v i n t e e q u a t r o

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lorenzo

Retirei o garotinho da água pela praia, nadei o máximo possível, pois quando o peguei ele já estava desacordado. O coloquei na areia notando que um grupo de turistas corria em minha direção. Provavelmente viram tudo.

Fiz ali mesmo, o básico que sabia de primeiros socorros para faze-lo botar a água que ele engoliu para fora, e em minhas tentativas, quando ele o fez, pude respirar um pouco aliviado.

Mas onde estariam os pais desse menino?

Cada segundo que passava me deixava mais nervoso pois ele não acordava, notei que uma de suas perninhas estava ficando roxa. Provavelmente estava machucada, então acabei não retirando o pequeno tênis all star que ele usava.

E o círculo de pessoas em volta de nós falando em burburinhos me deixavam mais frustrado.

— Uma ambulância vai demorar, estou de carro, vamos levar ele ao hospital! — Ofereceu um rapaz, provavelmente americano, era um pouco mais jovem que eu.

— Certo. — Concordei erguendo o menino, pensando se a família dele não estaria o procurando. Provavelmente era filho de turistas.

Fomos caminhando até o estacionamento, eu com o garoto, o rapaz que ofereceu e um outro, que tinha o cabelo pintando de um verde água, ele tinha um sotaque italiano forte, eles discutiam pra que hospital levar. Fomos até seu carro, era um conversível da Mercedes, eles entraram na frente e eu atrás com o garotinho. E não tardou sairmos dali, e nesse meio tempo, no caminho, o menino abriu seus os olhos azuis, resmungou algo que me pareceu "papai" em inglês, recobrando a consciência e voltou a apagar de novo.

Quando chegamos a emergência, logo levaram o garoto, ficamos nós três ali esperando, eu acabei preenchendo uma ficha, mas infelizmente eu não sabia nada sobre o menino.

Adrian e Gustin, que são um casal, ficaram ali comigo um tempo, ficamos conversando, eram realmente caras legais, tanto que se ofereceram a voltar pra St. Peters Pool e tentar achar a família do menino, o que era melhor do que esperar que eles adivinhassem.
Mas também, como não notaram o garoto sair da vista assim?

Depois do que pareceu uma eternidade, uma enfermeira veio até mim.

— Você que está com menininho que se afogou? — Perguntou para mim, e eu assenti, ficando de pé.

— Ele recobrou a consciência, aparentemente teve uma concussão com a queda, mas já está bem, ele não ingeriu muita água, felizmente. — Disse e eu respirei aliviado. — Ele disse se chamar Peter, e infelizmente notamos que ele também acabou quebrando a perninha esquerda perto do tornozelo, já estão engessando. Quer ir até lá? — Perguntou e eu concordei. Provavelmente ele quebrou a perna quando tropeçou na erosão.

Nos guiamos pelo corredor e entramos num elevador, paramos no segundo andar e nos fomos até a enfermaria pediátrica. Minha roupa ainda estava meio úmida no corpo e isso estava me deixando um tanto desconfortável. Eu nunca tinha realmente testado se meu celular era a prova d'agua como disseram quando o comprei em Roma, mas como ele resistiu, soube que não mentiram pra mim.

Assim que entrei notei algumas crianças ali, e o menininho deitado na maca, sua perninha já estava engessada, e eu me enchi de pena dele ali olhando para os lados um tanto perdido, e o rosto vermelho de choro.

— Oi garotão, você me deu um susto. — O cumprimentei me aproximando dele, seus olhos ainda tinham lágrimas.

— Oi senhor. — Disse ele, me fazendo sorrir.

— Peter, foi esse rapaz que te salvou, te tirando da água. — Disse a enfermeira que estava ali.

— Que nem super herói? — Perguntou me olhando para "averiguar" se eu parecia um super herói. E a resposta é não. — Obigado. — Completou.

ResoluçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora