39

10.5K 599 115
                                    

Alanna.

Acordei no dia seguinte pronta pra voltar a rotina normal, Michel já estava no andar de baixo possivelmente com as crianças e eu aproveitei para tomar um banho, coloquei um vestido longe e uma rasteirinha e desci.

— Mamai! – Rael diz correndo para meu colo.

— Bom dia meu gordinho! – Falo enchendo ele de beijos.

Dei um beijo nas crianças e me sentei ao lado de Michel, não estávamos evitando tocar em certos assuntos e se as crianças não estivessem aqui o clima ia estar tenso.

— Vai trabalhar? – Michel pergunta.

— Vou, eu já vou levar as crianças pra escola! – Falo comendo — E você? – Pergunto já sabendo a resposta.

— Vou resolver umas coisas, tô atrasado já! – Ele diz olhando no relógio e eu não controlei a revirada de olho fazendo ele me olhar sério.

— Tá! – Falo por fim.

Terminei de comer e as crianças subiram para tomar banho, como ainda estava cedo deixei elas aproveitarem e me sentei no sofá ligando a TV, coloquei em um jornal qualquer e fiquei mexendo no celular. Porém um nome me chamou atenção.

“O corpo do Policial foi entrado nas margens de um terreno já em estado de decomposição, imagens e vídeos da vítima cirgulam nas redes sociais fazendo investigadores suspeitarem que Adriano tenha sido vítima de um possível rival da favela da maré. Em breve voltaremos com mais informações”

A imagem do Bruno ficou um bom tempo estampada na minha TV me fazendo sentir coisas nada boa, desliguei a mesma e subi atrás de Michel que tomava banho.

— Você ficou sabendo? – Pergunto encostando na porta.

— Do que? – Ele pergunta olhando para trás.

— O Bruno, mataram ele, na maré! – Falo e ele nem se quer se vira.

— Que bom, pelo menos não vamos ter mais com quem nos preocuparmos! – Ele diz simplesmente e eu abro a boca em um perfeito o.

— Você tem alguma coisa haver com isso Michel? – Pergunto com medo da resposta.

— Alanna olha.. – Antes que ele começasse a dizer eu o interrompo.

— Não Michel, não quero ouvir nada, eu espero que você não tenha nada haver com a morte daquele homem! – Falo saindo do banheiro.

Michel.

Enrolei a toalha na minha cintura e sai do banheiro vendo Alanna olhar para as paredes pensativa, estava em uma guerra interna tentando entender o que passava na cabeça dela, o cara destruiu nossas vidas e agora que me livro dele ela vira a cara pra mim?

— Era eu ou ele, ele não ia deixar a gente em paz! – Falo indo até ela.

— Você não é um assassino Michel, não precisava disso! – Ela diz negando.

— E você queria o que? Que quando a gente tivesse vivendo ele voltasse pra tentar acabar com a nossa família de novo? Aí sim você ia aprovar uma atitude minha..

— Chega, eu só espero que não venha ninguém atrás de você, por que agora você tá com a gente e aqui tem seus filhos também! – Ela diz saindo do quarto.

Assim que ela saiu meu celular tocou, no retrovisor tinha o nome do Gabriel e eu não demorei a atender.

— O chefe do Bruno acabou de ligar, tá ameaçando geral aqui! – Ele diz assim que atendo.

— Por que tá ameaçando vocês?

— Ele sabe que bruno foi pra geladeira da nossa favela e se aqueles outros cuzao abrir a boca só vão ter certeza, a gente não tá bem pra ter invasão aqui na nossa favela não! – Ele diz e eu respiro fundo.

— Vou resolver isso! – Falo desligando.

Larguei o celular e fui me arrumar, quando ia saindo do quarto Alanna entrou com Raissa no colo.

— Michel ela não tá bem! – Alanna diz pálida e vou até elas.

— O que ela tem? – Pergunto sem entender e passo as mãos no cabelo de Raissa sentindo seu corpo extremamente quente.

— Ela tava vomitando, eu não sabia.. eu cheguei lá e.. – Alanna começa a dizer desesperada e eu pego Raissa em meu colo.

— Mãe.. tô com medo para de chola! – Raissa diz se agarrando em mim, não sei o que me deu naquele momento mais senti um desespero tomar conta de mim por ver ela vulnerável daquele jeito.

— Vamos pro hospital! – Falo pegando a chave do carro.

Alanna pegou as crianças e fomos para o hospital mais próximo, não demorou para ela ser levada para uma sala, segurei a mão de Alanna quando a enfermeira pediu para aguardamos em um sala e fomos nos sentar.

— A Laissa vai fica bem? – Rael pergunta com os olhos brilhando.

— Vai sim meu amor, ela tá tomando remédio e daqui a pouco vamos embora! – Alanna diz pegando ele no colo.

Alanna.

(...)

Depois de quase duas horas esperando a enfermeira liberou a nossa entrada, enquanto segurava a mão de Léo Michel carregava Rael em seu colo. Assim que entramos na sala Raissa nos olhou e sorriu, fazendo um peso ser tirado das minhas costas.

— Tá se sentindo melhor? – Pergunto alisando seus cabelos.

— Tô mãe! – Ela diz se espreguiçando.

Uma médica entrou no quarto e nos avisou que seria apenas necessário ela ficar em observação, ela receitou uns remédios para Raissa tomar e ficamos na sala esperando dar a hora de irmos.

Enquanto observava as crianças na sala olhei para Michel que mexia no celular, tentei não me importar com aquilo e virei a cara.

— Você pensou no que disse? – Michel diz e eu volto a olhar para ele.

— Não sei se é uma boa ideia, você mal saiu e já tá todo mundo atrás de você, se formos pro morro vai ser ainda pior! – Falo negando.

— Não vai!

— Vai Michel, você vai voltar a fazer o mesmo que fazia, viver enfiado naquela boca de fumo! – Falo desdém.

— Sempre fiz isso e você nunca se incomodou!

— Agora temos três crianças para se importar.

— Pra mim você só tá pensando em você mesma, quer viver uma vida de luxo no asfalto sabendo que eu nasci e cresci numa favela, sabendo que eu vivo numa boca de fumo desde sempre.. agora quer brecar até isso? – Ele diz me olhando incrédulo.

— Eu não quero mais você nessa vida, eu me esforcei pra te tirar dela! – Falo triste.

— Eu não vou voltar, olha mim cara.. – Ele diz segurando meu rosto — Eu ganhei um morro e neguei por que eu pensei na nossa família, eu não vou viver disso mais eu preciso me resolver e preciso que você facilite pra mim! – Ele pede.

— A gente volta pro morro, mais se você viver dentro daquela boca traficando.. eu vou embora com as crianças! – Falo e ele assenti.

Eu não estava 100% com a minha decisão mais eu precisava dar um voto de confiança para ele, um único voto e se caso ele vacilasse.. Eu voltava a viver como vivia, eu não morri e não vai ser agora que vou!

——————

Alanna já tomou a decisão dela haaha. Estou escrevendo os últimos capítulos e por isso não estou postando todo dia, vou preparar a última maratona p vocês sz.

Alanna | 2 Temporada Onde histórias criam vida. Descubra agora