Capítulo XXXII

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...dor... cansaço... sonolência... incômodo...

Apesar de estar, finalmente, após diversas tentativas fracassadas, com os olhos abertos; a sensação que obtenho é que ainda permaneço com eles fechados, captando vagos sons desconexos e ininteligíveis ao redor que se perde no mar turbulento da minha mente em frações ou em milésimos de um tempo imperceptível e incoerente. Todavia, esforcei-me novamente, mesmo tendo a sensação do corpo pensando como chumbo.

Lá foram três dedos destros, duas piscadelas, olhada para cá outra para lá, então, enfim, encontrando uma pessoa. Entretanto, dela em si, não enxergo nada mais que borrões distorcidos.

Instantaneamente, a paz e a alegria despertaram no fundo do meu cérebro, ainda que, curiosamente, tais emoções não conseguissem se expor. Consequentemente arrisquei-me a falar algo, mas, estranhamente, o timbre não soará conhecido, era rouco, fraco, seco e morto... além das cordas vocais doerem como inferno, mesmo tendo proferido meras sílabas em uma intensidade baixíssima. Contudo e surpreendentemente, o ser a direta mexeu-se, e, apesar do estado turvo da visão, era-me notável que tratava-se de alguém pequenez, porém de características indescritíveis; Portanto, utilizando os mirantes, o acompanhei em cada movimento, ainda que mover um simples grau do rosto causasse-me bastante incômodo.

Subitamente, uma entrada se rompeu bruscamente e dois corpos, altos e desconhecidos, surgiram; esses que, igualmente ao pequeno ser, não passavam de borrões, no entanto, era perceptível que tratava-se de pessoas mais velhas – Adultos? Talvez... – suposição graças ao mesmo tom e formato de suas roupas.

Sendo assim, mais uma vez, ousei-me, porém a voz se perdeu no ar ao mesmo tempo que as pregas vocais pareciam racharem em meio ao deserto da minha garganta com a dor latente que a incendeia em enação, de dentro para fora.

Atordoado, mas ao longe, pude captar os timbres não familiares partidos dos seres altos, contudo, algo bloqueou-me de entendê-los perfeitamente. Apesar de vê-los e escutá-los, a sensação é semelhante a grossas camadas que dificultava a filtragem das palavras. Subsequentemente, assistir o exato momento que o de fios longos na cor de fogo, saiu do local e o que ficará, agachou-se ao abraçar o pequenez.

Minutos... Segundos... Milésimos após a deixa da pessoa anonimata. Mais uma voz soou no recinto, muito melodia e estridente, igualmente ignoto, mas pude acompanhar os movimentos e escutar os lamentos do novo ser.

Eram dolorosos, embora, presumo, que não fosse o que realmente pretendia transmitir ao voltar-se para mim despencando-se de joelhos no chão claro. Contudo, permaneci inexpressivo, empenhado em focar cada um que estava no alcance de visão, mas que logo começaram a sair no instante em que um ser de altura mediana apareceu afugentando-os ao falar algo um tanto desconexo por não encontrar-me concentrado.

— Olá! — saudou ao aproximar-se, e, ainda que a face não possuísse foco, a forma como inclinava a cabeça já conseguia informar-me que estava analisando-me por inteiro. — Sou o Dr. Joon, Joon Yeongjun. — apresentou-se sem pressa, mas, ao contrário dos diálogos anteriores, o compreendi ao pôr um tanto de esforço na concentração auditiva. — Peço para que não fiques assustado, o senhor está internado em um hospital, por isso irei fazer um breve check up, não irá machucá-lo, será indolor. — o homem parou a direita. — No decorrer, prometo-lhe que explicarei toda a situação que deve estar deixando-o bastante confuso, okay? — o tal médico finalizou, porém, prossegui mudo e "fitando-o".

Decerto, encontro-me intrigado, tanto com as pessoas desfocadas, quanto ao local que não é familiar em minhas lembranças, cujas não consigo obter nada mais que os pensamentos recentes e vagos, os quais são as únicas provas que existo, mas o meu "eu" procede como uma incógnita semelhante aos os seres e vozes ao redor...

The Chance | YoonseokOnde histórias criam vida. Descubra agora