t r i n t a e u m √

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malvie

Eu passei meu primeiro dia em San Lawrentz com o Caius e o Peter. Quando cheguei da praia, tomei um bom banho, pensando em passar a noite trancada no quarto de hotel de pijama.

Olhei para as duas latinhas de chocolate belga me culpando pelo que fiz, ao comer tanto chocolate, assistindo filmes repetidos como os de Truque de mestre.

Minha menstruação deu as caras hoje e eu estava sensível. Sim, eu deixei ela vir estando na praia. Mas por que Malvie? Não sei, eu sou louca, ela só vem dois dias, mas são dois dias de choro, carência, ódio e tesão. Tudo junto.

Para piorar, Ulisses e eu tinhamos trocado mensagens, não muito animadoras. Ele me perguntou se eu tinha certeza que eu queria isso. O nosso fim. Eu apenas disse a ele que precisava desse tempo pra mim.

E eu não sei muito bem, para ser sincera, a maior parte de mim quer acabar de vez com algo justamente que eu não tinha certeza, porque eu estaria apenas enrolando Ulisses sem querer prosseguir com a ideia do casamento.

Mas é complicado ignorar os anos juntos, e não pensar que nos dávamos muito bem.

Eu tinha medo de me arriscar agora e me arrepender no futuro, pois com Ulisses eu tinha tudo certo... Digo, quase tudo.

E isso vem me deixando uma pilha de nervos.

Voltei a me deitar na cama pronta pra assistir qualquer outro filme aleatório disponível, mas então ouvi baterem na porta do quarto. Uma. Duas vezes.

Só poderia ser o Caius querendo algum favor absurdo como sei lá... Que eu lavasse a gaiola do Doodle na minha banheira.
Ou um favor comum como cuidar do Peter pra ele cair na noite.

Me levantei da cama a contragosto, derrubando o edredom que estava embrulhada, o chutando, me desvencilhei dele e marchei até a porta do quarto.

A abri abruptamente, e dei de cara com o Coban.

Engoli em seco, pois primeiro eu não estava esperando por ele. Segundo, porque eu, uma mulher com um pouquinho mais que trinta anos, estava com um pijama soltinho estampado de sapinhos, o cabelo bagunçado e a cara amassada.

— Oi? — Saiu de meus lábios, meio incerta, notando que ele tinha em seus braços uma caixa de um restaurante de comida japonesa, uma sacola de papel pardo cheia e uma latinha de chocolate belga.

— Oi. — Sorriu — Você sumiu o dia todo. — Comentou.

E sim, eu meio que fugi um pouquinho dele. Ele me pediu uma chance, e eu fiquei de lhe dar uma possível resposta, mas é que eu não sabia sequer o que fazer.

E eu odeio não saber o que fazer.

— Eu... Eu fiquei com o Caius e o Peter, numa prainha ao norte. — Falei a ele. — E você... O que faz aqui? — Perguntei, olhando em seus olhos, tentando ignorar a existência do pijama de sapinhos no meu corpo.

— Eu ia comer sozinho no restaurante japonês do hotel. Mas um passarinho me contou que você estava aqui sozinha, e que gosta de chocolate belga. — Disse dando um sorriso sugestivo.

Eu nem gostava tanto assim de chocolate belga.

— Passarinho? Que passarinho? — Perguntei querendo saber quem era o fofoqueiro. Se bem que eu estava entre Summer e Jay, sendo as mais prováveis.

— O passarinho gosta de sigilo. — Soltou, então respirou fundo. — Então Malvie Wright, você vai deixar esse pobre homem comer toda essa comida japonesa e chocolate belga sozinho? — Perguntou fingindo inocência.

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