morto, pois Jennifer acabou o matando para nos defender, pois ele estava prestes a atirar em mim, e eu, atirei na mulher para livrar a pele do Ulisses, e ela estava no hospital com as autoridades competentes no momento, aparentemente, fora de perigo.

Mas verdade seja dita, foi uma noite terrível, e eu só queria o conforto da minha casa.

E eu talvez, infelizmente, nunca me acostume com as mortes e as certas coisas que a profissão nos submete.

Sai do carro do Ulisses, dando apenas um "tchau", e passei pela entrada do condomínio até o edifício onde eu vivia, assim que passei pelo hall e entrei no elevador, que resolvi tirar meu celular de dentro da jaqueta e o ligar, assim que o fiz, notei.

17 Chamadas perdidas de "Coban".

Ele ficava um pouquinho preocupado quando eu tinha trabalhos como o de hoje, que eu não podia negar, me colocavam em risco. E eram esgotantes.

Mas como dessa vez Ulisses estava comigo, creio eu que tenha que lidar com mais que mera preocupação.

Entrei em casa, tranquei a porta, retirei minhas botas, a jaqueta e a glock que continha apenas uma bala restante, no coldre.

Me sentei no sofá, encostando minhas costas, e então peguei meu celular, me perguntando se devia ligar para o Lorenzo, mesmo tendo apenas uma hora de diferença, pelo fuso-horário.

Seria pior se eu não o fizesse.

Coloquei pra chamar, mesmo sabendo que aquele não era um bom horário.

Ele não demorou a atender.

— Não levei um tiro! — Falei em prontidão. Omitindo a parte do "quase levei um tiro", eu preferia o deixar mais relaxado.

— Fico muito aliviado. —  Respondeu, com a voz sonolenta.

— Eu te acordei? — Soltei, um pouco envergonhada, afinal ele trabalhou o dia todo, deveria estar cansado e eu tirando o sono dele.

— Eu cochilei um pouco, mas não consigo dormir, quando... Você sabe. — Disse, se referindo a quando eu tenho esses trabalhos de campo. Ele tinha medo de acordar com noticias ruins e ficava agarrado ao telefone, como se isso fosse mudar algo.

— Lorenzo... Não precisava perder seu sono. Você vai ter que se acostumar um dia. — Murmurei, me sentindo mal por o preocupar assim.

— Não dá pra me acostumar com a ideia de que você está longe e pode estar em perigo. — Disse, e sim, eu podia entende-lo. E como.

— Já passou. Deu tudo certo, não foi uma noite muito fácil, mas estou bem. — Fui relapsa, sem dar detalhes dos tiros e morte.

— Que bom. — Disse, mais relaxado. — Nada demais aconteceu?

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