Veritaserum

Capítulo Vinte e um

Eu achei que iria sofrer por todo o teor daquela reunião, por não poder ajudar Heitor, por ter descoberto que Slytherin é um duque, que Godric nunca se orgulhou de sua origem, mas nada disso foi importante depois que George saiu atrás de mim. Adoraria que ele tivesse levado a solução dos meus problemas, mas se um duque não pode resolver nenhum deles conseguiria. Mas, não!

Ele pediu para me cortejar!

CORTEJAR!

Ainda não posso acreditar!

Na vida que escolhemos levar, a corte é algo fora da realidade. Não sigo os padrões que deveria para ser uma moça de respeito, nem tenho mais uma acompanhante. Se George tivesse me convidado para fugir e ter uma noite de amor selvagem eu acreditaria e assimilaria muito mais facilmente, mas cortejo? Nunca na vida havia pensado nisso! Nem mesmo quando era apaixonada por Godric.

Gostaria de dar a resposta a George hoje, mas não sabia o que dizer ainda, estava apaixonada por Gryffindor, me envolvi com Slytherin sem saber direito o que tínhamos e agora Flandres. Adoraria ter uma resposta clara para mim mesma.

Era um dia de perda, Heitor estava saindo dos meus cuidados, não era comum de acontecer, mas nunca havia o quer ser feito, era a única regra que tínhamos que obedecer. Abrir a primeira escola de magia e bruxaria exigira muito de todos nós, sempre imaginei que nossa facilidade em conseguir tudo se devia ao fato de sermos aristocratas, principalmente por Rowena ser parte do Clero e Godric ter boa estima, mas agora, tinha minhas dúvidas se tudo não ocorreu só porque Salazar é um duque.

Meu vestido preto era uma forma de marcar a perda de Heitor, era simples, só haviam duas partes, a saia de cetim longa, preta e armada, a parte de cima era um casaco, no estilo paletó masculino de tecido pesado, fechado com quatro botões grandes, os ombros eram um pouco armados e com golas dobradas para baixo, tinha um bordado em preto em linhas desregulares, por baixo uma blusa de gola alta preta de tecido fino, no cabelo apenas um coque simples.

Fui direto para o salão comunal de Hufflepuff, expliquei aos alunos que já estavam ali sobre a transferência de Heitor, e já começava a comoção com a troca, mas nos olhos de alguns era possível ver o desejo de estar no lugar dele, era difícil para eles servirem a pessoas que os julgavam de forma tão inferiores, era cruel, e a oportunidade de trocar de vida era algo que as pessoas desejavam.

Conforme o tempo ia passando os outros alunos iam saindo, mas Heitor não, liberei os demais para o café e o aguardei, sabia que ele tinha que fazer as malas para mudar, e queria dar a ele o espaço que precisava para se despedir do que um dia seria sua única realidade, também era um tempo para eu me preparar para o olhar de decepção que ele teria com a minha incompetência em ajudá-lo.

Depois de passadas algumas horas acabei por ir procurá-lo em seu dormitório, mas para minha surpresa e infelicidade ele não estava lá, nem suas coisas, ele havia fugido. A pergunta era: Como? Será que ainda estaria no castelo?

Sai a procura dele pelo castelo, passando correndo por todos os lugares possíveis, ele não estava em lugar algum. Já não havia como manter a calma, controlava-me para não chorar, mas o desespero era aparente, ofegava pela corrida, mas ainda tinha forças para fazer isso o dia todo. A tarde já estava chegando e nenhum sinal dele, nem dentro nem fora do castelo, já começava a pensar no pior possível. Me desviei de todos durante esse meu processo de busca, não queria que ele fosse julgado por uma atitude impulsiva.

Esperei os colegas de dormitório de Heitor ficarem sozinhos e os chamei, eram minha última esperança. Mas uma das características dos meus alunos é a fidelidade!

Chorando!

Estava destroçada pelo que fiz. Só conseguia chorar, mas tentava fervorosamente parar enquanto corria para fora do castelo, iria aparatar do lado de fora para que os outros não sentissem que eu deixava o castelo.